Saúde investiga cinco mortes por suspeita de dengue em Juiz de Fora

Já chega a cinco o número de suspeitas de mortes por dengue em Juiz de Fora. Além dos dois óbitos ocorridos na última quinta-feira (2) e na terça (7), noticiadas nesta semana, outros três ocorridos em abril também teriam relação com a dengue, conforme informou a Secretaria de Saúde (PJF) nesta quarta (8). As mortes suspeitas foram notificadas à Secretaria de Saúde e estão sendo investigadas.

Na última sexta-feira, a Tribuna já tinha noticiado o óbito de uma idosa, de 66 anos, moradora de Benfica, na Zona Norte, que faleceu no Hospital São Vicente de Paulo. Nesta terça, a morte de um homem, 54, morador do Jóquei Clube I, na mesma região, também foi notificada pela UPA Norte ao Departamento de Vigilância Epidemiológica. Os outros três casos têm relação com as mortes suspeitas de duas idosas, 93 e 63 anos, no Hospital São Vicente de Paulo, e de um homem, 59 anos, na Santa Casa. A mulher mais velha era moradora do Bairro Vitorino Braga, na região Sudeste, e morreu no dia 5 de abril. O homem era morador do Bairro Jardim Glória, na região central, e faleceu no dia 14 do mesmo mês. Já a idosa de 63 anos morava no Bairro Santa Cruz, na Zona Norte e faleceu no dia 19 daquele mês.

De acordo com a Secretaria de Saúde, o departamento irá analisar as causas de todos os óbitos e vai requerer ao Estado, por meio da Fundação Ezequiel Dias (Funed), a realização do exame de sorologia para confirmar ou descartar se eles ocorreram em decorrência da dengue.

Segundo a gerente do departamento de Vigilância Epidemiológica (PJF), Cecília Kosmann, os cinco pacientes apresentavam fatores de risco. “Estão sendo investigados os óbitos e estamos levando em consideração a questão da idade dos pacientes e o fato de já terem histórico de doenças crônicas. Quando se tem uma doença crônica, o sistema imune, por exemplo, não está em perfeito funcionamento, e isso interfere. Então qualquer outra doença que a pessoa possa ter, não só a dengue, pode ser agravada por comorbidades”, pontuou.

Questionada a respeito do prazo para as possíveis confirmações ou descartes das suspeitas, a titular explicou que, geralmente, o laudo do exame de sorologia da Funed é concluído entre 10 e 15 dias. Entretanto, de acordo com Cecília, por conta da alta demanda de outras regiões do Estado, que estão em situação ainda mais crítica que a Zona da Mata, o prazo para a finalização dos resultados tem sido maior.
Além dos óbitos suspeitos, Juiz de Fora já é o primeiro município da Zona da Mata em número de casos prováveis de dengue, segundo a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG). No total, 1.160 casos já foram confirmados.

Aumenta procura por atendimento de urgência em hospitais

O alto número de casos da doença e a preocupação com a chikungunya e a zika, também transmitidas pelo Aedes aegypti, tem causado aumento na procura por atendimento médico em hospitais. Na última semana, a Tribuna recebeu relatos de leitores sobre a demora para atendimento de urgência em algumas unidades. Uma leitora, que esteve como acompanhante de um paciente, afirmou que “durante o dia e também de madrugada a sala de espera de um hospital estava lotada”. De acordo com ela, a suspeita era de que os pacientes estivessem procurando atendimento em decorrência de sintomas de dengue. Outro leitor relatou que, em outra unidade, pessoas aguardaram por mais de quatro horas na fila, também com sintomas da doença.

A reportagem entrou em contato com algumas unidades hospitalares para verificar se houve aumento na procura por atendimento de urgência nas últimas semanas. A assessoria de comunicação do Hospital Regional Dr. João Penido afirmou que desde o início do ano aumentou o acolhimento para casos suspeitos de dengue. Dados da unidade indicam que entre janeiro e abril deste ano o número de entradas de pacientes por conta da doença subiu mais de 1000%. Ao longo do ano, a gravidade dos casos também aumentou. Enquanto no mês de janeiro nenhum paciente precisou ser internado na unidade, em todos os outros meses usuários foram internados por suspeitas da doença.

No Hospital Albert Sabin houve aumento de 45% na procura pelo setor de emergência, de fevereiro para abril. Segundo informações da assessoria de comunicação da unidade, a maior movimentação foi verificada na clínica médica e na pediatria. No mês de abril, a suspeita de dengue foi a principal patologia atendida na emergência do hospital.

Já a assessoria de comunicação da Santa Casa informou que foi verificado aumento de 50% nos atendimentos de urgência. Entretanto, o órgão não especificou se os atendimentos estariam relacionados a suspeitas de dengue.

