Mãe que teve Covid conhece o filho quase um mês depois do parto

Depois do alô, chorinho de bebê. Era do Davi que estava no colo da mãe dele, durante todo o tempo da entrevista para essa reportagem. Se a mãe dele, Marluce de Almeida Oliveira, de 33 anos, queria tirá-lo do colo? Jamais! Nem precisava! Ela e Davi, que completou um mês de vida no dia da entrevista, na última sexta-feira (7), estão inseparáveis, desde 4 de maio, quando eles se encontraram e se tocaram pela primeira vez.

Marluce teve Covid-19, ficou em estado grave e precisou realizar uma cesariana no Hospital João Penido. O pequeno Davi nasceu e, como também testou positivo, logo foi internado. Mãe e filho ficaram separados durante 27 dias. Depois do parto, Marluce foi para a intubação e Davi, para a UTI Neonatal. A história de mãe e filho é uma história de superação e de vontade de viver. Um presente para este Dia das Mães, que Marluce nunca poderá esquecer.

Durante a entrevista, ela contou que descobriu que tinha sido infectada pelo coronavírus no dia 3 de abril, quando estava no oitavo mês de gravidez ou, mais precisamente como ele enfatizou, na trigésima terceira semana de gestação. “Eu estava com febre, com vômito e acabei indo ao hospital, onde fiz o teste e descobri. Isso aconteceu no Rio, mas minha obstetra é daqui de Juiz de Fora, porque minha família é daqui, mas eu moro lá. Depois de descobrir, minha médica pediu para que eu viesse para Juiz de Fora a fim de que ela pudesse me acompanhar mais de perto.”

Aqui na cidade, o estado de Marluce se agravou, e ela foi orientada pela obstetra a procurar atendimento. “Eu estava sentindo muita falta de ar, e ela pediu que fosse a um hospital que tivesse uma UTI neonatal, porque, caso eu precisasse para meu filho, isso facilitaria. Quando eu cheguei no Hospital João Penido, no dia 7 de abril, com muita falta de ar, fui muito bem recebida e já fui direto para o oxigênio, mas minha situação se agravou muito ao longo do dia. Tiveram que fazer uma cesariana, porque minha oxigenação estava muito baixa”, contou, ressaltando que graças ao acolhimento que recebeu da equipe do hospital duas vidas foram salvas.

Cristina Medeiros trabalha há 25 anos no setor de terapia intensiva e diz que coronavírus é diferente de tudo que já vivenciou (Foto: Bárbara Landim)

Depois que nasceu, o bebê ficou na UTI até a última terça-feira (4), totalizando 27 dias de terapia intensiva. “Tenho que dar graças a Deus, porque tivemos um atendimento muito bom no hospital, com a equipe o tempo todo preocupada conosco, tentando salvar as duas vidas, porque eu estava com muita infecção. Todo esse cuidado foi fundamental.

Marluce passou sete dias intubada, mais dois na UTI e quatro dias de enfermaria. “Depois que tive alta, fiquei os dias de isolamento em casa. Tivemos todo o suporte e uma psicóloga do hospital fazia chamada de vídeo para a gente poder ver o Davi. Ter um filho e estar distante dele, sem ter a certeza do que está acontecendo, sem visitar, isso deu insegurança, mas, graças ao suporte que tivemos, conseguimos passar por isso de uma forma menos traumática”, avaliou.

Dias difíceis

Os dias de separação foram muito difíceis, conta Marluce, porque o esposo dela, Carlos Eduardo Cavalcante de Oliveira, 40, tinha perdido a mãe dele em decorrência da Covid três dias antes do nascimento de Davi. “Ter o filho nessa situação não foi fácil. Para meu esposo, ver nós dois intubados depois da perda da mãe, fez com que precisasse de apoio psicológico aqui no hospital. Nossa história é de superação. É um milagre, porque eu cheguei grave, passei por cesariana, e o Davi nasceu desacordado, pois teve uma parada cardiorrespiratória. E o milagre da vida contou com os médicos que estavam conosco. A equipe que me recebeu na chegada foi a mesma que estava aqui no meu dia de alta. Foi uma alegria só, com gente chorando de felicidade”.

Segundo Marluce, que é mãe de primeira viagem, ainda não há previsão de alta do filho. “Ele está fazendo tratamento com antibiótico durante 15 dias, depois tem que passar por exames e ter alta. Mas está tudo bem e daqui a pouco estaremos em casa. Esse é meu maior presente do Dia das Mães”.

Ao longo de toda a entrevista, Marluce permaneceu com Davi no colo. Eles estavam na enfermaria do Hospital João Penido, onde a mãe não se contentava de alegria, porque além de tê-lo nos seus braços, ele estava completando um mês de vida. “Foi muito emocionante ver meu filho saindo da UTI. Chorei demais, mas o importante é que hoje ele já está até mamando no meu peito e, mesmo depois de 30 dias, conseguimos resgatar o elo entre mãe e filho.”

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Postado originalmente por: Tribuna de Minas – Juiz de Fora

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