Representantes de trabalhadores rechaçam funcionamento do comércio no carnaval em JF

Representantes do Sindicato do Comércio de Juiz de Fora (Sindicomércio), que representa a categoria patronal, e do Sindicato dos Empregados do Comércio de Juiz de Fora (Sindicomerciários), que representa os trabalhadores, vão se reunir nesta segunda-feira (1º de fevereiro) para discutir o funcionamento do setor nos dias do carnaval 2021. O encontro acontece a pedido do Sindicomércio e foi confirmado à Tribuna pelos presidentes das duas entidades. O Sindicomerciários, todavia, reforça que não pretende revisitar o tema que já foi deliberado nas negociações que marcaram a última campanha salarial da categoria, rechaçando a possibilidade da categoria trabalhar normalmente na terça-feira de carnaval. O impasse ganhou força após portaria, publicada na quinta-feira pela Prefeitura de Juiz de Fora, revogar os dias de carnaval como ponto facultativo na cidade.

“O Sindicomércio pediu uma reunião e agendamos a conversa. Temos também uma reunião com o presidente da Câmara e protocolamos o pedido de uma reunião com a Secretaria de Governo na Prefeitura”, afirmou o presidente do Sindicomerciários, Silas Batista da Silva. Contudo, o sindicalista ressaltou que, no pedido de diálogo feito pelo Sindicomércio, o tema do encontro não foi detalhado. “Não tem o que dialogar”, disse, caso a entidade patronal solicite o funcionamento normal do comércio nos dias de carnaval.

Acumulando perdas por conta dos seguidos fechamentos impostos pela pandemia do novo coronavírus ao longo de 2020 e 2021, a entidade patronal defende o funcionamento normal do comércio local nos dias 15, 16 e 17 de fevereiro, datas em que, respectivamente, caem a segunda e a terça de carnaval e também a Quarta-feira de Cinzas.

O intuito do Sindicomércio, todavia, pode esbarrar em um acordo firmado entre a entidade patronal e o sindicato que representa os trabalhadores. O texto vigente e protocolado junto ao Ministério da Economia, que abarcou prerrogativas do extinto Ministério do Trabalho, prevê que o comércio local funcione em horário especial na segunda (de 8h ao meio-dia) e na quarta (do meio-dia às 18h) e também que os comerciários tenham folga na terça-feira de carnaval.

“Isso é tratado em mesa de negociação. Já temos esse acordo assinado a duas mãos. Por sugestão da entidade patronal, o nosso Dia do Comerciário foi passado para a terça de carnaval. Fomos sensíveis ao pleito deles e passamos o feriado para terça”, avaliou Silas.

Historicamente, convencionou-se a cessão de uma folga para os comerciários, no chamado Dia do Comerciário, sempre na quarta segunda-feira de agosto, o que, portanto, não acontecerá este ano, segundo o acordo assinado entre as partes.

Tal posicionamento foi reforçado também pelo vice-presidente do Sindicomerciários, o ex-vereador Wagner França. “Conversar é bom, mas não há o que se alterar. Já temos um acordo firmado entre as duas partes”, disse, taxativo, em entrevista à Rádio CBN Juiz de Fora na manhã desta sexta-feira (29).

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Entidade patronal quer diálogo: ‘estamos todos no mesmo barco’

Presidente do Sindicomércio, Emerson Beloti reconheceu a existência do acordo firmado entre as partes. “Existe uma convenção coletiva que regra sobre tudo aquilo que trata do funcionamento do comércio”, disse à Tribuna. Sobre a folga historicamente concedida aos trabalhadores no chamado Dia do Comerciário, compensada no atual acordo na terça-feira de carnaval, Beloti afirmou que não é algo dado. “É um descanso pelo trabalhado nos dias que antecederam datas comerciais como o Dia das Mães, Dia dos Pais e Dia dos Namorados, por exemplo. À exceção do Dia das Crianças, em 2020, estávamos fechados nessas datas. Acabou não havendo essa compensação.”

Segundo o presidente do Sindicomércio, a entidade patronal pretende avançar no diálogo com o sindicato que representa os comerciários para garantir o funcionamento normal do comércio local na segunda e terça de carnaval e também na Quarta-feira de Cinzas.

“Vamos buscar essa sensibilidade e que entendam que o momento não é de folga, mas de emprego. Não podemos passar o caminhão na frente da legalidade. Por isso, vamos conversar e mostrar que já perdemos quatro mil empregos em Juiz de Fora. Desses, 1,8 mil foi no comércio. Foram cerca de 230 lojas fechadas.”

Assim, a estratégia da entidade patronal é de conscientizar os trabalhadores sobre os riscos de que novos empregos sejam perdidos. “Eles também têm que se preocupar com a empregabilidade. A maioria do comércio local é formado por empresas pequenas e que, nos últimos 380 dias, ficaram cerca de 140 dias de portas fechadas. Muitos trabalhadores são comissionados. Não estão ganhando o que ganhavam. Querem produzir. Estamos todos no mesmo barco”, avaliou Emerson Beloti.

O presidente do Sindicomércio disse ainda que “os empresários do comércio estão sufocados”. “Eles estão procurando manter os empregos. A empregabilidade é o mais importante neste momento, pois ela já está muito baixa em Juiz de Fora. Muitas das vezes, o empresário manteve o funcionário em casa e pagando seu salário integral. Todo dia parado é prejuízo para o comércio e isto não traz benefício para a empregabilidade.”


PJF afirma que portaria que suspende ponto facultativo tem efeitos internos

Na última quinta-feira, a Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) publicou uma portaria que suspende o ponto facultativo dos próximos dias 15, 16 e 17 de fevereiro, a terça-feira de carnaval e os dias imediatamente anteriores e posteriores. Na publicação, a PJF justifica a alteração pela “necessidade de serem adotadas medidas visando à diminuição dos índices de contaminação e letalidade decorrentes da Covid-19”.

À reportagem, a PJF afirmou nesta sexta-feira que a portaria diz respeito à suspensão do ponto facultativo do funcionalismo público municipal. A medida é vista como importante, uma vez que o Município é o maior empregador da cidade. Quando da divulgação da portaria, a subsecretária de Vigilância e em Saúde, Cecília Kosmann, afirmou que, em meio à pandemia, foi observado em Juiz de Fora um aumento no número de casos de Covid-19 e de óbitos, após os feriados de Natal e do Réveillon.

“Por isso, é importante que nós tenhamos menos feriados nesse momento, principalmente os prolongados, para estimular a manter as pessoas na cidade, evitando aglomerações. Sabemos que as pessoas reduzem a sua vigilância em viagens, ainda mais no verão, nas praias e nas cachoeiras. Infelizmente, as pessoas não mantêm o distanciamento social e o uso de máscaras. No retorno à cidade, isso causa uma piora no quadro epidemiológico do município”, defendeu na ocasião.

Assim, a Prefeitura avalia que “o cancelamento do ponto facultativo serve, portanto, como um desincentivo a essas viagens, evitando que a cidade importe novos casos de contaminação por Covid-19”.

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Postado originalmente por: Tribuna de Minas – Juiz de Fora

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