MINAS GERAIS | Mães relatam emoção de superar covid-19 e retornar para a família

“Não precisava me dar nada, só estar com vocês já é um presente pra mim”. Quantas vezes uma mãe não fala isso para seus filhos? E quantas delas vão estar ausentes ou sentirão a ausência de um filho nesses tempos sombrios de pandemia? Em uma data especial como o Dia das Mães, a presença, mesmo que não seja física, é motivo de celebração e será lembrada como vitória por muitas famílias.

São milhares de mães que, atualmente, enfrentam as rotinas de plantão e longas jornadas de trabalho para atender aos casos de covid-19 nas unidades de Saúde, assim como em outros locais de trabalho. Mães que, muitas vezes, cuidam de outras mães e, com empatia ímpar, se colocam no lugar delas.

Na luta pela vida, essas mulheres se encontraram. E, neste contexto, as pacientes relatam a emoção de poderem retribuir esse carinho – não só às mães, mas a todos profissionais de Saúde que foram fundamentais para a recuperação de cada uma e, consequentemente, possibilitaram a elas passar mais um Dia das Mães com seus filhos.

Alta em família

 

Mailde Neves foi internada no Hospital Eduardo de Menezes (HEM) – referência em Minas Gerais no atendimento à covid-19 – no dia seguinte à internação de sua mãe, Dona Abeti, na mesma unidade.

Dona Abeti, de 82 anos, é mãe de dez filhos e ainda se recupera da doença. “Mesmo não podendo nos aglomerar, será um dia diferente para nós. Só posso agradecer a Deus e à equipe do hospital por ela estar viva, e esperamos que tenha muitos anos de vida pela frente”, diz Mailde.

As duas não tiveram complicações e permaneceram na Enfermaria por poucos dias. Tiveram alta na mesma data: 28 de abril. Por causa da idade, Dona Abeti ainda sente muito cansaço, mas Mailde segue melhor.

Dona Abeti e Mailde receberam alta no mesmo dia (Fhemig / Divulgação)

Acolhimento

Mesmo com dificuldades para falar e ainda se recuperando também, Maria do Perpétuo Lima faz questão de expressar sua gratidão e a alegria de reencontrar os filhos, de 27 e 35 anos, e a neta, de 7 anos. “Temos apenas uma vaga ideia dessa doença até passar por ela. Tive medo todo o tempo, fui para o semi-intensivo e ficava nervosa ao pensar que poderiam me intubar a qualquer momento”, lembra.

Ela mantinha contato com a família pelo celular, mas reconhece que o acolhimento da equipe do Eduardo de Menezes ajudou demais no processo de recuperação. “Foram fantásticos, me deram carinho e atenção. Preciso agradecer a Deus e a eles pela minha vida, pela oportunidade que me deram de passar esse dia com minha família”.

Maria do Perpétuo também teve alta no final de abril, depois de nove dias internada.

Maria do Perpétuo e sua família (Fhemig / Divulgação)

Gestação na pandemia

Para a jovem Ana Carolina Santos, de 26 anos, o Dia das Mães de 2021, com certeza, será o mais especial de sua vida. Após ser diagnosticada com covid-19, com 35 semanas de gestação, Ana poderá passar a data reunida com a família, que também comemora a chegada do caçula Heitor, de 1 mês.

Ana Carolina percebeu os primeiros sintomas da doença em 20 de março, quando já se preparava para dar à luz: coriza, dor nas costas, desânimo e um calor fora do normal fizeram com que ela procurasse a Maternidade Odete Valadares (MOV), onde fez exames que ainda não comprovaram a presença do coronavírus. “Lá, tomei soro na veia, pois não estava me alimentando direito, e fui orientada a procurar o Hospital Júlia Kubitschek (HJK) – referência no atendimento a gestantes com covid-19 – caso não melhorasse em 48 horas”, conta.

No dia seguinte, Ana Carolina começou a ter falta de ar e se dirigiu imediatamente ao HJK. Na unidade da Rede Fhemig, a jovem realizou todos os exames, incluindo novamente o da covid-19 que, desta vez, deu positivo. Assim, foi admitida em uma ala para pacientes com a confirmação da doença para receber oxigênio. “Nesse momento, o médico comunicou que meus pulmões estavam totalmente comprometidos e precisei ser encaminhada para ventilação mecânica. Só que não consegui ficar lá nem duas horas, pois estava nervosa e com muito medo”, relata.

Devido à sua piora, Ana Carolina teve que ser internada no CTI, onde foi comunicada sobre a necessidade de uma cesariana de urgência. Segundo a jovem, os médicos conversaram com seu marido e avisaram que o caso era grave. “Eu pensei que iriam realizar o parto para melhorar minha respiração, mas depois descobri que o motivo era a necessidade de intubação”, explica.

