O impacto do voluntariado para a Fundação João de Freitas

Toda segunda-feira, as duas lavadeiras da Fundação Espírita João de Freitas chegam para recomeçar o ciclo de tarefas da semana. Às 7 horas da manhã, elas fazem a devolução das roupas limpas dos idosos e recebem dos residentes as vestes que precisam ser lavadas. Quando os moradores não podem se deslocar, as lavadeiras vão até seus quartos para buscar o que está sujo. As roupas são lavadas e organizadas, sempre identificadas com os nomes dos 85 idosos que vivem lá para que não haja troca. A semana também é preenchida com a higienização e esterilização das roupas utilizadas na enfermaria. Na sexta-feira, uma nova remessa de roupas de cama chega para a dupla, recolhidas, desta vez, por uma equipe de voluntários, pessoas que doam seu tempo para que “máquina” da assistência continue a funcionar de maneira eficiente. Na quarta reportagem da Série Solidariedade, a Tribuna aborda o trabalho dos voluntários que fazem parte da engrenagem da lavanderia da Fundação Espírita João de Freitas, instituição filantrópica que abriga idosos.

Vera Benedito, Eloisa Sales, Vicentina Lovaglio, Rachel Junqueira, Rosa Leal e Ione Moreira fazem parte do grupo responsável pela troca da roupa de cama dos moradores (Fotos: Fabiane Almeida)

Vera Lúcia Benedito, 68 anos, é uma das dez pessoas que ajudam semanalmente na troca de roupa de cama, tarefa primordial para o bom funcionamento da casa. Sem o trabalho dos voluntários, a fundação teria que contratar funcionários para desempenhar tal atividade. O senso de responsabilidade em entender a importância de sua atividade ela herdou dos pais. “Para nós, meninas, a figura do pai é como um herói, e ver seu trabalho voluntário sempre foi um incentivo. Eu também cresci vendo minha mãe ajudando no Instituto Jesus, fazendo almoço na cozinha. Hoje, a minha neta de 12 anos também vem ajudar”, conta. Essa atividade “sagrada”, como ela diz, faz parte de sua rotina há 22 anos. Ao longo desse tempo, Vera já viu passar pela fundação muitos idosos. “Vamos criando vínculos. Muitos são idosos que os filhos não vêm mais visitar”, observa.

Recém-chegada à equipe da troca da roupa de cama, Vicentina Lovaglio, 57, diz que foi atraída para o trabalho voluntário pelo desejo e necessidade de saber lidar melhor com pessoas idosas, já que sua mãe chegou a essa etapa da vida. “A gente passa a ser bem mais paciente e a entender mais. Quero aprender para não errar e poder ajudar nossos filhos ou quem for ficar conosco futuramente, porque também vamos passar por essa fase”, comenta. Já Rachel Junqueira, 59, é enfermeira aposentada, e, décadas após ter conquistado seu diploma em uma faculdade pública, ela acredita que chegou a hora de retribuir à sociedade. “Quero arrumar mais horários para trabalhar aqui como voluntária e procurar outras instituições que me aceite”, conta.

Roupa é lavada na segunda-feira por duas funcionárias

Rotina de trabalho

Antes de iniciarem o trabalho da troca da roupa de cama, realizado todas as sextas-feiras, os voluntários se reúnem às 13h20 para uma prece. Em seguida, se dividem em dois grupos, cada um atende a 12 quartos. Às 15h, a atividade é encerrada. “Os moradores ficam alegres em ver os quartos arrumados e nós ficamos felizes em vê-los satisfeitos. Procuramos fazer como eles gostam”, diz a aposentada Ione do Carmo Silva, 60.

Para profissionais como a lavadeira Janaína Nascimento, 40, funcionária da instituição há 19 anos, esse tipo de colaboração faz toda a diferença para que seu trabalho possa fluir. “Muitos moradores têm dificuldades e não conseguem trocar a roupa de cama. Além disso, os voluntários conversam com os assistidos e veem as necessidades deles. Alguns precisam de cobertores extras ou de trocar um travesseiro, por exemplo”, diz, ressaltando que ter uma roupa bem lavada e passada é uma forma de carinho, o que demonstra aos moradores como os funcionários se importam com eles.

Na sexta-feira, a equipe de voluntários troca toda a roupa de cama

Impacto do voluntariado

A Fundação Espírita João de Freitas, inaugurada em 22 de fevereiro de 1934, foi criada inicialmente para atender viúvas e seus filhos e, anos depois, passou a abrigar apenas idosos. Hoje, moram na instituição 85 pessoas, que são atendidas por 38 funcionários e cerca de cem voluntários. Estes, colaboram tanto para atividades de lazer, como artesanato e cinema, como na área da saúde, como enfermaria e fisioterapia.

O voluntariado tem impacto, sobretudo, nas atividades essenciais para a manutenção da casa, como a produção de alimentos na cozinha, além da troca de roupas de cama. “Se não tivéssemos essa ajuda, a casa não sobreviveria. Esse trabalho diminui os gastos, pois assim não precisamos de mais funcionários. Quem ajuda faz com paixão e carinho, e essas pessoas podem, futuramente, assumir a responsabilidade pela casa”, diz o presidente da fundação, Ronaldo Miranda.

Ciente da importância do trabalho voluntário, seu Augusto Lutz, 83, que há 16 anos mora na fundação, está sempre pronto para auxiliar seus companheiros. Bastante ativo, ele não só ajuda na troca da roupa de cama, como auxilia os cadeirantes e outros colegas com limitações motoras. “Graças a Deus estou bem fisicamente e posso ajudar aqueles que não estão. Ganha quem recebe e ganha quem ajuda”, conclui.

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Postado originalmente por: Tribuna de Minas – Juiz de Fora

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