Pais e sindicato reprovam retorno presencial às aulas

Divulgação/Foto ilustrativaAulas estão suspensas desde o mês de março, quando a pandemia se agravou no BrasilApós o Governo de Minas Gerais anunciar a data de 5 de outubro para o início do retorno às atividades escolares presenciais, pais, profissionais e sindicalistas reagiram. Esse é o primeiro movimento para a volta gradual às aulas presenciais em todo o estado. Segundo anunciado, as instituições de ensino deverão seguir regras e protocolos sanitários, o que permitiria que escolas públicas e privadas recebam novamente os alunos, apenas nas regiões inseridas na Onda Verde do plano Minas Consciente. A interrupção do ano letivo ocorreu no mês de março, quando a pandemia da covid-19 se agravou no país.O governo divulgou que o retorno não será obrigatório. Os pais que decidirem não enviar os filhos terão a decisão respeitada. Também municípios terão autonomia em deliberar se escolas públicas (municipais e estaduais) e privadas voltam a receber estudantes ou não. “Governo lavou as mãos”A diretora do Sind-UTE subsede Ipatinga, Isaura Azevedo Carvalho, acredita que o anúncio do governador Romeu Zema foi uma “lavagem de mãos”, jogando a decisão e a responsabilidade para os municípios. “Vimos esse pronunciamento do governo como, no mínimo, falta de planejamento, porque não apresenta protocolo, as escolas não têm recurso para adequação para receber esses estudantes e isso causa uma angústia na comunidade, alunos e pais, num momento em que o próprio estado divulga um boletim em que triplicou o número de mortes em 24 horas. O posicionamento do sindicato é contrário ao retorno das atividades presencias”, afirma.A sindicalista acrescenta que este não é um momento de segurança para os estudantes e para a sociedade. Isaura pondera que as crianças seriam as menos afetadas pela contaminação – como tem sido divulgado desde o início da pandemia -, porque os riscos de agravamento nelas são menores. “Mas retornarão para casa, no trajeto terão contato com outras pessoas e colocarão seus pais e avós em risco, e para eles a situação poderá se agravar, em caso de contaminação”, avalia.LiminarAlém do sentimento de que esse não é o momento de retornar às salas de aula, Isaura recorda que há uma decisão do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), que está mantida. “Temos uma liminar favorável de suspensão das atividades presenciais e o governo vai contra isso ao permitir esse retorno. A sentença é do dia 15 de abril, impediu o retorno naquela época; essa liminar está ativa e nos resguarda. No Vale do Aço não há nenhuma cidade dentro da Onda Verde, mas se tivesse, possuímos essa decisão e correremos atrás de todas as providências cabíveis. Em relação à decisão do município, esperamos que seja razoável de não forçar esse retorno. Os números têm que ser levados em consideração”, pontua.Álbum pessoalÂngela Maria da Silva Santos é mãe de aluno da rede estadual de ensinoInsegurançaMãe de aluno, Ângela Maria da Silva Santos, 44 anos, teme pelo futuro de sua família. “Sou contra essa retomada das aulas presenciais, porque quem me garante que meu filho irá à aula e não pegará a doença? No caso de contrair o vírus e ficar assintomático, como vou saber? Ele pode trazer para dentro de casa. Meu marido tem 50 anos, mas sofre de pressão alta. Não temos garantia de nada nesse momento. O Marco Antônio, meu filho de 17 anos, estuda na Betinho (Escola Estadual Herbert José de Souza, bairro Cidade Nova, Santana do Paraíso), está no 3º ano do Ensino Médio e não está com vontade de retornar agora. Nós não temos saído muito de casa, mas pelas mídias sociais temos percebido o mesmo sentimento nas pessoas que conhecemos: insegurança”, relata. Necessidade x medoJoana D’Arc, que tem uma filha de nove anos, está em dúvida sobre o que fazer, apesar de não concordar com o retorno. “Tenho me empenhado para conseguir ficar em casa com a Letícia, que estuda numa escola particular do bairro Cidade Nobre, em Ipatinga. O fato de não ter com quem deixá-la me atrapalha bastante, porque tenho que me virar para trabalhar. No caso de as aulas serem retomadas, eu teria essa tranquilidade, mas como teria certeza de que minha menina ficaria bem e não se tornaria o vetor da doença? Apesar de todo o contorcionismo que tenho feito, vou optar por não enviá-la à escola, pelo menos por enquanto”, frisa.SuperiorComo anunciando, o ensino superior, pré-vestibulares e demais cursinhos preparatórios poderão voltar às aulas presenciais nas regiões contempladas na Onda Amarela do plano, sendo que faculdades poderão retornar às atividades presenciais já na próxima semana.O secretário de Estado de Saúde, Carlos Eduardo Amaral, explicou que as definições foram baseadas em estudos técnicos e epidemiológicos do Comitê Extraordinário Covid-19, levando em conta a controlada taxa de ocupação dos leitos, índices estáveis de transmissão e contágio, além do controle de surtos e a tendência geral de queda de casos e óbitos diários da covid-19. Rede privada afirma: “estamos prontos para o retorno”O presidente da Associação das Escolas Particulares do Vale do Aço, Maurício Mayrink Vieira, recorda que as instituições estão fechadas desde o dia 18 de março e trabalhando remotamente com aulas on-line desde aquele mês, cumprindo o que determinam os decretos e legislação vigente. De lá pra cá, as escolas têm se organizado para uma possível volta às atividades presenciais.“O que nos foi dado agora pelo governador, dentro de critérios muito bem estabelecidos. As escolas têm passado por muitas dificuldades, principalmente as do ensino infantil, onde as famílias optaram por não mantê-las na escola. Estamos nessa ansiedade de pode voltar, claro que isso depende da melhora dos números de Ipatinga e das cidades da região, por isso que a sociedade precisa contribuir, para que os números baixem e os alunos possam voltar com segurança, assim como os professores e funcionários. Todos estão sofrendo”, relatou.Sobre adaptações na estrutura física das salas de aula, Maurício adianta que dependerá do protocolo de retorno que está sendo feito pela prefeitura e demais responsáveis, mas que certamente deverão ocorrer várias mudanças em relação à higienização, segurança, número reduzido de alunos nas salas de aula e etc.MensagemPara os pais, alunos e funcionários, Maurício Mayrink deixa uma mensagem de otimismo. “Gostaria de dizer que todas as escolas estão se preparando para receber os alunos, com toda segurança que precisam, para que possam terminar o ano letivo bem, que a perda pedagógica seja a menor possível e consigam estar na escola com saúde”, concluiu.

Postado originalmente por: Diário do Aço

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