Um dos eventos mais importantes da cafeicultura mundial será de 16 e 18 de novembro, em BH
Um dos maiores e mais importantes eventos da cafeicultura mundial, a Semana Internacional do Café (SIC) chega a sua 10ª edição. De 16 a 18 de novembro, estarão reunidos, no Expominas, em Belo Horizonte, representantes de todas as cadeias da cafeicultura. Os participantes, além de se atualizarem com as diversas palestras e workshops, poderão fazer negócios, acompanhar concursos e discutir os rumos e desafios do setor cafeeiro no Brasil e no mundo.
O evento, que após dois anos volta a ser presencial, deve receber um público de cerca de 20 mil pessoas. Na última edição totalmente presencial, em 2019, foram gerados em negócios cerca de R$ 50 milhões. A feira também é uma oportunidade para conhecer lançamentos de cafés, insumos e tecnologias voltadas para o setor. A SIC tem como principal objetivo conectar e gerar oportunidades para toda a cadeia do café de Minas Gerais – maior produtor – e demais regiões produtoras do Brasil no acesso a mercados, conhecimento e negócios.
A analista de Agronegócios do Sistema da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), Ana Carolina Gomes, está otimista com o evento. “ Vamos realizar a 10ª edição e estamos com perspectivas muito positivas. Depois de duas edições em formatos diferenciados – on-line e híbrido, devido à pandemia de Covid-19 – voltamos ao presencial. O evento é especial e proporciona rever as pessoas do setor e conectar a cadeia do café. A união é um ponto muito forte e a SIC é perfeita para isso”, acredita. Apesar do setor enfrentar desafios climáticos recentes, como geadas, seca e chuva de granizo, que provocaram perdas, a estimativa é de bons negócios durante o evento, segundo Ana Carolina.
A Emater-MG finalizou ontem (11) o levantamento dos estragos do granizo registrado nos dias 7 e 8 deste mês no interior do Estado. Foram 51 mil hectares de lavouras atingidas em Minas e, a maioria, de café: 26,6 mil hectares.
Bons negócios e novidade
Na SIC, os expositores oferecem descontos e condições diferenciadas. Outro ponto que deve auxiliar nos negócios é o preço do grão, que devido à menor oferta, está valorizado. No fechamento do dia 10 de novembro, a saca de 60 quilos de café estava cotada a R$ 957,67, conforme o padrão do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).
A Semana Internacional do Café contará com cerca de 150 expositores, incluindo desde maquinário agrícola, insumos, implementos até indústrias de cápsulas, embalagens, cooperativas, produtores, entidades financeiras, governamentais e de representantes do setor. Produtos que harmonizam com café como, por exemplo, queijos, doces e geleias, também vão ter estandes no evento.
Além de bons negócios, a SIC é reconhecida por reunir os principais palestrantes do mercado. Neste ano, serão mais de 90 nomes de peso participando como Eduardo Giannetti, Carlos Brando, José Braz Matiello, Vanusia Duarte, entre outros, que irão compartilhar informações e trazer as novidades do mercado do café e perspectivas futuras.
O momento também será para discutir o futuro da cafeicultura. “Vamos discutir os próximos 10 anos da produção de café. A gente vê bastante dificuldade, principalmente nesses últimos anos com as adversidades climáticas – geadas, granizo e seca – que têm dificultado muito a vida dos produtores e impactando toda a cadeia, que fica com oferta mais limitada”, esclarece a analista da Faemg.
Uma das novidades da SIC 2022 é o Hub Conecta Café, realizado em parceria pelas secretarias de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) e de Desenvolvimento Econômico (Sede). O encontro virtual será no dia 17 de novembro e tem o objetivo de conectar empresas do setor cafeeiro que atuam em Minas Gerais com startups que tenham soluções tecnológicas para seus desafios. Participam cinco empresas do setor cafeeiro (Cecafé, Minasul, Cooperativa Agropecuária de Unaí e a Cocatrel) e cerca de dez startups, que vão discutir soluções para os seguintes desafios: agricultura de precisão, telemetria, usina fotovoltaica, rastreamento, aumento de vendas, Business Intelligence (BI) e aplicativos.
O subsecretário de Política e Economia Agropecuária da Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), João Ricardo Albanez, ressalta a importância da SIC para a realização de negócios, a busca de soluções e a atualização do setor: “São 10 anos de SIC. Um evento que já nasceu grande quando tivemos a reunião dos 50 anos da Organização Internacional do Café (OIC). Nasceu grande e persiste como uma grande oportunidade de negócios para todos os elos da cadeia produtiva da cafeicultura. A Semana promove a maior integração também no aspecto internacional, já que vários produtores de diferentes países participam para conhecerem novas tecnologias e o que está sendo projetado para os próximos anos”.
