Um estudo revela que 2,5 milhões de pessoas serão infectadas pelo novo coronavírus (Covid-19) em Minas Gerais até o pico do surto, previsto para acontecer entre 27 de abril e 11 de maio. A análise foi realizada pelo professor Rafael Ribeiro, do Grupo de Políticas Públicas e Desenvolvimento (GPPD), vinculado à Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Já no estado de São Paulo, que deverá atingir o auge da pandemia entre 22 abril e 6 de maio, a estimativa é de 4,1 milhões de infectados.
De acordo com a UFMG, o professor publicou duas notas técnicas que descrevem exercícios baseados no modelo epidemiológico SIR (suscetível, infectado, recuperado), desenvolvido por Kermack e McKendrick em 1927. “O modelo divide a população em pessoas suscetíveis, infectadas e recuperadas; a partir daí, busca resolver um sistema de equações diferenciais que utiliza, entre outros fatores, coeficientes de contágio e de recuperação. A base de dados é composta por números do Ministério da Saúde sobre casos confirmados e estimativas do IBGE sobre tamanho da população de cada estado, em 2019”, explicou a universidade. Em Minas, foi levado em conta o número de 21 milhões de habitantes.
Para o estado do Rio de Janeiro, os cálculos sugerem que o pico será entre 7 e 21 de maio e que haverá cerca de 2,1 milhões de pessoas com a Covid-19. Já no Distrito Federal, o surto terá seu ápice de 2 a 16 de maio, com possíveis 360 mil infectados. O estudo também sugere que no Ceará a contaminação será muito alta, proporcionalmente. Em meados de abril, o coronavírus atingiria cerca de 1,85 milhões de pessoas, de um total de 9 milhões de habitantes.
O pesquisador também calculou a taxa de reprodução do vírus, ou seja, o número médio de pessoas saudáveis que cada portador da Covid-19 contaminaria. Em Minas, seria 1,82, índice próximo ao do Rio de Janeiro (1,83) e do Distrito Federal (1,80). São Paulo apresenta o mais baixo, com 1,65, e o estado do Ceará, o mais alto: 2,31.
Ainda conforme a análise, para efeito de comparação, “estudos para algumas províncias da China mostram que essa razão está um pouco acima de 2. Os resultados para os estados brasileiros estão um pouco abaixo desse valor, exceto no caso do Ceará, mas vale ressaltar que subnotificações nos estágios iniciais podem resultar em coeficientes mais baixos. Além disso, o fato de o Brasil ter tido tempo de colher informações da experiência internacional e adotado medidas de mitigação mais cedo em relação aos países europeus, por exemplo, pode contribuir para que essa razão não esteja bastante elevada para a maioria dos estados avaliados aqui.”
De acordo com o trabalho apresentado, os resultados são válidos se nenhuma medida adicional for adotada. Diante disso, ações mais duras de mitigação e contenção são consideradas importantes. “Medidas como a aprovação pelo Congresso Nacional de uma renda emergencial de até R$ 1.200 para famílias de autônomos, microempreendedores individuais e desempregados, se efetivas no propósito de manter o distanciamento social, podem de fato achatar as curvas e reduzir significativamente a taxa de transmissão do vírus”, concluiu Rafael Ribeiro.
Postado originalmente por: Tribuna de Minas – Juiz de Fora