Pesquisa sobre infecção pelo coronavírus inicia nova etapa nesta quinta

O estudo Epicovid19, que irá estimar a proporção de casos de coronavírus na população brasileira, inicia a segunda etapa das entrevistas em domicílio nesta quinta-feira (4). Coordenada pela Universidade Federal de Pelotas (RS) em parceria com o Ministério da Saúde, a pesquisa é feita pelo Ibope Inteligência, que coleta uma amostragem de participantes em 133 cidades brasileiras, para calcular o percentual de pessoas com anticorpos para a Covid-19 e avaliar a velocidade de expansão da doença no país. Em Minas Gerais, 13 municípios participam da testagem, entre eles, Juiz de Fora. Esta etapa do levantamento ocorre até sábado (6).

Na primeira fase, realizada em maio, os pesquisadores concluíram 25.025 entrevistas e testes para o coronavírus. Em 90 cidades, foi possível testar pelo menos 200 pessoas. Nesse conjunto, a proporção de pessoas com anticorpos – que já tiveram ou têm o coronavírus – foi estimada em 1,4%, podendo variar de 1,3% a 1,6%, pela margem de erro da pesquisa. Os dados já levam em consideração o tamanho da população de cada cidade e a validade do teste rápido utilizado. 

“O mais importante é saber que a contagem de casos de infecção por coronavírus no Brasil agora deve ser feita em milhões, e não mais em milhares”, apontaram os pesquisadores no resultado da pesquisa. O levantamento estima que, para cada caso confirmado de coronavírus nessas cidades, existem sete casos reais na população. Desta forma, no entendimento dos cientistas, “os casos confirmados, que aparecem nas estatísticas oficiais, representam apenas a ponta visível de um iceberg cuja maior parte está submersa. Para conhecer a magnitude real do coronavírus, é obrigatória a realização de pesquisas populacionais”.

Minas Gerais

Em Minas Gerais, os pesquisadores encontraram baixa proporção de anticorpos (menos de 1%) nas cidades que realizaram mais de 200 entrevistas: Juiz de Fora, Montes Claros, Patos de Minas, Pouso Alegre, Teófilo Otoni, Uberaba, Uberlândia e Varginha. Entretanto, ainda não é possível fazer uma estimativa da situação no estado, como explicaram os cientistas em entrevista coletiva realizada no último dia 26. Em muitas cidades em todo o país, houve dificuldade em coletar as entrevistas necessárias para o estudo (200 ou mais), como no caso da capital mineira. “Se não temos informação de Belo Horizonte, fica mais complicado, principalmente quando a gente não consegue um número suficiente nas capitais dos estados, que têm sido os lugares – com raras exceções – onde a infecção tem se iniciado e tem se demonstrado mais forte”, explicou o cientista Fernando Barros.

Reportagem publicada pela Tribuna apontou que, dos casos de síndrome gripal inespecífica – antes considerados suspeitos para coronavírus – em Minas Gerais, apenas cerca de 16% são testados na rede pública do estado. O levantamento foi realizado com base nos números das amostras coletadas e das notificações. Até o último dia 26, a  Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) registrou 125.497 casos suspeitos notificados como Síndrome Gripal Inespecífica. Até esta data, 20.254 amostras para exames haviam sido coletadas.

De acordo com o reitor da Universidade Federal de Pelotas e coordenador da pesquisa, Pedro Hallal, no interior de Minas Gerais, onde foi realizado o levantamento, praticamente não houve casos de coronavírus, entretanto, há uma situação “interessante” ocorrendo no estado. “Quando olhamos os dados de distanciamento social, o Rio Grande do Sul, por exemplo, é um estado que tem pouco caso e que tem muita adesão às medidas de distanciamento social. Mas quando olhamos os dados de Minas Gerais, é um lugar que tem pouco caso, mas não é um dos estados que tem o melhor resultado de distanciamento social. Só 59% dos mineiros relataram cumprir com a medida de distanciamento social, enquanto nos estados com melhores resultados, isso chegou a quase 70%.”

De Minas, 13 cidades foram selecionadas para a pesquisa. Desta forma, nas próximas fases do levantamento, o objetivo dos pesquisadores é realizar mais de 200 entrevistas em cada município, a fim de fazer a estimativa com maior segurança.

Postado originalmente por: Tribuna de Minas – Juiz de Fora

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