Mesmo com algumas intercorrências durante a cesariana, como uma hemorragia, Heitor nasceu sem complicações, no dia 28 de março. A jovem foi intubada logo após o parto e não pôde ter contato com o filho. Dois dias depois, apresentou melhora significativa e teve alta do CTI. Na Enfermaria, viu o bebê, trazido pelo pai, apenas de longe. Poucos dias depois, Ana Carolina teve alta do hospital e pôde, finalmente, abraçar seu filho caçula.

“Não tem como explicar a felicidade que senti. Era uma ansiedade, misturada com emoção, estava louca para chegar em casa para poder pegá-lo no colo”, conta.

Ana Carolina não vê a hora de passar o primeiro Dia das Mães junto a seus três filhos – ela já é mãe de Wallyson Matheus, de 9, e Anna Vitória, de 5 anos. “Sinto-me uma guerreira e uma enorme gratidão pela chance de ter uma nova vida”, diz.

Ana Carolina e a família, ainda à espera do caçula Heitor (Fhemig / Divulgação)

Da angústia ao agradecimento

A vendedora Beatriz Maria Oliveira dos Santos, de 55 anos, acompanhava, nervosa, os casos de covid-19 que vinham aparecendo entre colegas, familiares e vizinhos. “Muita gente que eu conhecia faleceu com essa doença. Uma ex-colega perdeu quase toda a família”, conta.

Beatriz é mãe de três filhos: uma de 29 anos e gêmeos de 18. O marido, transplantando de coração, se recuperou recentemente da infecção pelo coronavírus. Com a aproximação do perigo, ela lembra que ficou apavorada quando apareceram os primeiros sintomas: “Entreguei minha vida nas mãos de Deus”.

O pulmão de Beatriz chegou a ficar totalmente tomado pela doença, mas o quadro não se agravou. “Pensava a todo momento em minha família, fazia videochamada com a ajuda da equipe, que me deu muito apoio e atenção”, relembra. Segundo ela, o atendimento no Hospital Eduardo de Menezes foi fundamental em sua recuperação.

“Peço a Deus pela vida de cada um deles, foi uma prova de amor incondicional a forma como fui tratada todos os dias. Fico emocionada quando me lembro do rosto de cada um, das palavras de esperança”.

Já em casa, ela diz que, agora, a angústia e o medo deram lugar à gratidão. “A vida é uma dádiva e estou muito feliz de poder passar o Dia das Mães com minha ninhada”, afirma.

Mães guerreiras

Em Patos de Minas, a gari Leandra Bruna da Silva Caixeta, de 37 anos, passará o Dia das Mães deste ano na companhia de toda a família, após 41 dias de internação, sendo 27 deles em ventilação mecânica, por causa da covid-19. A mãe do jovem Juan Pedro, de 17 anos, testou positivo para a doença no dia 3 de março, após apresentar falta de ar. “Os sintomas foram só piorando com o passar dos dias. No dia 11 de março, fui para o hospital de campanha, já bem grave. Fui intubada na mesma hora”, relata.

Após 21 dias de internação, Leandra foi transferida para o Hospital Regional Antônio Dias (HRAD), da Fhemig, devido a uma complicação em seu quadro. Em seis dias, já teve a ventilação mecânica retirada e, pouco depois, seguiu para a Enfermaria, totalizando 20 dias de internação na unidade.

“Quando acordei no hospital, fiquei muito nervosa, só pensava no meu filho, na minha família, perguntava por eles o tempo todo. Foi muito difícil ficar todo esse tempo longe deles”, recorda.

No dia de sua alta, foi surpreendida, na porta do HRAD, por familiares e amigos, que foram recebê-la e celebrar sua vitória. “Foi emocionante demais. Só então pude ver meu filho, depois de tantos dias. Senti muita saudade, sou muito apegada a ele”, completa.

Por conta de sequelas da covid-19, Leandra ainda está acamada e faz sessões de fisioterapia três vezes por semana. Atualmente, recebe ajuda da mãe e do irmão na rotina diária.

“Perdi os movimentos das pernas e do braço esquerdo. Agradeço a Deus, primeiramente, por estar viva, aos meus familiares e amigos, pela corrente de oração que fizeram pela minha recuperação, e aos profissionais do HRAD, que cuidaram tão bem de mim. A todas as mães que se encontram internadas, gostaria de dizer: não desistam. Sejam guerreiras, como eu fui, lutem até o fim pela própria vida. E que a vitória venha rapidamente”, conclui.

Leandra e o filho, Juan Pedro (Fhemig / Divulgação)

 

Fonte: Agência Minas

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Postado originalmente por: Portal Onda Sul – Carmo do Rio Claro

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