Rascunhos da Vida: Deixe morrer…

A justiça humana tem perspectivas diferentes, quando olhamos para o réu e para o autor, cada um deles terá uma versão da história, cada um seu particular ponto de vista. Diante da justiça terrena precisamos encontrar o ponto de equilíbrio, a equidade. Quando olhamos para a justiça divina percebemos que ela é imparcial e verdadeira.

Levítico 19.33-37

Retirado do Site: https://www.freeimages.com/pt/photo/suicidal-tendencies-1563013

Há vários anos fui chamado para ajudar com uma adolescente que queria se suicidar. Cheguei àquele local e encontrei a menina, cabelo todo desdenhado, o quarto revirado, várias anotações em cadernos e folhas sobre uma escrivaninha bem antiga. Ela estava assentada na cama, havia sinais de sangue na camisola, nos lençóis, e tinha uma faca de refeições numa das suas mãos.

Solicitei que aqueles que me acompanhavam, e todos os presentes que ficassem fora do quarto à porta, orando silenciosamente a fim de não perturbar ainda mais a mocinha. Após conversar com ela e conseguir me assentar na sua cama, num momento breve de descuido agarrei a mão dela e forcei a retirada da faca. Abracei a menina, entreguei a faca a alguém próximo e continuei com ela por muito tempo ainda conversando e orando.

No final ela estava demasiadamente triste pela perda de um relacionamento com um jovem mais velho que se aproveitara de sua inocência prometendo a ela eternas juras de amor e a concretização de sonhos. Infelizmente esse é um caso muito comum, onde pessoas sem caráter se aproveitam de inocentes. Foi então necessária a intervenção externa para que essa vida fosse poupada.

Deus é justo, fiel e verdadeiro. Ele já escolheu os que são seus, sendo Ele o conhecedor da nossa intimidade, de nosso presente e do futuro. Ele elegeu seus escolhidos, pois nós em nossas faculdades mentais não estamos aptos a escolhas tão grandiosas. Não percebemos claramente o risco da morte, o peso da eternidade longe do Altíssimo. Então como eu fiz com a mocinha que não sabia o risco que corria, ele tomou-nos em seus braços e nos escolheu. Sem nos dar escolha, sem nos permitir selecionar a morte ou a vida.

Deus seria injusto se conhecendo-nos desde antes da concepção permitisse que escolhêssemos por nossa vontade própria e corrompida, entre vida e morte. Sabendo que nossas faculdades mentais estariam prejudicadas para reconhecer claramente a eminência de um afastamento eterno dos braços do Pai. Foi necessário que Ele agisse com justiça e nos salvasse da perdição eterna nos trazendo para seu maravilhoso Reino de luz.

Pense nisso, a livre agência de nossas escolhas o Altíssimo nos permite. Mas a eleição pertence a Ele, pois a sua justiça excede o limiar do nosso entendimento. Sendo assim os Seus olhos percebem de fora o perigo de vida que corremos ao qual verdadeiramente não percebemos. É necessário que Ele intervenha, que nos salve, nos resgate, nos dê a vida. Para isso o meio foi tomado, o caminho foi instituído. O meio é Cristo, o caminho é Cristo, a vida é dada por intermédio de Cristo, mas a escolha é de Deus.

Um grande e forte abraço.
Nos fraternos, reais e justos laços do amor de Cristo.

Rodrigo Fonseca Andrade
Um servo que possui livre agência, mas foi escolhido por não conhecer o risco de morte.

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