Polícia fará reconstituição de disparo que atingiu e levou professora à morte

A Polícia Civil informou nesta quarta-feira (4) que vai realizar na próxima semana a reconstituição do crime que levou à morte da professora Fabiana Filipino Coelho, 44 anos, baleada no abdômen no dia 20 de novembro, quando fazia compras para o aniversário do filho de 5 anos no Centro de Juiz de Fora. Segundo o titular da Delegacia Especializada de Homicídios e responsável pelo inquérito, Rodrigo Rolli, o laudo de necropsia revelou que a bala perfurou o abdômen da vítima de baixo para cima, indicando que o projétil teria ricocheteado antes de atingi-la. Na última terça, ele também ouviu o autor do disparo, o sargento reformado da Polícia Militar Vanderson da Silva Chaves, 44. Ele estava na Rua Marechal Deodoro com sua filha, 17, quando tentou impedir a fuga de um adolescente, 16, que teria acabado de assaltar uma pedestre, 28. Antes de atirar, o militar foi esfaqueado no braço pelo infrator. O homem confirmou ter disparado em linha reta na direção do jovem, que, após a primeira tentativa de contenção seguida da agressão, teria parado na esquina da Galeria Álvaro Braga com a faca na mão, como se pretendesse render alguém.

“O laudo de necropsia juntado ao inquérito na segunda-feira é bem importante e esclarece muita coisa. Pedi que os médicos legistas descrevessem a trajetória do projétil no corpo da vítima. Como ela era de estatura baixa, com 1,49m, e tanto o autor dos disparos quanto o menor infrator são altos, com mais de 1,80m, isso significa que houve ricochete. Ou seja, o disparo foi feito em direção ao adolescente, acertou a parede ou o chão, ricocheteou e entrou nela”, descreveu o delegado. “Não estou tirando conclusões, mas trabalhando com essa hipótese.” Para elucidar melhor os fatos, ele quer reconstituir a cena. A data será agendada com a perícia, que também deverá elaborar um laudo de levantamento do local a fim de verificar a existência de mossa, a marca ou vestígio que teria sido deixado pelo projétil no chão ou na parede.

Ainda conforme Rolli, o policial reformado recebeu alta médica na semana passada, mas ainda vai passar por nova avaliação e corre risco de perder movimentos da mão e do antebraço ferido. “Ele contou que havia feito compras com a filha e estava indo buscar o carro na esquina da Francisco Bernardino com a Marechal, quando parou para conversar com um amigo. Eles escutaram os gritos de ‘pega ladrão’, e o menor infrator veio na direção deles, empurrando a filha dele, que estava no trajeto. Ele colocou o pé para o garoto tropeçar e o pegou pelo colarinho. O adolescente levantou, conseguiu se desvencilhar e desferiu o golpe de faca. Mas ele nem viu sangue, pensou ter levado uma pancada. Em seguida, o menor parou na esquina da galeria ainda com a faca em mãos, dando a entender que se alguma pessoa passasse iria tomá-la como refém. Foi nesse momento que sacou a arma, pedindo para parar. O rapaz não largou a faca, e ele efetuou o disparo. O adolescente logo caiu no chão, dando a entender que inclusive havia sido atingido.”

Na sequência, segundo o delegado, terceiros conseguiram imobilizar o infrator, e uma mulher, 20, conseguiu pegar a faca. “Só então o autor dos disparos olhou para o braço e viu que estava jorrando sangue. Também percebeu a professora caída à direita dele, mas ela já estava sendo socorrida.” Conforme Rolli, a jovem que se apossou da arma branca e um homem, 48, são testemunhas no inquérito e confirmam o depoimento do sargento, incluindo o fato de não haver ninguém na reta entre ele e o adolescente no momento do único disparo. O revólver calibre 32 usado na ação foi apreendido, sendo solicitado exame de microbalística para confirmar se o projétil que atingiu Fabiana partiu mesmo da arma.

“Todos os depoimentos são uníssonos”, concluiu Rolli, apontando que o próprio menor infrator confirmou a versão dos fatos. Ele havia sido ouvido no dia da apreensão em flagrante, quando contou ser usuário de drogas e de remédios controlados. “Vou marcar a reconstituição com a perícia em horário diferenciado, bem cedo, para evitar transtornos, já que é no Centro da cidade, em local muito movimentado.”

Fabiana chegou a ser socorrida, mas faleceu na noite do mesmo dia. Ela deixou marido e o filho de 5 anos. A morte dela causou muita comoção pelas circunstâncias, principalmente nas escolas Normal e Clotilde Peixoto Hargreaves, no Linhares, onde ela lecionava matemática.

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Postado originalmente por: Tribuna de Minas – Juiz de Fora

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