Legislativo e radiodifusores dos EUA pressionam indústria automotiva pela manutenção de rádio AM em carros elétricos

Segundo levantamento feito nos Estados Unidos, 75%  das pessoas ouvem rádio AM/FM nos carros

Membros do Legislativo e radiodifusores dos Estados Unidos estão pressionando a indústria automotiva pela manutenção de sintonizadores de rádio AM nos carros totalmente elétricos. Existe a preocupação no país de que a tendência entre as montadoras pudesse ganhar força de forma a tornar inviável a operação contínua de uma estação de rádio AM, já que os fabricantes de veículos elétricos que estão deliberadamente deixando de fora os receptores com dial AM.

Uma pesquisa realizada nos Estados Unidos revelou que quase todos os compradores de carros querem um receptor de rádio como uma ferramenta padrão dos veículos. O estudo foi realizado pela Edison Research e também aponta que a disponibilidade de rádio tem um grande impacto nas decisões de compra de veículos dos consumidores. Ou seja, 81% dos compradores em potencial nos Estados Unidos estariam menos dispostos a comprar ou alugar um veículo que não esteja equipado com um receptor de rádio.

Com isso, a remoção do rádio AM não apenas reduz o alcance potencial de suas estações (o que tem implicações comerciais óbvias para as emissoras que usam frequências de rádio AM), mas também abre a porta para as montadoras encontrarem um motivo para abandonar o sintonizador FM também. É importante frisar que, na pesquisa da Edison Research, 89% dos compradores recentes e potenciais de automóveis, os veículos devem contar com um “sintonizador de rádios” disponível, como uma ferramenta padrão.

Os fabricantes de veículos elétricos dizem que a questão é mais complicada do que as emissoras gostariam de admitir. Segundo eles, os motores usados pelos veículos elétricos geram interferência, dizem eles, e essa interferência cria estática irritante na banda de rádio AM.

Em 2018, o Wall Street Journal observou que os veículos da Tesla usavam um motor elétrico que criava interferência na banda de rádio AM. A Tesla acabou parando completamente de instalar sintonizadores de rádio AM em seus carros.

A General Motors, que fabrica o Chevy Bolt, também teve um problema com motores elétricos causando interferência de rádio AM. O Journal disse que a GM tomou medidas para resolver o problema, mas a montadora não especificou o que fez para resolvê-lo, se é que fez alguma coisa. Os fabricantes dizem que estão atendendo às demandas dos motoristas por rádio gratuito, oferecendo uma mistura de soluções de FM, HD Radio, rádio via satélite e streaming.

Apoio do Congresso

O apoio ao rádio AM também veio do Congresso, com o senador dos Estados Unidos, Ed Markey, recentemente enviando uma carta às principais montadoras instando-as a encontrar maneiras de continuar a apoiar o rádio terrestre em seus veículos. Em sua carta, Markey disse que o rádio AM continua sendo uma linha de vida crítica durante emergências quando outras tecnologias, incluindo aplicativos baseados na Internet e telefones celulares, falham.

“Como resultado, qualquer eliminação da transmissão de rádio AM pode representar um problema de comunicação significativo durante emergências. Embora os investimentos da indústria automobilística em veículos elétricos sejam críticos para lidar com a crise climática e reduzir as emissões de gases de efeito estufa, as montadoras não precisam sacrificar os benefícios do rádio no processo”, escreveu Markey.

Markey solicitou que as montadoras – 20 delas receberam a carta – enviem respostas por escrito até 22 de dezembro, indicando os modelos de veículos que perderão o suporte de transmissão de rádio, a tecnologia que as montadoras estão usando para continuar a oferecer suporte a rádio AM e FM apesar da interferência de veículos elétricos e se as empresas oferecem maneiras para que os motoristas acessem rádio digital gratuito em seus carros. Não ficou claro se alguma das montadoras respondeu ao pedido de informações de Markey.

Presença do AM no dial

A faixa AM concentra muita audiência nos Estados Unidos, com algumas das estações de notícias e esportes mais ouvidas operando nessa faixa. Porém, para se blindar de uma possível diminuição da oferta de receptores, muitas emissoras correram para disponibilizar suas programações em outras formas de transmissão de radiofrequência. Não rara é a presença de AMs em canais 2 ou 3 de FMs digitais, reforçando a presença dessas estações no dial. Porém, mais recentemente, grupos como a Audacy resolveram sacrificar algumas estações musicais de menor audiência para preservar o alcance de suas AMs mais ouvidas, como foram os casos da WINS AM 1010 de Nova York (que desde novembro está em 92.3 FM) e KNX AM 1070 (também passou a ser ouvida em 97.1 FM).

Já na Europa, é possivel ver modelos híbridos de automóveis (elétrico + motor a combustão) com a presença do AM em seu multimídia padrão (registro abaixo). O tudoradio.com chegou a testar um desses modelos na França, porém a oferta de estações na faixa AM já era limitada (boa parte das bandeiras migraram para o FM e também para o DAB+).

E por qual razão olhar para lá fora?

tudoradio.com costuma observar esses pontos de curiosidade dos números do rádio internacional para mapear possíveis mudanças de hábitos e a manutenção do consumo de rádio em diferentes países. Assim como ocorreu no ano anterior, periodicamente a redação do portal irá monitorar o desempenho do rádio nos principais mercados do mundo e, é claro, fazendo sempre uma comparação com a situação brasileira. E, como de costume, repercutindo também qualquer número confiável sobre o consumo de rádio no Brasil.

As informações são do portal Tudo Rádio.

Foto: Freepik

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