O levantamento foi encomendado pelo Idec e realizado com pessoas entre 18 e 55 anos
Um estudo do Datafolha, encomendado pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), apontou que pessoas entre 45 e 55 anos estão consumindo mais alimentos ultraprocessados durante a pandemia. Em outubro de 2019, o consumo desses produtos era de 9%, enquanto em julho deste ano saltou para 16%.
A pesquisa, realizada com pessoas entre 18 e 55 anos pertencente a todas as classes econômicas e de todas as regiões do Brasil, mostrou que salgadinhos de pacote ou biscoitos salgados foram os produtos mais consumidos em comparação com o levantamento do ano passado, ou seja, subindo de 30% para 35% a proporção do consumo. Em segundo lugar, margarina, maionese, ketchup ou outros molhos, subiram de 50% para 54% em 2020.
A nutricionista do Idec, Ana Paula Bortoletto, destacou que tendo em vista que nesse momento as políticas adotadas até agora para promover a alimentação saudável durante a pandemia foram muito tímidas e houve um aumento da publicidade e do apelo, tanto pela conveniência, quanto pela comodidade do consumo de ultraprocessados.
Além disso, Ana Paula afirmou que ao mesmo tempo houve uma redução do acesso, da facilidade e da competitividade dos alimentos mais saudáveis, inclusive até em relação ao preço, visto o aumento no valor de alimentos que são considerados saudáveis, como arroz e feijão.
Conforme as regiões, 57% da população no Sudeste relatou consumir margarina, enquanto em 2019, 50% das pessoas da mesma região consumiram o produto. Os sucos de fruta em caixa, em lata ou refrescos em pó também teve um aumento no consumo dessa região, passando de 30% para 36% no período. Os salgadinhos de pacote ou biscoitos salgados ficaram em terceiro lugar, já que subiu de 27% para 33%.
Já em relação à escolaridade, 33% dos participantes que estudaram até o ensino fundamental consumiram salsicha, linguiça, mortadela, presunto e outros alimentos embutidos em 2020. Além disso, 51% das pessoas entrevistadas com essa mesma escolaridade utilizaram margarina, maionese, ketchup e outros molhos em seus alimentos neste ano.
Analisando o local de moradia da população, o levantamento revelou que o consumo de pelo menos uma fruta diminuiu nos municípios do interior, de 68% para 62%.
Vale lembrar que os produtos ultraprocessados são prejudiciais à saúde, devido o conteúdo excessivo de nutrientes associados a doenças crônicas não transmissíveis, como obesidade e doenças cardiovasculares. Por isso, o aumento no consumo reflete diretamente nas condições de saúde da população.