O encontrou reuniu mais de 80 países, em Florianópolis, e a proposta de legalização da caça comercial às baleias foi rejeitada por 40 votos a 27 nesta sexta-feira (14)
Florianópolis, em Santa Catarina, recebeu, durante esta semana, um importante encontro para definir o futuro do maior mamífero do mundo. A Confederação Internacional das Baleias (CNI), que acontece a cada dois anos, foi realizada no Brasil nesta edição e tinha, dentre os principais projetos a serem avaliados, uma proposta elaborada pelo Japão para permitir a volta da caça comercial à baleias, que é considerado crime há mais de três décadas.
A proposta, que era apoiada por países como a Islândia e a Noruega, foi rejeita nesta sexta-feira (14) por 40 votos contra e 27 a favor, além de 4 abstenções. Para a aprovação, eram necessários 75% dos votos válidos. Desta forma, fica permitido ao Japão apenas a caça para fins científicos, ou seja, de uma maneira mais restrita.
Em resposta, o vice-ministro japonês da pesca, Masaaki Taniai, se disse decepcionado com a decisão e criticou os países contrários por não terem feito uma contraposta. Além disso, ele alegou que vai reavaliar a permanência do país na comissão.
“Se as evidências científicas e a diversidade não forem respeitadas, se a caça comercial for totalmente negada (…) o Japão terá que reavaliar sua posição como membro da CBI”, afirmou.
Um relatório, divulgado pela CIB, aponta que entre novembro de 2017 e março de 2018, os baleiros japoneses, apenas em uma só região, caçaram e mataram 333 baleias, sendo que 122 estavam gravidas. Como argumento para a captura dos animais, foram alegados fins científicos, para pesquisas.
O comissário brasileiro, que foi o responsável por representar o Brasil na conferência, destacou que avaliou a proposta feita pelo Japão, considerou a boa relação existente entre os dois países, no entanto acredita que não seja uma medida possível de ser implementada.
“Votamos contra porque, evidentemente, não há mais espaço para a caça comercial no mundo em que vivemos. A agenda que nós propusemos, e que foi favoravelmente votada na conferência de Florianópolis, aponta, justamente, no moderno sentido que queremos para essa comissão, que é a visão da conservação das baleias”, comentou o comissário.
O governo brasileiro, por meio do Secretário Nacional de Biodiversidade do Ministério do Meio Ambiente, José Pedro de Oliveira, comemorou a proibição da liberação da caça comercial às baleias. “Coloca os princípios básicos de proteção, reafirma a moratória de caça à baleia, coloca a questão da conservação como uma questão prioritária e, pela primeira vez em 20 anos, nós temos uma vitória expressiva”.
Entenda o caso
Proibida pela própria Confederação Internacional das Baleias, a caça às baleias fez com que muitas especies fossem levadas praticamente à extinção. Muito por causa da caça predatória. A carne dos animais é considerada de grande apresso e era vendida no mercado, visando o lucro. Atualmente, a captura dos animais para fins de alimentação apenas é permitida nos casos de sobrevivência, ou em cota restrita que seja justificada com “fins científicos”.
O Japão pedia, nesta edição da CIB, a volta da caça comercial de baleia, que está proibida no mundo todo desde 1986. O país argumenta que os mais de 30 anos desde que a caça foi proibida, foi tempo o bastante para que as populações de várias especies de baleias se recuperassem e que a caça sustentável pode ser restabelecida.
Além disso, os asiáticos alegam que a venda da carne da baleia é um fato cultural japonês. O tema divide opiniões e gera comoção em todo o mundo.
Comoção
A possibilidade de que fosse permitida a caça comercial às baleias mobilizou internautas, na web, de todo mundo. O tema chegou a ficar, por algum temo, no primeiro lugar do Trends Topics do Twitter, com a hashtag salve as baleias.
Na última quarta-feira (12), ambientalistas realizaram um ato em prol da preservação das baleias em Fernando de Noronha. Dezenas de pessoas se organizaram e formaram um mosaico humano, representando a cauda de uma baleia. Foram promovidas várias atividades, inclusive uma remada na Praia da Conceição. O grupo também pede para que um santuário de baleias seja criado no Atlântico Sul.
*G.R