Na ceia se partilha emoções e é preciso “ressignificar” o Natal, diz psicólogo

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A ceia representa essa união, desde o preparo efetivo do alimento até a celebração, de estar juntos, analisa o psicólogo 

Psicólogo, consultor e palestrante Sérgio Marçal, atual diretor de atenção psicossocial da Prefeitura de Uberaba, explica que a constituição psíquica emocional do ser humano possui importantes elementos afetivos, sociais e relacionais que são reforçados pelo Natal. Ele destaca que é por meio da ceia natalina, que representa a reunião e a partilha, que estes elementos são renovados. “A ceia representa essa união, desde o preparo efetivo do alimento até a celebração, de estar juntos, e reforça o sentido de cuidado que nós necessitamos para estar saudáveis emocionalmente”, explica.

Este ano, em especial, por conta da pandemia, Sérgio Marçal explica que há elementos novos para a sociedade e, por isso, é preciso ‘ressignificar’ o Natal. “Este ano nos mostrou a nossa impotência diante de fatos que fogem do nosso controle”, explica.

Segundo ele, as pessoas tentam controlar emocionalmente o ambiente, a rotina, a agenda e os fatos para ter a “sensação de segurança” para poder lidar com a ansiedade e até com o sentimento de desamparo. “Mas, a pandemia descortinou tudo isso e mostrou nossa impotência”, avalia. Por isso, Marçal recomenda que as pessoas olhem mais umas para as outras e compreendam que a ciência e a razão, que sempre nortearam a sociedade, não deram conta de responder ao fato social grave, que é a maior crise sanitária do mundo – a pandemia do novo coronavírus. “O que nos restou foi o afeto, o cuidar uns dos outros e a solidariedade”, diz.

Dentro deste entendimento, o psicólogo acredita que este Natal será importante para que as pessoas se aproximem afetivamente e possam falar umas para as outras sobre o amor, até direcionando para aquelas que se foram, vítimas da Covid-19. “Mesmo não estando com o corpo presente, o amor não deixou de existir e continuamos amando nosso ente querido que morreu na pandemia”, diz.

Por não ser possível reunir com muitas pessoas, ele propõe uma ceia de afeto, onde as pessoas possam ter a oportunidade de partilhar as emoções e falar sobre os sentimentos que têm uns para com os outros. “Vamos partilhar afetos, que não dependem de estar juntos. Vamos dizer para as pessoas que elas são importantes em nossa vida porque a gente cresce uns com os outros. Temos que ‘ressignificar’ a importância das pessoas em nossas vidas”, diz.

Sérgio Marçal diz que em um momento de crise gerada pela pandemia o que fortalece é a afetividade e o cuidado. “E talvez, o grande ensinamento desse momento sobre a importância dos valores humanos, que nos permitirão sair dessa impotência, solidão e desamparo para que possamos enxergar uns aos outros, pontes que vão nos religar à nossa essência de grupo, de família”, diz o profissional, ressaltando que a grande oportunidade deste Natal será encerrar um ano desafiador, “não com dor, mas mais fortes e com gratidão, reforçando a nossa plasticidade emocional, a resiliência e construindo esperança e força para construir um novo ano, ainda melhor, também enfrentando os desafios como oportunidades de crescimento e não com sofrimento. E desta forma nós vamos ressignificando a nossa existência e nos fortalecendo como sociedade”, finaliza. 

Postado originalmente por: JM Online – Uberaba

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