Saúde intensifica ações de prevenção à raiva na região de Bertópolis

Atuação abrange vacinação da população rural, bloqueio da transmissão e investigação sobre a origem dos casos 

A partir da notificação de um caso suspeito de raiva humana, em 4/4, no município de Bertópolis, a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) iniciou uma série de medidas que objetivam evitar a transmissão da doença. As ações visam a realização de bloqueio vacinal dos contatos próximos das pessoas que adoeceram, dos indivíduos susceptíveis, imunização de cães e gatos, bem como a identificação das causas e circunstâncias dos contágios com o envio de especialistas ao local. Até o momento, há três casos confirmados e um em investigação na região.

Até 28/4, 982 pessoas das 1.037 que vivem em uma comunidade rural do município de Bertópolis, onde houve a confirmação de casos humanos, já haviam sido vacinadas com a primeira dose da vacina contra a raiva humana. Outras 802 pessoas já tomaram a segunda dose, observando-se um intervalo de até sete dias. Na comunidade rural do município vizinho de Santa Helena de Minas, das 989 pessoas que residem no local, 593 foram vacinadas com a primeira dose.

Segundo a subsecretária de Vigilância em Saúde da SES-MG, Herica Vieira Santos, a vacinação está concentrada na população local, em virtude de algumas peculiaridades que devem ser observadas como a cultura, as relações e a circulação das pessoas no âmbito interno dos territórios.

“O mais provável é que a origem dos casos tenha sido a partir da exposição acidental a um morcego contaminado. A imunização irá abranger as cinco comunidades rurais na região (Pradinho, Água Boa, Ladainha, Escola Floresta e Topázio), perfazendo um total de 2.500 pessoas distribuídas entre os municípios de Bertópolis, Santa Helena de Minas, Ladainha e Teófilo Otoni”, explica Herica.

O trabalho de bloqueio vacinal deverá ser concluído até o fim de maio. Além das equipes da SES-MG, as atividades contam com o apoio de um antropólogo, que tem histórico de trabalho junto a essas comunidades, e de quatro acadêmicos de medicina, para atividades de educação em saúde.

A subsecretária explica ainda que a transmissão envolvendo esse tipo de acidente com animal silvestre costuma ser um evento isolado e ocasional. “Até o momento, não há indícios de que o vírus esteja circulando em outros animais dentro das comunidades. É importante reforçar que em caso de acidentes envolvendo mamíferos silvestres e/ou domésticos, a pessoa deve procurar imediatamente um serviço de saúde para avaliação profissional quanto à necessidade de realização de tratamento profilático”, completa.

Herica aponta que uma situação que requer atenção também é em relação aos animais domésticos, em virtude da possibilidade de contato direto com morcegos contaminados. Até 26/4l, cerca de 100 animais, entre cães e gatos da zona rural de Bertópolis, já haviam sido imunizados. “A equipe da Secretaria está trabalhando para realização dessas ações de imunização e controle”, diz.

Em relação aos animais de produção, como bovinos, suínos e equinos, o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) está realizando um trabalho para verificar sinais de mordedura de morcegos, presença ou relato de mortes de animais com sinais clínicos neurológicos, bem como prestando informações sobre importância da realização da vacinação antirrábica nos herbívoros domésticos. Foram realizados ainda contatos com produtores rurais, informando sobre as formas de prevenção da raiva em herbívoros.

Investigação 

Além do bloqueio vacinal para evitar a transmissão, a SES-MG também trabalha na investigação dos casos. Para auxiliar nesse trabalho de investigação, a SES-MG convidou a equipe de Epidemiologistas de Campo do Ministério da Saúde, que está no local realizando um estudo dos casos confirmados e suspeito e verificando as circunstâncias de transmissão do vírus e como se deu o atendimento aos pacientes acometidos. “Os profissionais da SES, além de apoiar os profissionais do Ministério da Saúde, estão envolvidos na identificação de qual seria o tipo de morcego presente na região, a saber, hematófago ou silvestre”, completa Herica.

As informações são da Agência Minas Gerais.

Foto: SES / Divulgação

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