Pastor defende caráter essencial de templos religiosos na manutenção da saúde durante a pandemia

Imagem Ilustrativa/Universidade da Bíblia

A flexibilização do novo Decreto 345 para atender o funcionamento de cultos e reuniões religiosas em Uberaba continua alvo de críticas. As pessoas que discordam da liberação do setor justificam que as cerimônias podem ser realizadas normalmente de forma virtual, o que contradiz a definição de “serviço essencial”.

Em entrevista à Rádio JM na manhã desta segunda-feira (8), o Pastor Eduardo Isidoro, um dos representantes das Igrejas Evangélicas na cidade, declarou que as igrejas estão adequadas e respeitando as normas sanitárias. 

“Em sua grande maioria em Uberaba, as igrejas estão adequadas. Nós não oferecemos risco à saúde pública de forma alguma. Já falamos isso com a prefeita Elisa. A igreja está de mãos dadas com a população, com a causa. A igreja toma todos os cuidados sanitários, máscara, álcool em gel, distanciamento, medição de temperatura. A maioria das igrejas hoje funciona com lista de presença. A igreja está fazendo sua parte e não podemos abrir mão não só de um direito, mas de uma condição necessária para a sociedade”, destacou Eduardo.

De acordo com o Capítulo VI do Decreto 345, a lotação máxima autorizada em cultos religiosos presenciais deve ser de no máximo 30% da capacidade de assentos do local. Em uma estrutura com 600 assentos, por exemplo, 180 pessoas seriam permitidas, com o distanciamento de três metros.

Questionado sobre a possibilidade de cultos de forma virtual, o Pastor Eduardo garante que a medida já está em funcionamento desde o ano passado, mas não supre a necessidade de interação dos fiéis.

“Desde o ano passado, no início da pandemia, as igrejas em Uberaba ficaram muito tempo fechadas. As celebrações online já acontecem desde aquela época. Uma coisa é o tratamento individualizado, outra coisa são as nossas celebrações, o que a Constituição garante: o livre direito ao culto, que é inviolável. No nosso ponto de vista, e eu sei que falar disso é falar de um ponto sensível, mas nós entendemos que da mesma forma que um hospital público deve estar aberto, a igreja também precisa estar. Tem gente que precisa participar de um culto para renovar as forças, renovar a alegria. As coisas acontecem simultaneamente de forma organizada. Se alguma das nossas igrejas não estiver cumprindo os protocolos, nós devemos ser tratados conforme o decreto exige”, argumenta o pastor.

Ainda durante a entrevista, o pastor Eduardo Isidoro ainda manifestou a preocupação das igrejas com a opinião popular de que há privilégio aos templos religiosos e destacou o papel histórico fundamental da igreja em relação à saúde pública. “A questão é muito sensível. Existe uma preocupação nossa em relação à sociedade como um todo que nós não gostaríamos que houvesse o sentimento social de que as entidades religiosas estivessem sendo privilegiadas ou contempladas de uma forma diferente. A gente também entende, a gente vê a comoção social das pessoas que precisam trabalhar, buscar o pão de cada dia, correr atrás da sua renda. Por exemplo, eu tenho filhos que estudam em escolas particulares, com o decreto novo as escolas não estão funcionando. Essas questões são extremamente delicadas e complexas. Mas eu queria levar os ouvintes a uma reflexão para enxergar a igreja na forma correta, em seu devido lugar, porque se nós estudarmos a história da própria saúde em si, a saúde começou com a igreja”, disse Isidoro, pontuando o papel do clero no cuidado dos enfermos e feridos de guerra no passado. 

“A igreja tem um papel não apenas fundamental, mas histórico com relação ao tratamento da saúde. Tanto é que a Organização Mundial de Saúde, ao definir o conceito de saúde, ela vai dizer ‘saúde não é simplesmente a ausência de doença física, mas saúde é o bem-estar físico, social, mental, econômico. Então tudo isso tem a ver com o conceito de saúde. E a igreja é um hospital da alma, ela exerce um papel fundamental. Muita gente só tem a Deus para recorrer. Se nós formos analisar os índices de doenças emocionais, psiquiátricas, mentais, estão acontecendo avassaladoramente. Fui procurado por um pai essa semana que ia tirar a vida, que não tinha o que fazer. E qual hospital ele procurou? O hospital chamado Igreja”, finaliza. 

 

 

Postado originalmente por: JM Online – Uberaba

Pesquisar