Minas Gerais é protagonista em biotecnologia aplicada à saúde

Estado possui o maior número de indústrias de biotecnologia e as empresas concentram o maior faturamento nacional

Minas Gerais pode ser considerada a protagonista do Brasil no que diz respeito a aplicação da biotecnologia nas áreas de saúde humana e animal. O Estado possui o maior número de fabricantes do setor no País e entrega o maior faturamento entre as unidades da Federação.

Conforme a presidente da Associação Nacional de Empresas de Biotecnologia e Ciências da Vida (Anbiotec Brasil), Vanessa Silva da Silva, de um total de 50 companhias associadas à entidade, Minas tem de 25 a 30 indústrias. Essas empresas, segundo ela, são as principais fabricantes de diagnósticos e representam 30% da entrega do mercado nacional.

Especificamente sobre os associados do ramo da biotecnologia aplicada à saúde humana, a dirigente ressalta que o setor movimenta cerca de R$ 12 bilhões no País. Deste montante, 25%, ou R$ 3 bilhões, provém de indústrias instaladas no território mineiro.

Já em relação à biotecnologia empregue na saúde animal, Vanessa Silva da Silva destaca que a cadeia de diagnóstico in vitro veterinário (IVD) no Brasil produz R$ 60 milhões. Desta quantia, 10% advêm de empresas brasileiras e integrantes da Anbiotec Brasil, sendo que a maior parcela são companhias de Minas. O restante é produzido fora e importado pelo País.

“Temos uma força produtiva que sai de Minas Gerais. A gente entende que nos outros estados como São Paulo tem as áreas comerciais, mas a ciência, tecnologia e a fabricação de produtos inovadores acontece em Minas. Então, temos muito orgulho de anunciar isso sempre”, diz.

De acordo com ela, com foco em biotecnologia na área de saúde humana, o Estado concentra empresas na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) com relevante expertise. Mas outros polos como Barbacena também tem indústrias com extrema competência.

Mais voltado para a biotecnologia no melhoramento genético animal e outras soluções para o agronegócio, a presidente da Anbiotec Brasil afirma haver um forte trabalho em Uberaba e Uberlândia. O município de Viçosa também é um polo mineiro, porém ligado à pesquisa.

Burocracia e falta de políticas públicas são desafios

As empresas de biotecnologia ainda enfrentam vários desafios no Brasil. Um deles, para Vanessa Silva da Silva, se trata da dificuldade em se instalar no País e ser competitiva frente ao mercado global.

Conforme ela, existem países que concedem grandes incentivos para a fabricação de produtos inovadores. Além disso, as companhias sofrem com impasses relacionados à legislação, como a demora para obter os registros e autorizações sanitárias.

“Esse é um desafio para o empresário. Diversas vezes, ele não consegue tirar um simples alvará em menos de três meses. Então existem algumas coisas que ainda estamos muito aquém do que já existe em vários lugares do mundo. A burocracia que muitas vezes não é só tarifária e outras barreiras não econômicas que são importantes de serem colocadas”, salienta.

Outro desafio para a dirigente se refere à falta de políticas públicas direcionadas à saúde. Ela destaca que o Ministério da Saúde vem anunciando publicamente que 70% da compra do Sistema Único de Saúde (SUS) será do mercado nacional. No entanto, é preciso discutir como esses produtos inovadores chegarão até a população.

Ainda segundo Vanessa Silva da Silva, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aprovou um decreto para retomar um grupo econômico criado no passado. O propósito é entender como o governo pode apoiar as empresas brasileiras a desenvolver cada vez mais produtos no País. E como esses itens podem chegar à população com agilidade e segurança.

Acordos com a UFMG e Inatel para fortalecimento do setor

Para debater como levar o acesso da saúde de qualidade a milhões de brasileiros, a associação realiza, entre hoje e quinta-feira (25), o 4º Fórum de Inovação Anbiotec Brasil: Edição Hospitalar 2023. O evento, que ocorre em São Paulo, reúne diversos atores do setor, além de integrantes de alguns ministérios do governo.

Durante o encontro desta terça-feira, também haverá assinaturas de parcerias para o fortalecimento da indústria brasileira de saúde e biotecnologia.

Serão assinados acordos para soluções de conectividade, utilizando tecnologias de inteligência artificial, 5G/6G, indústria 4.0, inteligência artificial, internet das coisas (IoT), com a Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel), sediado no município mineiro de Santa Rita do Sapucaí, e com Universidade Federal de Campinas (Unicamp).

E terão assinaturas de acordos para fortalecer a indústria nacional de biotecnologia, utilizando a ciência, a pesquisa, o desenvolvimento e a inovação das universidades brasileiras, com a Rede Nordeste de Biotecnologia (Renorbio) e com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

As informações são do Diário do Comércio.

Foto: Anbiotec Brasil/Divulgação

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