Professora de Libras relata desafios e destaca a importância da acessibilidade

Viver no mundo sem poder ouvir sons é um desafio para muitas pessoas surdas ou com deficiência auditiva. Por isso, em uma nação, ter acessibilidade é fundamental para facilitar a vida dessas pessoas, que dependem de certos meios para se comunicarem e se relacionarem com os outros. Para ressaltar a importância disso, nesta sexta-feira (24), foi comemorado o Dia Nacional da Libras (Língua Brasileira de Sinais).

O dia 24 de abril foi escolhido porque é a data da publicação da Lei nº 10.436 de 2002, que reconhece nacionalmente a Libras e dá outras providências, contribuindo para se tornar uma ferramenta de inclusão social. Arquivo pessoalAmanda Peixoto Alves é surda e professora de Libras em uma escola de IpatingaEm entrevista ao Diário do Aço, a professora de Libras, Amanda Peixoto Alves, de 22 anos, que é surda, destacou a importância da acessibilidade e os desafios que enfrenta na sociedade atualmente.

Para Amanda, aprender Libras foi algo muito marcante. “A Libras me ajuda muito na minha comunicação e no meu aprendizado na faculdade. Hoje tenho uma intérprete que traduz todos os conteúdos do meu curso de Pedagogia. Isso facilita bastante minha compreensão e entendimento de todas as disciplinas”, destacou. AprendizadoSegundo a professora, é importante que outras pessoas também aprendam a língua de sinais, e não apenas os surdos. ”Dessa forma, os surdos poderão ter contato com outros indivíduos da sociedade e não ficarão restritos somente a um grupo isolado”, salientou. Primeiro contatoConforme Amanda Peixoto, seu primeiro contato com a Libras foi quando estava no ensino médio. “Aprendi com a intérprete que me ajudava e me ensinava muito na escola.

Depois de três meses, eu já sabia boa parte dos sinais. E hoje em dia eu continuo aprendendo porque é muito importante para mim. Foi por meio da Libras que passei a me comunicar com a comunidade surda e ter contato com pessoas maravilhosas, que até então, não conhecia”, salientou.Acessibilidade Na avaliação da Amanda Peixoto, a acessibilidade para pessoas surdas na sociedade, de maneira geral, precisa melhorar muito. “Os surdos enfrentam muita dificuldade de comunicação em todos os setores da sociedade. Por exemplo, no meu trabalho não tenho acesso a um intérprete, mas como sou oralizada, consigo me comunicar normalmente. Mas tem surdos que só se comunicam por meio da Libras, e para eles se comunicarem com outras pessoas é algo quase impossível se não tiveram a ajuda de um intérprete de Libras”, afirmou.

Dificuldades Devido à falta de acessibilidade, Amanda Peixoto citou exemplos de dificuldades que enfrenta no dia a dia. “Quando vou ao cinema, assisto só filmes legendados, mas a maioria das exibições não disponibiliza filmes com legendas. Ir a teatros é algo quase impossível, porque não consigo saber o que é falado. Em peças de comédia, todos riem e eu não entendo nada.

Em lanchonetes e restaurantes, o garçom costuma não saber se comunicar em Libras, e é muito raro esse tipo de ambiente ter acessibilidade, mas no meu caso, consigo comunicar por meio da fala e peço para a pessoa falar com calma, para eu fazer leitura labial”, contou. Capacidade de fala Amanda Peixoto também relata que nasceu surda, mas com três anos de idade começou a aprender a falar com ajuda de profissionais de fonoaudiologia. “Desse modo, quando estou sozinha em outros lugares, eu consigo me comunicar, porque desenvolvi a fala mesmo sem conseguir ouvir. Quando não entendo algo, peço para a pessoa repetir e fico atenta aos seus lábios, para que eu consiga fazer a leitura labial”, explicou. Professora Após muito esforço, Amanda conseguiu vencer seus desafios e hoje é professora de Libras da Escola Saberes Instituto, no bairro Esperança, em Ipatinga. “Dou aula de Libras para crianças ouvintes. Ao mesmo tempo que eu ensino, também aprendo muitas coisas que me ajudam em meu desenvolvimento como ser humano e como profissional.

Acredito que é muito importante esse contato das crianças com a Libras. Por meio desse aprendizado, elas têm oportunidade de conhecer a necessidade de outras pessoas que não conseguem ouvir, por exemplo”, concluiu.

 

(Tiago Araújo – Repórter do Diário do Aço)

Postado originalmente por: Diário do Aço

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