Pais criticam cobrança integral de mensalidades escolares durante pandemia

Pais de alunos de escolas particulares questionam o pagamento integral das mensalidades em meio à pandemia. Embora ainda não haja regulamentação de redução dos valores, a angústia é quanto à obrigatoriedade do pagamento integral ante à suspensão de de aulas.

A analista de Recursos Humanos Rosana Palis diz que não terá dificuldades de pagar as mensalidades das duas filhas por estar trabalhando. Porém, ela não concorda com a cobrança do valor integral. A mãe destaca que a escola teve redução de gastos com a suspensão das aulas em energia elétrica, consumo de água e limpeza em geral. Ao mesmo tempo, o isolamento social aumentou os gastos domésticos com as filhas em casa.

“Eu não procurei a escola, pois é contrato e a mensalidade foi disponibilizada até mais cedo para pagar”, diz. Ela destaca ainda que a mesma situação acontece em outros cursos onde as filhas estão matriculadas, cujas mensalidades estão sendo cobradas normalmente. “Não são só as escolas, o inglês por exemplo, a academia de balé das minhas filhas. Tenho duas filhas e terei que arcar com tudo”, diz.

Além disso, ela trabalha no comércio e existe ainda a possibilidade de ter de diminuir a jornada de trabalho, com redução de salário, caso a situação persista. “Se esta situação persistir e a empresa que trabalho tiver que tomar estas decisões, aí terei dificuldades”, afirma.

Outro posicionamento é da profissional em contabilidade Daniela Emilia Mesquita Dutra, que reconhece que terá dificuldade em pagar a mensalidade escolar da filha, mas vai honrar o compromisso, que considera como obrigação no orçamento familiar. Porém, Daniela se coloca contra o pagamento integral do valor.

“Sou contra o pagamento integral da mensalidade. Deve ser feito um enquadramento com o disponibilizado, pois o boleto foi gerado com o valor contratado e sem redução por causa da situação”, opina. A mãe diz que é necessário um desconto nas parcelas, a ser concedido pelas escolas, embora reconheça que as mensalidades estão previstas em contrato. Para ela, os transtornos financeiros decorrentes da pandemia mostram a necessidade de adaptação, não só por parte das escolas, mas também no orçamento doméstico. “As famílias têm que se adaptarem a esta nova realidade a qual pegou todos de surpresa”, diz.

A comerciante Cláudia Gabriela Dias diz que terá dificuldade em pagar a mensalidade do filho. Proprietária de uma loja, ela revela que as vendas caíram 90%. A mãe diz ser necessário um acordo para a redução da mensalidade, pelo menos temporariamente. “Mesmo que tenha reposição, não acho justo no meio dessa situação toda pagarmos integral. Eu, como várias pessoas, não tenho salário fixo e não tenho outra renda. Como que irei fazer?’, questiona

Presidente do Sindicato dos Professores de Minas Gerais (Sinpro) em Uberaba, Marcos Gennari diz que não há nenhuma previsão de reduzir a mensalidade. Segundo ele, as escolas estão funcionando e os professores continuam ministrando aulas, por meio do teletrabalho, com a regulamentação das aulas a distância. Embora não haja redução de mensalidades, ele também informa que muitas escolas já divulgaram que não vão cobrar juros e multas por atraso no pagamento. A situação garante o pagamento dos professores e manutenção das escolas.

Postado originalmente por: JM Online – Uberaba

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