Busca por atendimento médico deve ser imediata

Ao apresentar sintomas típicos da dengue clássica – febre alta com início súbito, forte dor de cabeça, dor atrás dos olhos, que piora com o movimento, manchas e erupções na pele, moleza e dores pelo corpo – a pessoa deve procurar atendimento médico imediatamente. “Se ela está sentindo os sintomas iniciais tem que procurar a assistência médica. São pequenas medidas, como uma hidratação bem feita, não somente a venosa, mas hidratação oral também, que podem salvar vidas. O principal método para controlar a doença e não deixar a pessoa evoluir para casos graves é a hidratação. Tendo sintomas, a pessoa tem que buscar assistência médica. E se ela já apresentou os sintomas – mesmo que demore para confirmar se é ou não dengue, ela deve manter a hidratação constante porque é uma medida simples e ajuda para que a doença não evolua para um caso grave”, alertou Cecília.

A recomendação de buscar atendimento logo no início dos sintomas é um fator importante, analisou a gerente, mas é negligenciada pelos pacientes, que têm resistência em buscar atendimento. Em relação aos óbitos suspeitos, a gerente pontuou que as evoluções para estado grave da doença foram rápidas. Como exemplo, ela citou o último caso: a vítima teria sido internada no domingo (5) e morreu na terça (7), pela manhã.

Novo sorotipo

A identificação da circulação de um novo sorotipo de vírus da dengue – o sorotipo 2 – também pode ser uma das causas do avanço da doença. Em Minas Gerais e em Juiz de Fora, por meio dos exames de sorologia, foi comprovada a circulação do vírus – no ano epidêmico de 2016, apenas o sorotipo 1 havia sido detectado no município. Mais virulento, o novo sorotipo pode evoluir e causar quadro mais grave da doença, inclusive para pacientes que já tiveram dengue anteriormente.

“Na epidemia de 2016 houve circulação do sorotipo 1. Agora temos o tipo 2 circulando. Ou seja, em relação ao novo sorotipo, a maioria da população está suscetível: mesmo que a pessoa tenha tido o 1, ela pode ter uma infecção por qualquer outro sorotipo. O 2 é mais virulento, e esse tipo de vírus pode levar pessoas a desenvolverem sintomas mais graves, especialmente crianças e idosos”, explicou. Com isso, alguns pacientes podem ter uma evolução para formas mais graves da doença, o que foi verificado em Juiz de Fora.

Prevenção ‘de janeiro a janeiro’

A preocupação com o mosquito e a doença não deve acontecer somente em períodos de chuva e calor, alerta Cecília Kosmann, gerente do departamento de Vigilância Epidemiológica. “Nós estamos em maio, choveu na noite anterior e, mesmo que hoje (quarta-feira) o tempo tenha esfriado, ainda tem feito calor nos últimos dias. Então, o que a gente percebe é que há mudanças climáticas e que estamos vivendo uma extensão do período quente e chuvoso. Com isso, os ciclos de vida do mosquito e, consequentemente, o da doença se alteram. Ele vai se adaptando.”

Ela destaca ainda a necessidade de continuar verificando os locais onde o mosquito pode se proliferar. “A parte do controle vetorial, de todo mundo tirar os dez minutos semanais para verificar seu imóvel não pode cair no esquecimento durante os outros períodos do anos. Tem que ser de janeiro a janeiro. O que a gente pede da população, além de procurar atendimento se tiver os sintomas, é também vistoriar seu imóvel, não acumular água e receber o agente de endemias na sua casa para que ele possa vistoriar possíveis lugares que acumulam água e se tornar criadouros do Aedes aegypti”.
Sobre as ações da Prefeitura, Cecília citou a continuidade da força-tarefa de combate ao Aedes aegypti. A ação pretende minimizar a proliferação do mosquito. Até sábado, 247 quarteirões em 15 bairros deverão ser visitados por agentes de combate a endemias e fiscais de posturas. No sábado (11), será feito um mutirão para atendimento às denúncias recebidas pela equipe da Secretaria de Saúde por meio do disque-dengue (199) e do aplicativo Colab.

Poder público

Para tratar da situação do aumento do número de casos dengue na cidade, vereadores de Juiz de Fora reuniram-se com representantes da Prefeitura nesta quarta. Na ocasião, foram discutidas as estratégias de combate adotadas e o número de casos existentes e óbitos em investigação. Os vereadores também disponibilizaram os canais da Câmara Municipal para ajudar na divulgação e na conscientização da população.

 

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Postado originalmente por: Tribuna de Minas – Juiz de Fora

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