Dívidas consomem mais de 30% do orçamento das famílias em BH
Um novo levantamento da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), realizado pelo Núcleo de Pesquisa e Inteligência da Fecomércio MG com dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), aponta um crescimento generalizado do comprometimento financeiro das famílias belo-horizontinas no mês de julho.
Os dados revelam que 90,3% dos consumidores da capital mineira estão endividados, mesmo patamar observado em fevereiro deste ano. O principal destaque da pesquisa referente ao mês de julho é o crescimento do número de famílias com contas em atraso. Em julho, 54% dos consumidores belo-horizontinos estavam com algum tipo de compromisso financeiro em atraso, um aumento de 0,8 ponto percentual na comparação com junho. O cartão de crédito continua sendo o principal responsável pelo endividamento, com 91,2% dos consumidores assumindo compromissos nessa modalidade.
Gabriela Martins, economista da Fecomércio MG, destaca que os resultados observados neste mês são preocupantes. “O nível de endividamento das famílias voltou a subir na capital mineira após quatro meses de queda. Apesar disso, a nossa maior preocupação se encontra entre as famílias que não terão condições de pagar suas dívidas. Em julho, 21% dos belo-horizontinos se encontram nesta situação, maior patamar da nossa série histórica (iniciada em 2014). Esse cenário implica diretamente no nível de consumo das famílias, fazendo com que elas tenham menor acesso ao crédito e, consequentemente, reduzam sua demanda por produtos e serviços”, explica a economista.
A pesquisa também revela que a inadimplência é mais acentuada entre as famílias com renda mais baixa. Além disso, o tempo médio de comprometimento da renda dos consumidores endividados é de 8 meses, indicando que a situação financeira de muitas famílias está comprometida a longo prazo.
As dívidas comprometem mais de 10% da renda familiar dos belo-horizontinos em 87,7% dos casos, sendo 11,7% o percentual de famílias com dívidas que envolvem mais de 50% do orçamento mensal. Em média, as dívidas comprometem 30,2% do orçamento do mês.
Diante desse cenário preocupante, é fundamental que os consumidores adotem medidas para controlar seus gastos e evitar o endividamento excessivo. A elaboração de um planejamento financeiro, com orientações, negociações de dívidas podem servir como auxílio para saída dessa situação.