Polícia Civil faz busca e apreensão no Cruzeiro

A Polícia Civil cumpre, na manhã desta terça-feira, mandados de busca e apreensão na sede do Cruzeiro, no Barro Preto, e nos centros de treinamentos dos profissionais e das categorias de base: Toca da Raposa e Toquinha. Há também cumprimento de mandado nas residências do presidente Wagner Pires de Sá, de Itair Machado, vice-presidente de futebol, e Sérgio Nonato, diretor-geral do Cruzeiro. Segundo a Polícia, 100 agentes participam da operação.

A operação foi denominada de “Primeiro Tempo” e é realizada pela Divisão Especializada de Investigação a Fraudes da Polícia Civil. Segundo a corporação, a operação está em fase inicial. A operação corre em segredo de Justiça. Após realizar as ações durante o dia, a Polícia Civil emitirá um comunicado.

O Ministério Público informou que o processo corre em sigilo e que por isso não pode dar detalhes sobre as investigações.

Na casa de Itair Machado, cinco membros da Polícia Civil estiveram no local por volta das 7h00 desta terça. Eles deixaram a residência do vice-presidente de futebol pouco tempo depois.

Foram deslocadas, também, viaturas para as residências de Wagner Pires de Sá, no bairro Luxemburgo, Região Centro-Sul de Belo Horizonte, e em um dos endereços das empresas de Sérgio Nonato dos Reis, no bairro Carlos Prates, região Noroeste.

A residência do empresário Cristiano Richard dos Santos Machado, com quem o Cruzeiro firmou contrato cedendo direitos econômicos como forma de pagamento a um empréstimo de R$ 2 milhões realizado, também foi alvo de busca da Polícia Civil. Duas viaturas e agentes estiveram no condomínio do empresário no início da manhã.

Por volta das 10h, a Polícia Civil, que estava na sede administrativa do Cruzeiro, atravessou a rua dos Timbiras, na região Centro-Sul da capital mineira, e esteve também na sede da torcida organizada Máfia Azul, recolhendo documentos.

Por meio de nota oficial, o Cruzeiro disse que apoia as apurações da Polícia Civil e informou que entregou toda a documentação solicitada pela operação Primeiro Tempo. O clube lamentou, entretanto, que “este fato esteja acontecendo exatamente às vésperas de uma decisão importante na Copa do Brasil” diante do rival Atlético-MG, na próxima quinta, no Mineirão. O diretor de comunicação do Cruzeiro, Valdir Barbosa, esteve na sede administrativa do clube, mas não concedeu entrevista, por orientação do jurídico do clube.

A Polícia Civil de Minas Gerais instaurou inquérito para apurar denúncias sobre falsificação de documento particular, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro. Os investigadores já ouviram funcionários, ex-funcionários, dirigentes e prestadores de serviços que realizaram transações com o clube.

A dívida do clube chega a R$ 500 milhões. Em maio, a TV Globo teve acesso a documentos internos do clube que revelam transações irregulares e uso de empresas de fachada para ocultar crimes.

No fim de 2018, a Polícia Civil abriu inquérito para apurar irregularidades no clube. O inquérito se baseia em um balancete contábil analítico, que demonstra pagamentos feitos pelo Cruzeiro no decorrer do ano passado, ao qual o Fantástico também teve acesso. A reportagem foi além e conseguiu quase 200 páginas de contratos e planilhas de controle interno. Há evidências de que a diretoria cruzeirense quebrou regras da Fifa e da CBF, no âmbito do futebol, e do governo federal, por meio do Profut (programa de renegociação de dívidas fiscais com clubes).

O presidente do Cruzeiro Esporte Clube, Wagner Pires de Sá, ainda é suspeito de participação em vazamentos de documentos sigilosos da Polícia Federal.

