Com o início da vacinação contra a Covid-19 no Reino Unido, cresce a expectativa de imunização em todo o mundo. Apesar de o Brasil ainda não ter datas concretas estabelecidas, brasileiros que moram na Inglaterra devem ser vacinados em breve. A Tribuna conversou com dois juiz-foranos que vivem no país e passam pela expectativa da vacinação e da normalização do cotidiano, após meses de incertezas e de alta taxa de mortalidade impostas pela Covid-19 na Inglaterra.
O Reino Unido confirmou o primeiro caso de infecção pelo coronavírus no dia 31 de janeiro, cerca de um mês antes de o primeiro caso ser registrado no Brasil, em 26 de fevereiro. Desde então, foram 1.750.241 contaminações pelo vírus e 62.033 mortes causadas pela Covid-19 na região, que engloba Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte.
Após uma primeira onda brutal da pandemia, a liberação emergencial da vacina desenvolvida pelas farmacêuticas Pfizer e BioNTech, anunciada no último dia 2, ocorre em meio à segunda onda da doença, que voltou a ter altas taxas de letalidade na Europa nas últimas semanas. Isso aumentou ainda mais a expectativa pela imunização, conforme o juiz-forano Eduardo Caetano. “A população está de braços abertos para tomar a vacina. Claro que tem um ou outro grupo de oposição que faz barulho, mas todo mundo que eu conheço está ansioso para que chegue logo a vacina”, conta o empresário, de 39 anos, que mora há 19 na cidade de York, no norte da Inglaterra.
Inicialmente, serão 400 mil pessoas imunizadas no Reino Unido, contemplando pessoas com mais de 80 anos, profissionais da saúde, além de funcionários e moradores de casas de repouso. A imunização dos demais britânicos que compõem o grupo de risco da doença é prevista para o início de 2021, podendo ser agilizada caso haja a liberação da imunização produzida pela Universidade de Oxford e pela farmacêutica AstraZeneca, a mesma que é aguardada pelo Governo brasileiro. “Se a vacina de Oxford for liberada, a previsão é de que a população seja vacinada em até um mês. Se não for (liberada), a previsão passa a ser até a Páscoa”, explica Caetano.
Impactos econômicos
Na Inglaterra, o sistema de restrições a estabelecimentos comerciais também foi adotado, assim como no Brasil, além da utilização de máscaras em espaços compartilhados. O fluxo de turistas também foi interrompido, e regiões históricas como York, primeira capital da Inglaterra, foram especialmente abaladas. Com isso, o impacto econômico foi grande. “Empresas que giravam 40 mil libras por semana, estão girando oito ou nove mil. A minha indústria acabou, embora o Governo tenha ajudado”, relata Eduardo Caetano, que é proprietário de três restaurantes e uma churrascaria na cidade. “Eu não sei se vou conseguir manter a churrascaria por muito mais tempo”, lamenta.
A professora, escritora e colunista da Tribuna, Nara Vidal, de 46 anos, corrobora. “Na primeira onda, Londres ficou parecendo uma cidade fantasma. E, claro, isso teve um impacto profundo na economia. Muita gente perdeu emprego”, conta a moradora do condado de Kent, localizado nas proximidades de Londres. Apesar disso, de acordo com ela, a maioria dos ingleses buscou seguir as orientações das autoridades de saúde. “O inglês teve um comportamento exemplar, todo mundo seguindo as regras”, relata.
Espera pela ‘vida normal’
Na tentativa de conter a euforia pelo início da imunização, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, ressaltou, na terça-feira, que as pessoas devem manter as medidas de segurança para evitar aumento na proliferação do coronavírus enquanto toda a população não é imunizada. Especialistas do Reino Unido, por sua vez, estimam o retorno à rotina completamente normal apenas para o final de 2021, a depender da vacinação de toda a população e também de outros países, levando em conta o setor do turismo.
Segundo a escritora Nara, em razão disso, as famílias locais estão se preparando para celebrar um Natal a distância, para evitar riscos. Ela segue sem previsão de visitar o Brasil. “É um começo de um longo caminho. Há um diálogo muito constante do Governo com a população, o que é essencial. Já foi explicado para a gente que é um processo para ser celebrado, mas é um processo lento. A batalha ainda não foi vencida”, alerta Nara.
No entanto, o início gradual da imunização, para o empresário Eduardo Caetano, já representa um horizonte de melhorias no cenário caótico iniciado em janeiro de 2020. “O que passa na cabeça agora é a esperança. A esperança de que as coisas vão melhorar e retornarão a como estavam antes (da pandemia)”, projeta.
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Postado originalmente por: Tribuna de Minas – Juiz de Fora