Reflexão: agosto – o mês vocacional


Na vida pastoral da Igreja no Brasil o mês de agosto é um mês temático, ou seja, direcionado, nas reflexões, à dimensão vocacional. Desde 1981 que o mês vocacional tem o objetivo de ser um tempo especial de reflexão e oração pelas vocações  e ministérios. 

Em cada domingo, a liturgia aborda uma vocação específica: 1º Domingo – Vocação aos Ministérios Ordenados; 2º Domingo – Vocação da Família (Dia dos Pais e realização da Semana Nacional da Família); 3º Domingo – Vocação à Vida Religiosa; 4º Domingo – Vocação do Cristão Leigo. O último domingo do mês é dedicado ao Dia do Catequista (30), vocação muito valorizada pela Igreja pelos belos serviços (na grande maioria, voluntários) destas pessoas que se dedicam ao mister da catequese nas paróquias e comunidades.

A teologia da vocação compreende que o chamado a cada um(a) é da iniciativa divina. É Deus quem chama para a missão e para o serviço, desde a criação, passando pelo mistério da Encarnação. 

O primeiro chamado que recebemos de Deus foi à vida. Ninguém fez opção para adquirir a vida. Ela veio, apareceu e o ser humano foi formado no seio da mãe (concepção) após o encontro dos gametas, o masculino e o feminino. Um segundo chamado significativo é o da vida cristã recebido no Batismo. Através do sacramento, o batizando recebe a graça santificante de se tornar filho(a) de Deus e carrega em sua ‘bagagem’ existencial a vocação à vida cristã – o segmento de Jesus Cristo! Em continuidade, cada pessoa é chamada a se realizar optando por um estado de vida: matrimonial, consagrada, ordenada, leiga.

Pastoral Vocacional

A Pastoral Vocacional na Igreja do Brasil organizou o processo em quatro etapas (encontros) de acompanhamento dos(as) vocacionados(as):

1ª) Despertar Vocacional: este encontro tem a finalidade de despertar no jovem a vocação no sentido mais amplo; é apresentado no encontro as várias vocações.

2ª) Discernir o chamado. Nesta etapa, o vocacionado é convidado a dar uma atenção maior para aquela inquietude do seu coração e perceber as reais motivações. É importante o(a) candidato(a) colocar-se em atitude de oração.

3º) Cultivar – é a fase de se conhecer a família e a comunidade do vocacionado. 

4ª) Acompanhar é a fase conclusiva do processo de opção vocacional, que prepara e motiva a entrada para a estrutura de formação específica (seminário ou casa religiosa).

Após as etapas do Itinerário Vocacional se dá o processo formativo que tem a finalidade de auxiliar o vocacionado a discernir a sua real vocação acerca do chamamento que Deus faz. No seminário ou na casa de formação o(a) candidato(a) passará pelo processo de formação humana, social, psicológica, espiritual, catequética e intelectual com duração de alguns anos.

Tempos novos

O padre italiano, Amedeo Cencini, que esteve no Brasil no ano passado participando do IV Congresso Vocacional do Brasil em Aparecida  (5 a 8 de setembro de 2019) ao tratar do tema central do Congresso, salientou a necessidade de buscar novos caminhos “o mundo que deixamos atrás não voltará, por isso, não se deve trazer coisas antigas para o hoje. Pois a fé é sempre nova e o Deus que se revela hoje é sempre novo”. Ao falar da realidade juvenil, Cencini destacou que se “há uma geração incrédula é porque não há figuras de referências próximas, os adultos são imaturos na fé; há comunidades sem senso de pertença e compromisso missionário”. Ao falar da sensibilidade vocacional lembrou que a mesma “surge do desejo interior de buscar o sentido na vida. Trata-se de uma intervenção que visa formar nos jovens uma atitude/disponibilidade em várias áreas de sua vida. Não é algo isolado que surge espontaneamente”. O assessor afirmou também que “se uma atividade pastoral não ativar um processo vocacional ela não é cristã”.

Responsabilidade 

O Documento de Aparecida (da V Conferência Geral do Episcopado Latino-americano e do Caribe, ocorrida em Aparecida, de 13 a 31 de maio de 2007) afirma que a Pastoral Vocacional é “responsabilidade de todo o povo de Deus, começa na família e continua na comunidade cristã, deve dirigir-se às crianças e especialmente aos jovens para ajudá-los a descobrir o sentido da vida e o projeto que Deus tem para cada um, acompanhando-os em seu processo de discernimento. Plenamente integrada no âmbito da pastoral ordinária, a pastoral vocacional é fruto de uma sólida pastoral de conjunto, nas famílias, na paróquia, nas escolas católicas e nas demais instituições eclesiais. É necessário intensificar de diversas maneiras a oração pelas vocações, com a qual também se contribui para criar maior sensibilidade e receptividade diante do chamado do Senhor; assim como promover e coordenar diversas iniciativas vocacionais. As vocações são dom de Deus; portanto, em cada diocese, não devem faltar orações especiais ao Dono da messe” (n. 314).

Postado originalmente por: Tribuna do Leste – Manhuaçu

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