Apesar das dificuldades enfrentadas, Xaulim entende que este é um momento de trabalhar a “resiliência” e explica que protocolos de saúde estão sendo feitos
O setor de eventos foi o primeiro a interromper as atividades devido à pandemia. Mais de oito meses se passaram e nenhuma previsão de retorno foi divulgada.
Em entrevista à rádio Itatiaia, Carlos Alberto Xaulim, que foi presidente da Associação Brasileira de Promotores de Eventos (Abrape) e atualmente é conselheiro, cobrou respostas sobre quando o setor poderá voltar a trabalhar.
Diferente de outras áreas, quem atua com eventos em momento algum pôde retornar com as atividades, gerando desemprego e o fechamento de muitos negócios. Segundo Xaulim, não dá para precisar em números quantos foram demitidos e quantas empresas fecharam, pois isso acontece constantemente.
No decorrer da pandemia, protocolos estão sendo criados com o auxílio de especialistas para o momento em que os eventos voltarem.
“Nós somos especialistas em manejo, em operação, porque evento é uma atividade perecível e nos obriga a pensar antecipadamente em possíveis problemas. A gente tem direcionado a nossa energia, a nossa experiência, para estabelecer propostas de protocolo, mas sempre conectado com a área de saúde, com a área sanitária, para ver se desse jeito pode ser,” destacou.
Eventos clandestinos
Questionado sobre festas clandestinas, Xaulim destacou que além de prejudicar a população afeta o próprio setor, que acaba levando a responsabilidade pelos eventos irregulares. “As festas clandestinas devem ter uma punição exemplar não só porque prejudicam o setor, mas a sociedade”, disse.
Ele enfatiza que a Abrape e outras instituições condenam este tipo de evento, mas pede que outras áreas também sejam analisadas, como estabelecimentos comerciais e transportes públicos, que muitas vezes não cumprem medidas sanitárias.
Colapso na saúde
A entrevista contou com a participação do professor, infectologista e membro do Comitê de Enfrentamento à Covid-19, Unaí Tupinambás, que ressaltou sua preocupação com um colapso no sistema de saúde. Ele acredita que uma medida mais drástica seja essencial, como fechamento de alguns estabelecimentos comerciais.
O professor chama esses locais de “zonas quentes”, considerados mais propensos a disseminação do vírus, como academias, bares e restaurantes, não incluindo lojas de sapatos e roupas.
Quando uma pessoa está em um bar ou restaurante ela tira a máscara. Além disso, se o local possui música ao vivo, a tendência é de que as pessoas falem mais alto ou comecem a cantar. Neste caso, conforme contou Tupinambás, é como se a pessoa estivesse tossindo, ou seja, a quantidade de vírus espalhados no ar é a mesma.
Ele ainda explicou que 40% da população de Belo Horizonte podem ter o vírus e não se manifestar e que a segunda fase atinge pessoas mais jovens. “Essas pessoas levam o vírus para suas casas e contaminam familiares e amigos,” afirmou o professor.
Perguntando sobre o retorno de eventos, o professor disse que entende a situação, mas que nesse cenário atual acha complexo. “A gente está tendo quase 100 casos por dia de Covid por 100 mil pessoas em Belo Horizonte. Esses dados nos preocupam muito e o impacto da doença começa a ser sentido.”
Para ele, o Estado deve ser cobrado, assim como autoridades nacionais. Tupinambás defende que valerá a pena esperar até março, quando provavelmente a população começará a ser vacinada.
Final de ano
É impossível controlar as reuniões tradicionais de final de ano. Por isso, Tupinambás deu algumas dicas para celebrar o período em segurança, visto que para ele é preciso “calibrar” as orientações. “O melhor seria não fazer as festas, mas acho isso quase impossível. Acredito que as pessoas podem ter uma postura de redução de danos”.
Conforme o professor, pessoas idosas ou que fazem parte do grupo de risco devem ficar mais protegidas nesses ambientes. Os locais para as celebrações devem ser abertos. Além disso, é preciso evitar abraços e beijos. O aconselhável é reunir no máximo 10 pessoas.
Para ele, o comportamento individual é crucial para o controle do coronavírus. “Se todo mundo fosse responsável, se cuidasse e não banalizasse a doença, nós não estaríamos nessa situação”, destaca.
Países como Vietnã, Coréia do Sul, Nova Zelândia e China ainda foram citados como nações que souberam lidar melhor com a pandemia, seguindo todas as recomendações para prevenção à doença.