Com a pandemia, as vítimas passaram a ficar mais tempo com os abusadores
Em Minas Gerais, a cada 24 horas, oito crianças e adolescentes com menos de 14 anos são violentados sexualmente. Neste ano, foram registrados 1.468 casos de janeiro a julho. No entanto, o número é quase 25% menor comparado ao mesmo período de 2019. A redução pode estar relacionada a pandemia do novo coronavírus, ou seja, os crimes continuam acontecendo, mas estão “escondidos”.
Elenice Cristine Batista Ferreira, delegada e chefe da Divisão Especializada de Orientação e Proteção à Criança e ao Adolescente de Belo Horizonte (Dopcad), afirmou que a situação é preocupante e potencializa ainda mais o cenário de subnotificação que caracteriza esse tipo de crime.
A delegada ainda destacou que na maioria das ocorrências, o agressor está no ambiente familiar da vítima, que costuma receber ameaças para não contar sobre os estupros.
Como as crianças e adolescentes estão sem convívio em escolas e outros ambientes sociais fica mais difícil descobrir os abusos. Para Elenice, a falta de acesso ao professor também pode significar a falta de socorro, visto que os educadores percebem as mudanças nos comportamentos deles e investigam o que está acontecendo.
A psiquiatra infantojuvenil, Jaqueline Bifano, ressalta que a escola é um ambiente que protege as crianças, onde elas passam a maior parte do tempo e, em casa, muitas vezes o abusador está lá, ou seja, com a pandemia as crianças passaram a ficar mais tempo com os seus abusadores.
Por isso, é muito importante que as pessoas próximas às vítimas fiquem atentas ao comportamento delas. Jaqueline informa que muitas crianças não relatam o abuso por medo, falta de intimidade emocional com os pais e temor de que não vão acreditar nelas.
Em casos de abusos contra crianças e adolescente, denuncie! Disque 100.