Saúde alerta para aumento de casos de sífilis em Juiz de Fora

A cada ano, o número de casos de sífilis em Juiz de Fora vem aumentando, acompanhando o cenário verificado em todo o país. É o que apontam os dados da Secretaria de Saúde da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) sobre a doença. Desde 2014, o número de registros cresce gradualmente. Naquele ano, eram 140 notificações de sífilis, número que saltou para 235 em 2015, passou para 328 em 2016 e chegou a 566 em 2017, quadriplicando a quantidade de registros em três anos. Em 2018 foram confirmados 434 casos da doença, número menor que o do ano anterior, mas que, para a pasta, pode representar uma subnotificação. Neste ano, já foram registrados 298 casos da doença até agosto, com uma média de cerca de 37 registros por mês. Para alertar sobre a doença, a PJF realiza, nesta sexta, o 1º Fórum da Sífilis em Juiz de Fora.

O gerente do Departamento de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST/Aids), Oswaldo Alves, observa que o aumento é importante, gradativo e que tem preocupado as autoridades em saúde. Embora os casos positivos no ano passado possam ter diminuído em relação à 2017, pontua o gerente, pode ser que os números estejam subnotificados. “Os casos de sífilis aumentaram tanto em 2017 e 2018 que, em 2017, faltou penicilina (utilizada no tratamento) no mercado e, em 2018, faltaram kits para execução de testes rápidos, embora o número de testagens tenha aumentado durante os anos”.

Para Oswaldo, o comportamento de risco da população é o que justifica o gradativo aumento no número de notificações, não só da sífilis, como também de outras doenças sexualmente transmissíveis (DSTs). Segundo o gerente, assim com as demais DSTs, a doença atinge mais homens jovens. No entanto, ele frisa a necessidade de conscientização e prevenção por parte de todas as pessoas. A sífilis é transmitida principalmente por meio do sexo desprotegido, portanto, a principal forma de prevenção é o uso correto de preservativos.

Oswaldo também considera que a falta de informação, a negligência em relação aos sintomas e o abandono do tratamento são fatores que contribuem para o aumento de pessoas infectadas pela doença. “Por se tratar de uma doença em que a uma lesão inicial é indolor e, após semanas, desaparece, muitas pessoas não percebem ou acabam deixando isso para lá. Isso é um risco porque, ao longo do ano, ela vai aparecer de forma mais grave, e nesse período, uma pessoa pode infectar outras. O importante é que a gente frise à população que a qualquer sinal ou sintomas diferentes, ela deve procurar o sistema de saúde”.

Tratamento precisa ser feito até o final para ser eficaz

A sífilis se manifesta em três estágios, apresentando-se mais grave a cada um deles. Por esse motivo, é importante que a pessoa cumpra o tratamento até o fim. “O tratamento da doença é feito à base de penicilina, por meio da benzetacil, que é administrada, geralmente, em três doses, com um intervalo de uma semana para outra. Para alcançar a cura, o paciente precisa passar por essas três semanas de tratamento. Muitas pessoas acreditam que estão curadas após o estágio inicial, o que não acontece”, ressalta Oswaldo.

A doença, que é provocada por uma bactéria, geralmente se manifesta por verrugas nos órgãos genitais. Normalmente, elas apresentam bordas endurecidas e são indolores. O gerente explica que após três ou quatro semanas a lesão desaparece. “Em um segundo momento, a manifestação é cutânea, dermatológica, com machas escuras nas solas dos pés e nas palmas das mãos, que também somem após quatro semanas. A fase latente não apresenta nenhum sinal/sintoma. Mas se a pessoa fizer o exame de sangue irá constar que está infectada. Na fase tardia, que é a mais grave, irá acometer os órgãos internos. É uma doença grave, que mesmo assim tem cura, mas pode deixar sequelas, dependendo de onde a bactéria foi instalada”, alerta. O diagnóstico é feito por meio de dois tipos de exames. O teste rápido – sensível, até mesmo, a uma cicatriz da doença -, e o teste VDRL, em que será confirmado se a pessoa está infectada com a bactéria ou somente tem uma cicatriz sorológica.

Aos primeiros sinais da doença, a pessoa deverá procurar o Centro de Vigilância em Saúde, na Avenida dos Andradas 475, no Bairro Morro da Glória, região central, onde o exame é feito de forma rápida e gratuita. O Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA) funciona de segunda a sexta-feira, das 8 às 17h.

Fórum irá debater situação da doença em JF

A situação da doença no município será discutida, nesta sexta-feira (25), durante o 1º Fórum de Sífilis de Juiz de Fora. Segundo Oswaldo, o intuito do evento é horizontalizar os profissionais das redes pública e privada. “O objetivo é discutir sobre quais são as formas eficazes de tratamento, quais são as formas de tratamento, como é feita essa medicação, e sobre como podemos fazer com que o paciente compareça até o fim do tratamento. Queremos discutir o cenário na cidade e conscientizar, porque é através dessa educação continuada que a gente vai conseguir que os pacientes se curem e que a população não fique exposta a essa patologia”.

O evento acontecerá no prédio de Vigilância em Saúde, na Avenida dos Andradas. Para participar, é necessário realizar inscrição pelo formulário ou pelo e-mail [email protected], até que se atinja o limite de vagas oferecidas. A atividade é direcionada aos profissionais atuantes nas unidades básicas de Saúde (UBSs), Urgência e Emergência, Atenção à Saúde e da rede privada.

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Postado originalmente por: Tribuna de Minas – Juiz de Fora

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