Com a grandeza do evento, a realização do Hub Conecta Café é considerado oportuno. “Nosso objetivo é envolver as startups e, junto, com setor produtivo buscar alternativas para os desafios existentes”, diz Albanez.
Concursos são grandes destaques
Durante a Semana Internacional do Café também são conhecidos os melhores cafés produzidos nas principais regiões. Este ano, são sete premiações. Uma das principais e mais tradicionais do evento é o Coffee Of The Year (COY), que incentiva o aprimoramento da produção nacional, sendo também espaço para a divulgação de novas regiões produtoras de café. Nesta edição, foram 500 amostras de café recebidas de diferentes regiões do País.
“Este ano, teremos uma diversidade muito grande e serão selecionadas dez amostras do café arábica e cinco do canéfora. A novidade é que após a divulgação, as amostras serão disponibilizadas para que os compradores provem. O Coffee Of The Year gera muitos resultados para os vencedores, já que tem grande visibilidade e ajuda o produtor a abrir e conhecer novos mercados”, explica a analista de Agronegócios da Faemg, Ana Carolina Gomes.
O Prêmio de Qualidade da Chapada de Minas também será destaque. O certame acontece no primeiro dia e irá reconhecer e atestar a qualidade, valorizar a origem dos grãos locais e trazer visibilidade aos produtores que contribuem para a cafeicultura no território. A Chapada de Minas está situada no Nordeste de Minas Gerais, em uma área demarcada que abrange 22 municípios e conta com 5,8 mil produtores em uma área aproximada de 30 mil hectares. A região vem se despontando como uma importante fronteira de produção de café no Brasil.
Outro importante concurso é o Golden Cup, que elege os melhores cafés Fairtrade do Brasil. Como forma de premiar os melhores grãos produzidos pelos membros da Organização dos Pequenos Produtores de Cafés Certificados Fairtrade (comércio justo) do Brasil, o Golden Cup Brasil avalia, por meio de Q-Graders e R-Graders, cafés de origens arábica e canéfora, nas categorias microlotes e container cheio, de produção familiar de diferentes regiões.
O trabalho das mulheres na produção de café também será reconhecido através do Concurso Florada. Realizado pelo Grupo 3 Corações, o certame anunciará a vencedora do concurso que tem como foco estimular e reconhecer o trabalho das produtoras. O prêmio tem como base o projeto social “Florada”, desenvolvido pela empresa como forma de promover o empoderamento das cafeicultoras por meio de capacitação, debates, relacionamentos e promoção das melhores práticas no cultivo do produto.
Os produtores de cafés especiais que participam do Programa de Assistência Técnica e Gerencial, o Café + Forte, do Sistema Faemg, terão os melhores cafés premiados na 6ª edição do Cupping de Cafés Especiais do ATeG Café + Forte. Para esta edição, foi enviado um número recorde de 1.655 amostras para serem avaliadas por especialistas.
A SIC também será palco das competições nacionais de Brewers e Cup Tasters, nas quais os visitantes poderão acompanhar de perto as performances de baristas que são referências no cenário nacional.
Região do Cerrado vai lançar dois especiais
Primeira região a conquistar a Denominação de Origem (DO) para cafés do Brasil, a Região do Cerrado Mineiro (RCM) vai lançar na Semana Internacional dois cafés edição especial em comemoração aos seus 50 anos. Os dois exemplares de labels receberam os nomes de Ipê Amarelo e Lobo-Guará e representam a safra de 2022, seguindo a linha conceitual do Cerrado Mineiro como bioma, segmentando em fauna e flora.
“Neste ano de 2022, em que a cafeicultura da Região do Cerrado Mineiro completa 50 anos, como parte das celebrações, estamos lançando dois labels. São exclusivos e foram elaborados através de uma seleção realizada pelos especialistas em qualidade do café das cooperativas ligadas à Federação do Cerrado. Foi praticamente um processo de alquimia para que pudéssemos buscar características sensoriais únicas desta safra”, explicou o superintendente da Federação dos Cafeicultores do Cerrado, Juliano Tarabal.
Os labels estarão disponíveis para venda na SIC tanto em grãos verdes como em grãos torrados. “No nosso estande vamos celebrar junto aos nossos visitantes os 50 anos da cafeicultura da Região do Cerrado Mineiro, fortalecer o posicionamento de marca da Região e a Denominação de Origem como ferramenta diferencial de toda cadeia produtiva”, conclui Tarabal.
As informações são do Diário do Comércio.
Foto: NITRO Historias Visuais