PMs são presos em BH por ameaçar vítima às vésperas de audiência: ‘Armaram uma tocaia’

Sargento, cabo e soldado foram presos na última sexta-feira (12), após homem relatar tentativa de homicídio

Policiais militares investigados por agredir um homem, em 2020, foram presos logo após audiência sobre o caso realizada na última sexta-feira (12), em Belo Horizonte. As prisões ocorreram porque três militares ameaçaram e teriam tentado matar a vítima na quinta-feira (11), para que ela não confirmasse depoimentos anteriores. No entanto, o homem conseguiu escapar e foi à Justiça, relatando a nova ameaça ocorrida e apresentou um vídeo que mostra a abordagem policial em posto de combustível na BR-381, em Ravena, na Grande BH. “Armaram uma tocaia na intenção de me matar’, disse o homem à Itatiaia, relatando que os militares o esperavam em uma estrada.

A vítima disse que conseguiu fugir e chegar ao posto, onde visualizou outra viatura da PM e pediu ajuda. “Essa viatura veio a não me atender, a prevaricar. Com isso, fiquei novamente nas mãos desses militares, que fizeram novas ameaças”.

De acordo com ele, os militares queriam intimidá-lo para que ele mudasse a versão ou não fosse à audiência. “Não fiz nenhum dos dois. Fui, compareci à audiência e apresentei tudo como prova e eles foram presos na sexta (12)”, completou.

A decisão da Justiça considerou os relatos da vítima, as provas apresentadas e destacou que os militares ‘continuam propensos à prática delituosa’.

“A postura dos militares denunciados demonstra que eles continuam propensos à prática delituosa e que, em liberdade, colocariam em risco a ordem pública uma vez que deveriam zelar pelo bom funcionamento do serviço e não utilizar do aparato estatal da segurança pública para ameaçar a vítima dos autos em local público como no posto de gasolina”, destacou o juiz Marcelo Adriano Menacho dos Anjos, destacando que a liberdade dos denunciados ‘acarretaria grave ameaça à manutenção das normas militares.”

Na audiência, o representante do Ministério Público (MP), que acompanhou os depoimentos, destacou ainda que os ‘acusados intimidaram a vítima, demonstrando que conhecem detalhes sobre sua rotina e a de sua família, prometendo matá-lo caso viesse a confirmar os fatos já narrados pela vítima durante o inquérito nesta audiência’.

Com base no relato do homem e nas provas, o MP pediu a prisão preventiva dos acusados; o desmembramento das novas ameaças e instauração de inquérito policial militar para apurar a prática de coação; histórico do GPS das viaturas; e identificação do gerente e dos frentistas que trabalham nos postos. O pedido foi aceito e os militares presos e encaminhados para um batalhão da PM.

A vítima contou à Itatiaia que o episódio de 2020 ocorreu em Santa Luzia, na Grande BH. Ele foi abordado em uma estrada e coagido para assumir um homicídio. Como não aceitou, ele relata que foi agredido e ameaçado de morte pelos militares. “Nesse jogo deles, brincavam entre me levar preso por um crime que eu não havia cometido ou me matar. Depois de muitas agressões e ameaças, fui abandonado em um matagal na BR-381, sob ameaça de que eu não poderia correr atrás e não relatar as agressões e ameaças”, disse.

Inconformado, o homem disse que procurou a Justiça e entrou com processo contra os militares. “Estava com a audiência marcada para a semana passada e eles vieram atrás de mim”, disse.