No dia 18 de junho, ele prestou depoimento sobre as investigações da Operação Escobar. Ela apura contratos de honorários com os advogados Carlos Alberto Arges Júnior e Ildeu da Cunha Pereira, que chegaram a ser presos no dia 5 de junho. A PF suspeita de lavagem de dinheiro e desvio do dinheiro para outros dirigentes do clube mineiro.

Após quase duas horas de depoimento na sede da PF, presidente do Cruzeiro foi questionado pela reportagem da TV Globo se o clube mantinha algum tipo de contrato com os advogados investigados.

O Cruzeiro tem contrato com mais de mil advogados – , respondeu Wagner Pires de Sá, disse ele na época.

A Operação Escobar é um desdobramento da Operação Capitu e prendeu dois advogados e dois servidores da Polícia Federal suspeitos de retirar documentos sigilosos do sistema da própria PF e vazar informações sobre as operações. São investigados os crimes de corrupção ativa, corrupção passiva, organização criminosa, obstrução de Justiça e violação de sigilo funcional.

Wagner Pires de Sá e sua diretoria ainda terão, no dia 5 de agosto, o pedido de afastamento apreciado pelo Conselho Deliberativo do Cruzeiro. O dirigente já conseguiu vitórias nos bastidores em meio à investigação: a chapa do Conselho Fiscal, que tinha o apoio da atual situação, e também do cancelamento de uma reunião com o conselho deliberativo na última segunda, após um acordo com o presidente do conselho deliberativo, Zezé Perrella.

No dia três de julho, a Justiça negou a tutela de urgência em ação de conselheiros do Cruzeiro para afastar Itair Machado de suas funções administrativas. Um grupo de 31 conselheiros e associados do Cruzeiro ajuizou ação cível contra ele. Este pedido, rejeitado, tinha o poder de afastar Itair Machado da diretoria do Cruzeiro até que a ação fosse julgada no sistema judiciário de Minas Gerais.

Os conselheiros autores da ação, incluindo o ex-presidente Gilvan de Pinho Tavares, argumentaram que “a nomeação do Vice-Presidente executivo se deu de forma irregular, na medida em que existem em desfavor do réu condenações trabalhistas, previdenciárias e criminais, o que contraria o estatuto do clube e a lei 9.615, de 1998”. A intenção seria de afastamento imediato de Itair ou, de forma alternativa, que o vice de futebol fosse afastado “temporariamente por 60 dias”.

É citada na petição inicial que “há fortes indícios de gestão temerária/fraudulenta junto ao Cruzeiro”, tendo como base as denúncias apresentadas pelo Fantástico e também as investigações da Polícia Civil contra a gestão atual da Raposa. A parte autora ainda relata que em 28 de junho de 2019 “foi protocolizada representação perante o Conselho Deliberativo do clube requerendo o afastamento do 1º réu (Itair)”.

Entretanto, a juíza aceitou a argumentação do Cruzeiro na questão, de que é o estatuto do clube, por meio de convocação de Assembleia Geral, que deverá tratar de afastamento de membro da diretoria.

Prosseguindo na decisão, a julgadora da questão ainda afirmou que as ações trabalhistas e criminais nas quais Itair Machado estaria envolvido não transitaram em julgado (não tiveram o julgamento finalizado). Itair se manifestou voluntariamente na ação e requereu segredo de justiça, algo que não foi concedido pela juíza.

Confira a nota oficial do Cruzeiro, na íntegra, sobre a operação da Polícia Civil:

A diretoria do Cruzeiro Esporte Clube vem a público manifestar seu apoio às apurações das denúncias feitas pelo programa Fantástico, da Rede Globo, no dia 26 de maio passado.

O Clube informa que entregou às autoridades toda a documentação solicitada para a investigação.

Lamentamos apenas que este fato esteja acontecendo exatamente às vésperas de uma decisão importante na Copa do Brasil.

O Cruzeiro Esporte Clube informa que continuará à disposição das autoridades competentes para quaisquer tipos de outros esclarecimentos necessários.

Belo Horizonte, 9 de julho de 2019.

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Postado originalmente por: Minas AM/FM

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