Misturando rabeca e atabaques, single vai ao ar no dia 22 de outubro (quinta-feira), abrindo espaço para o segundo álbum da musicista mineira; na véspera, dia 20, às 20h, artista fará live com o catarinense Marcelo Portela, em ação de pré-lançamento do álbum
Primeiro single do disco “No Passo da Rabeca”, da instrumentista mineira Letícia Coelho, “Baião de Oyá” descortina, em seu próprio título, as tantas referências e sonoridades que o atravessam. Ao dar o play, então, o ouvinte se põe diante de um rico panteão de elementos rítmicos, melódicos e estéticos que costuram a faixa: o arranjo que mistura baião e toque de candomblé; a fusão sonora entre atabaques, flautas e contrabaixo; e, claro, o protagonismo da rabeca, força motriz do segundo álbum da artista, cujo lançamento acontece em novembro. Abre-alas do trabalho, um dos raros trabalhos de composição autoral dedicados à rabeca nos últimos anos, “Baião de Oyá” chega às plataformas digitais no dia 21 de outubro, quinta-feira. Na véspera, quarta-feira, dia 20, às 20h, a instrumentista fará uma live, pelo Instagram, com a participação do músico e compositor catarinense Marcelo Portela. A transmissão ao vivo faz parte de uma série de conversas com rabequeiras e rabequeiros do Brasil, ações de \pré-lanç\amento do disco.
🡪 Escute “Baião de Oyá”, de Letícia Coelho (link especial para a imprensa)
Letícia Coelho conta que “Baião de Oyá” foi composta “na solidão da pandemia”, depois que ela começou a revisitar gravações de aulas de percussão feitas com Alexandre Buda, ogã e professor de percussão de tambores da tradição Ketu em São Paulo. “Somaram-se a esse processo aprendizados e experimentações que guardo com a rabeca desde que comecei a estudar o instrumento. A corporeidade e o pé de dança, como se chamam os passos dançados para cada orixá, também estão na composição. Está mais para uma rotatória aberta, de encontro de saídas e possibilidades, que um mosaico musical linear”, completa a musicista, que define “No Passo da Rabeca”, seu segundo trabalho autoral, como um “disco-trajetória”.
Ainda de acordo com a musicista, a faixa se apresenta como uma potente abre-alas, oferecendo uma pré-escuta do que está por vir em seu novo álbum, sucessor do elogiado “Brota” (2018). “O disco tem forró, baião, cavalo marinho, chegança, entre outros ritmos da tradição popular. A escolha de ‘Baião de Oyá’ como single de estreia deu-se justamente por essa composição ser uma brecha. Uma proposta sonora que não deixa de estar na tradição, mas permite um encontro novo”, afirma Coelho. “O Daró, nome do toque tocado para a orixá Oyá no candomblé Ketu, contém em si o fundamento de diversos ritmos brasileiros, como maxixe e o próprio baião, à minha escuta de pesquisadora de ritmos. Minha intenção é contar essa história, essa ancestralidade nossa afrocentrada, usando o som”, explica.
“No Passo da Rabeca”
Para traçar essa e outras narrativas sonoras, Letícia vale-se da rabeca em suas múltiplas possibilidades. “A linha-guia do disco está na potência do instrumento. A rabeca pergunta: para onde você vai me levar? Daí, abre -se a possibilidade de criar”, reflete a musicista, que gravou o álbum em diferentes lugares do país, com a participação de musicistas e engenheiros de som diversos, além de assinar a produção musical do trabalho. “Esse ‘disco-trajetória’ mostra que a rabeca tem lugar em várias linguagens e rítmicas brasileiras. Com a presença do músico caboverdiano Jeff Nefferkturu, brincamos também com esse trânsito rítmico-poético diaspórico entre Brasil e África. O disco traz uma ‘alquimização’ de trajetos por meio da rabeca, como se a cada música um novo caminho fosse traçado, valorizando encontros, trajetórias e riqueza teórica e sonora”.
Para Coelho, o álbum difere-se de seu antecessor ao trazer uma proposta mais crua e plural, em todos os sentidos. “Este disco tem mais ‘poeira’, tanto do trajeto que emerge no som quanto das sonoridades múltiplas, pois o disco foi captado em diversos estúdios, home studios e gravadores”, conta. “‘No Passo da Rabeca’ traz a possibilidade de se arriscar seguindo os encontros e as descobertas que acontecem na relação com esse instrumento musical tão generoso. É um álbum que, por meio da trajetória de seus fonogramas, mostra-se mais que um produto musical finalizado, mas uma rotatória de possíveis caminhos-pessoas”.
Sobre Letícia Coelho
Letícia é multiartista, pesquisadora e professora. Iniciou sua trajetória na Zona da Mata mineira, em Amparo do Serra, onde cresceu e perseguiu o desejo de aprender com Mestres e Mestras dos chamados brinquedos populares brasileiros. Se formou percussionista e rabequeira através do aprendizado oral e seguiu os estudos e pesquisas sobre formas de “aprender a aprender”. Compositora e multi-instrumentista, lançou em 2018 seu primeiro disco, “Brota” – o qual produziu e compôs todas as músicas -, mencionado como um dos dez melhores discos do ano em Santa Catarina.
Estudou com Mestres da cultura popular, mas também possui trajetória acadêmica. Realizou pesquisas sobre epistemologias do saber, rítmicas, construções sobre natureza e cultura, mitos e lendas afro-ameríndias, ensino de música na tradição popular, organização e construção de instrumentos musicais, processos de composição musical e processos de criação e investigação auto-etnográficos.
É Mestre em Antropologia Social/Etnomusicologia (UFSC), possui Licenciatura em Música (UDESC), Licenciatura e Bacharelado em Ciências Biológicas – Botânica (UFV). Recebeu, em 2020, o “Prêmio FUNARTE” pelo projeto cultural “Samba da da Lê”, junto com Casaria, que reúne compositores e mestres populares em encontros musicais em registro audiovisual. Também roteirista e diretora de cinema, produziu curtas que entraram em festivais internacionais de cinema independente.
Integrou a seleção oficial do “VII Festival Internacional Cubo de Cinema em Língua Portuguesa” e também do “Virgínia Dares Awards for Decolonizing Midia (EUA)”, em 2020, com o curta “Quarentena de Pé (Footloose in Lockdown)”, em que propõe trilha sonora inspirada no Cavalo Marinho Pernambucano. Neste ano, integrou a “II Bienal de Gênero” com a vídeo-performance “648 Goles”, dirigida e editada em parceria com a artista plástica Gaya Rachel. Em agosto de 2021, publicou seu primeiro livro infantil, “Quintal da Fifi”, aprovado na Lei Aldir Blanc com lettering acessível a portadores de dislexia.
Ministra de forma online o curso de formação livre “Entre Corpos, Toadas e Batuques”,sobre a temática que conecta o aprendizado da percussão com canto e dança partindo dos brinquedos populares brasileiros. Integra o Curso de Formação em Educação Musical Steineriana ONLINE como professora de rabeca. É professora do curso de Formação de Educadores em Educação Musical – Descubra a Orquestra ONLINE- da Fundação OSESP (Sala São Paulo).
As informações são de Floriano Comunicação.