A moda vai muito além das belíssimas peças da Libertees, já que o mais belo vem das atitudes empáticas
O Minas Trend é uma grande porta para fechar ótimos negócios e ficar por dentro de todas as tendências da moda, mas também é um local recheado de boas histórias.
Nesta edição, a Libertees Brasil mostrou que o ‘match’ perfeito é a união do setor com a ação social. A marca foi criada em 2017 com o objetivo de proporcionar visibilidade a um problema social: o aumento do número de mulheres privadas de liberdade.
“Foi nessa evolução, conhecendo um pouco o que acontece dentro da penitenciária que a gente teve a ideia de lançar a marca. E não poderia ser uma marca que não fosse bonita, ela teria que ser uma marca super bacana, com qualidade. Não é uma marca assistencialista, a gente queria causar um impacto das pessoas, que na hora que elas vissem a peça se apaixonassem pela sua beleza e pelo história”, contou Marcella Mafra, empreendedora da marca.
Inclusive, o nome escolhido pela marca faz alusão à liberdade, sentimento tão desejado por essas mulheres. “O maior desafio que a gente tem dentro da empresa é o desapego, já que recebemos as meninas querendo que elas vão embora o mais rápido possível. Libertees é de liberdade”, destacou Mafra.
Além de lutar por uma causa social, a Libertees se preocupa também com o meio ambiente, visto que desde o início utilizam tecidos ecológicos. “O sócio não se separa do ambiental. A marca já tem e DNA. Não precisamos nos adaptar, ela já nasceu dessa forma.”
“A marca, por si só, já é sustentável. Ela nasceu para tentar diminuir esse impacto social e trabalhar a questão ambiental” , disse Marcella Mafra.
Visando esse propósito, a Libertees utiliza os resíduos das peças para confeccionar bolsas, que também são feitas dentro das penitenciárias.
Na verdade, todo o processo funciona dentro dos presídios, a fábrica fica em um galpão cedido pelo local. O projeto teve início no Complexo Penitenciário Feminino Estevão Pinto, localizado em Belo Horizonte.
Entretanto, há um ano, a ação social está paralisada devido a pandemia de Covid-19. Com isso, a Libertees começou o projeto em outro local, na APAC – Associação de Proteção e Assistência aos Condenados), ou seja, atualmente, a marca possuí duas unidades produtivas neste formato.
A empresa também é responsável pelo processo de treinamento, qualificação profissional e educacional. “Nosso papel é capacitar as meninas dentro da penitenciária. Já passaram por nós mais de 100 mulheres. A gente já impactou a vida de muitas mulheres”, ressaltou.
Marcella ainda revelou que muitas mulheres buscam o projeto pela remição de pena, sendo a cada três dias trabalhados, e remuneração, cerca de 3/4 do salário mínimo. Mas ao longo do processo as participantes vão se descobrindo costureiras.
A ação do projeto é tão incisiva que de 9 mulheres, 5 conquistaram um novo lugar na sociedade. “Uma virou vitrinista, outra gestora de produção, outra cuidadora, a outra foi para o interior e montou uma lanchonete e a costureira. Já as outras quatro foram para a APAC.”
“Sobre a mulher, o empoderamento no sentido dela sair e enfrentar a sociedade, poder recomeçar a vida, esse é o nosso papel” , disse Marcella.
Porém, não é só a Libertess que agrega esperança, amor, cuidado e respeito à essas mulheres, elas também contribuem para a existência da marca. “A marca é para elas. Elas agregaram tudo o que te aqui.” Inclusive, a última coleção desfilou em Milão, em setembro.
“Elas se setem representadas. É isso que a gente precisa levar para elas: esperança”, destacou Mafra.
A empreendedora da marca ainda ressaltou que as mulheres em situação de cárcere acompanhando todo o processo da marca e vibram juntas. “Isso aí é a nossa gratidão pelo trabalho.”
Essa belíssima história só mostra que responsabilidade social é um dever de todos e que a moda vai além das peças.
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Produção, reportagem e edição: Gabrielle Junqueira
Imagens: Gleisson Correia