Proibição de cultos e missas em JF volta a ser discutida nesta terça 

A proibição de cultos religiosos com até 30 pessoas será debatida em Juiz de Fora nesta terça-feira (30) na reunião ordinária do Comitê de Prevenção e Enfrentamento ao Coronavírus. Na quinta-feira (25), de acordo com a divulgação da Prefeitura, as celebrações seriam novamente proibidas, e as missas e as reuniões seriam permitidas apenas de forma remota. Mas o Executivo voltou atrás na decisão, uma vez que o decreto publicado no sábado não trouxe a determinação de fechamento. Nesta segunda, em entrevista à Rádio CBN Juiz de Fora, o presidente do Conselho de Pastores de Juiz de Fora (Conpas), pastor Charles Marçal, afirmou que não está de acordo com a medida e que irá apresentar a posição das igrejas evangélicas na nova reunião do comitê.

“Conversamos várias vezes com o prefeito, e a Prefeitura ficou de nos colocar à parte de todas as decisões, principalmente em relação as igrejas e celebrações, mas houve uma dificuldade nessa divulgação e, a partir das decisões tomadas pelo comitê junto à Prefeitura, nós só erámos informados através da mídia e das redes sociais. Então, chegamos ao prefeito, mais uma vez, e pedimos a ele que pudesse nos incluir nessa discussão, para que pudéssemos mostrar a necessidade que cada pessoa teria de participar de seus cultos. Mas fomos surpreendidos, na quinta-feira passada, com esse impedimento. Então declaramos que não estamos satisfeitos, porque nós não fomos consultados e parecia que a igreja estava como uma instituição invisível diante do Poder Executivo”, afirmou Marçal.

O pastor disse que quer levar para discussão no Comitê a possibilidade de continuar com as atividades religiosas, mas com todas as precauções preconizadas pelo Ministério da Saúde. “Também sou psicólogo e tenho visto que a demanda tem crescido de forma assustadora. Temos tentado resolver uns problemas, mas estamos criando outros, temos o aumento de tentativa de suicídio, suicídio, brigas familiares, divórcios, violência doméstica, estupro. Temos pessoas com depressão, voltando a beber, se entregando às drogas. Queremos dar o direito, que é constitucional, de que o cidadão com todos os cuidados de higienização possa participar dessas reuniões de cunho religioso”.

A assessoria de comunicação da Arquidiocese de Juiz de Fora informou que o arcebispo metropolitano, dom Gil Antônio Moreira, foi convidado e irá participar da reunião do Comitê e só depois irá comentar sobre o assunto.

Decreto com data errada é alvo de críticas

Nesta segunda (29), entraram em vigor as medidas de restrição ao funcionamento de lanchonetes, padarias e restaurantes, determinadas pela Prefeitura. De acordo com a Secretaria de Meio Ambiente e Ordenamento Urbano (Semaur), a fiscalização diária nas ruas já passou a verificar o regulamento, mas o registro de irregularidades só é possível ser apresentado no dia posterior, após o lançamento de relatórios das equipes de fiscais.

As medidas foram publicadas em decreto no último sábado (27), mas houve confusão no entendimento a respeito da data em que, efetivamente, começariam a valer, já que a normativa previa que as novas restrições teriam vigência a partir daquela publicação e não a partir desta segunda (29), como havia sido divulgado da Prefeitura na quinta-feira passada. Uma errata foi publicada pela Prefeitura, para reafirmar que as novas determinações iriam entrar em vigor somente nesta segunda.

O presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas de Juiz de Fora (CDL/JF), Marcos Casarin, em entrevista à Rádio CBN Juiz de Fora, na manhã de segunda, afirmou que, em razão da confusão provocada pela divulgação do decreto, houve uma série de constrangimentos para o setor de restaurantes. “Estava acertado que seria a partir desta segunda, porque os restaurantes precisavam se preparar, contratar cozinheiros e acionar os garçons, assim como toda a equipe e, surpreendentemente, no sábado, pela manhã, o decreto trazia a informação de que as determinações entravam em vigor imediatamente”, relatou, acrescentando que muitos estabelecimentos não funcionaram ou ficaram com medo de abrir devido a fiscalização.

“Tiveram que voltar com funcionários. Comidas que foram preparadas não foram vendidas, mas, no final da manhã, conseguimos resolver, entrando em contato com a Prefeitura, e foi feita uma errata do decreto, mas isso não deixou de representar muitos problemas para os restaurantes”, ressaltou. O coordenador-executivo do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Juiz de Fora, Rogério Barros, informou que, como houve a informação de que haveria a errata a respeito da data de entrada em vigor do decreto, o sindicato avisou aos associados, fato que contribuiu para que não houvesse mais problemas entre eles. “Todavia, os estabelecimentos que não receberam essa comunicação, acreditamos que tiveram dificuldades e tiveram que fechar”, afirmou.

Nesta segunda, Barros avaliou que, de modo geral, o movimento de clientes está ruim, e a situação ocorrida no fim de semana só piorou. Ele lembrou que, nesta terça, será realizada outra reunião do comitê. “Esperamos que essa medida seja revista, pois considero que o setor empresarial não tem tido muita voz nesse debate”, enfatizou. Casarin disse que irá participar da reunião e apresentar as preocupações do empresariado. “Restaurantes não poderem funcionar aos sábados e domingos é algo que não dá para entender o porquê”, afirmou.
Ele também disse que está de acordo com a total abertura das atividades no município. “Sou favorável que uma loja tenha duas pessoas lá dentro, porque o essencial é a nossa necessidade, que é nossa sobrevivência. Temos necessidade de cortar o cabelo, temos necessidade daquilo que estamos precisando. Eu não vejo problema em uma loja com dois funcionários, atendendo a um cliente ou dois, porque não tem aglomeração, e o cliente que vai até lá é por uma necessidade.”

Segundo a decisão, os restaurantes passarão a funcionar em dias úteis, somente das 11h às 15h. Nos sábados, domingos e feriados, as vendas acontecerão apenas por entrega ou retirada no balcão. As lanchonetes e padarias, por sua vez, estarão proibidas de colocar mesas e cadeiras nas calçadas. A venda de bebidas alcoólicas por estes estabelecimentos continuará permitida, desde que apenas para consumo domiciliar. O funcionamento de bares continua vedado.

Prefeitura afirma que mantém diálogo

A PJF informou que, desde o início da pandemia, vem mantendo diálogo com os empresários e com os representantes das igrejas. A classe empresarial, segundo diz, está representada pela CDL/JF, que compõe o comitê desde a sua criação. Há ainda a participação de representantes da Agência de Desenvolvimento de Juiz de Fora e Região.

Ainda segundo a PJF, a Administração também tem mantido diálogo com as lideranças religiosas e cita, como exemplo, encontro que o prefeito Antônio Almas teve com dezenas de pastores de diversas denominações religiosas no dia 22 de abril. De acordo com a Prefeitura, a decisão sobre a realização ou não de cultos e missas com, no máximo, 30 pessoas, foi adiada justamente para que os representantes das igrejas apresentem seus pontos de vista, o poderá ser feito nesta terça, na reunião do comitê.

Sobre a validade da data do decreto, a Prefeitura comunicou que as novas propostas da Administração para se alcançar o crescimento do distanciamento social na cidade, publicadas, no sábado (27), no Diário Oficial do Município, só passaram a valer a partir desta segunda (29). Uma errata foi publicada no Atos do Governo da Prefeitura, no domingo (28), retificando a data correta de quando as novas propostas do Decreto 13.991 passam a valer.

Postado originalmente por: Tribuna de Minas – Juiz de Fora

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