Segundo ministério da Saúde, 74% das mortes do país estão ligadas a problemas decorrentes da obesidade
Apesar de ser considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma epidemia global, a obesidade ainda não é encarada pela maior parte da população desta forma. Acontece que, segundo dados do Ministério da Saúde, as doenças ligadas à obesidade são responsáveis por 74% das mortes em todo o país. Em todo o mundo, o excesso de peso está em segundo lugar entre as principais causas de morte.
Diante desse cenário, a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (ABESO) e a empresa de saúde Novo Nordisk há três anos promovem a campanha “Saúde Não Se Pesa”, que quer justamente debater as consequências da obesidade na vida das pessoas e promover mais conscientização sobre a doença.
Maria Edna de Melo é endocrinologista e presidente da ABESO. Ela explica que, por conta das doenças ligadas a obesidade, muitas pessoas podem ter a expectativa de vida diminuída em até 12 anos. Segundo a especialista, esse número pode variar dependendo da intensidade da doença e do momento de vida em que surgiu a obesidade na trajetória do paciente. Apesar de variar de uma pessoa para outra, Maria Edna explica que a obesidade pode trazer diversas consequências:
“A obesidade pode levar a doenças em todos os nossos sistemas. Seja respiratório, urinário e interferir, também, na reprodução. Então é importante que as pessoas com excesso de peso cortem o mal pela raiz. Se você tem uma doença que está sendo causada pela obesidade, vai ser muito mais difícil de controlar essa doença, sem controlar a obesidade.”
De acordo com Maria Edna, é preciso reforçar que a obesidade é uma doença que pode, sim, ser controlada. Na avaliação da endocrinologista, muito mais do que questões estéticas, a perda de peso pode trazer mais saúde e mais tempo de vida para uma pessoa.
Tendo sido criado o dia da conscientização pela primeira vez em 2008, o dia 11 de outubro tornou-se o Dia Nacional de Prevenção à Obesidade. Por conta do agravamento da doença em todo o mundo, a data tornou-se mundial e continua, neste ano, proporcionando discussões sobre o tratamento crônico da obesidade baseada na reeducação alimentar, exercício físico, além de tratamento medicamentoso e cirúrgico.
A jornalista Thaís Evangelista, de 31 anos, foi uma das pessoas que teve que encarar de frente o problema. Em 2014, ela chegou a pesar quase 150 quilos e viu sua qualidade de vida comprometida pela doença. Simples tarefas do cotidiano se tornavam um desafio. Para ir para o trabalho, por exemplo, Thaís precisava pegar o ônibus em um lugar bem mais distante de casa, só para conseguir entrar no veículo vazio.
“Quando eu não conseguia pegar esse ônibus, já entrava nele cheio, eu chegava no serviço com os pés inchados, as articulações e os joelhos doendo, a coluna doendo. Eu não conseguia cruzar a perna, nem me higienizar direito.”
Thaís passou por uma cirurgia bariátrica e perdeu cerca de 70 quilos no processo. Ela tem mais qualidade de vida e segue uma rotina de boa alimentação, acompanhada de exercícios físicos. Além disso, ela conta que mantém uma rotina de exames para a avaliação do estado de saúde.
A medida adotada por Thaís é apenas uma das opções para o tratamento da obesidade. Segundo estudos, não é necessário uma perda brusca de peso. Com uma redução de 5 a 10% do peso, o paciente já diminui o acúmulo de gordura no fígado, apresenta melhora nos sintomas da incontinência urinária, melhora na função articular. A perda progressiva de peso pode reduzir ainda os riscos de depressão e de doenças cardiovasculares.