Pessoas com deficiência fazem ato de repúdio em JF contra dono da Havan

Um grupo de pessoas com deficiência realizou, na manhã deste sábado (8), um ato de repúdio, em frente à loja da Havan em Juiz de Fora, localizada na Avenida Brasil, contra o empresário e dono da Havan Luciano Hang. A manifestação, de caráter pacífico, tinha como objetivo conscientizar a população a respeito de um vídeo publicado pelo empresário, no início deste ano, no qual ele aparece mostrando imagens de uma loja que seria inaugurada no Sul do Brasil. A Tribuna fez contato com a assessoria da Havan, mas não obteve retorno.

De acordo com a militante e ex-presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência (CMDPD), Valéria Andrade, no vídeo, Luciano Hang estaria usando um tom de zombaria e de desrespeito para mostrar os critérios de acessibilidade que sua loja era obrigada a implantar. “Ele mostra o piso tátil, dizendo que em nenhum país do mundo isso existia e que isso acontecia só no Brasil, que isso tudo era uma ‘jabuticaba’ da legislação para onerar a loja dele”, disse Valéria, afirmando que essa fala do dono da loja casou indignação, levando, inclusive, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) a fazer um pronunciamento contrário.

Manifestantes se reuniram em frente à unidade da loja em Juiz de Fora, na Avenida Brasil (Foto: Divulgação)

“Em Juiz de Fora, queríamos ter feito esse ato logo em seguida, mas como teve muita gente viajando em razão das férias, resolvemos fazer essa atividade neste sábado, para contar com os nossos companheiros, inclusive veio lideranças das cidades de Barbacena, Santos Dumont e Cataguases”, afirmou Valéria. Segundo ela, o ato foi organizado e promovido por militantes da cidade e região que se mostraram inconformados com essa fala de Luciano Hang. “Achamos que devíamos nos manifestar, uma vez que nossa luta fica muito invisibilizada. Não tinha muita gente, mas era um número de pessoas muito bom devido à qualidade das falas dos manifestantes presentes”, avaliou. A manifestação também contou com o apoio do Sindicato dos Bancários, que, segundo Valéria, cedeu o carro de som.

Conforme a militante, a afirmação de que a acessibilidade é onerosa e é um penduricalho da legislação é incorreto, “além de (a afirmação) ser desumana, porque critica um piso tátil direcional que facilita e dá independência e autonomia para os deficientes visuais. Isso é de uma crueldade absurda, é falta de empatia. Queremos chamar a atenção da sociedade para a importância da lei de acessibilidade e para o que acontece no Brasil em relação ao retrocesso dos nossos direitos. O Governo federal fatiou a lei de acessibilidade, desobrigando, por exemplo, templos religiosos e salas de cinema a terem acessibilidade. Quando falo acessibilidade não me refiro apenas à física, mas à de comunicação também, que atinge deficientes visuais e surdos. Queremos mostrar que nossa luta é também de toda a sociedade”, afirma Valéria, lembrando que as pessoas com deficiência também são consumidoras e pagadoras de impostos.

A Tribuna tentou contato com a assessoria de comunicação da Havan por e-mail e por telefone, mas não obteve retorno. A reportagem também entrou em contato com a loja da Havan em Juiz de Fora, mas não conseguiu falar com o gerente até a publicação desta reportagem.

Postado originalmente por: Tribuna de Minas – Juiz de Fora

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