Juiz de Fora registra o mês de fevereiro mais chuvoso dos últimos 16 anos

Desde 2004, os juiz-foranos não tinham registros de um fevereiro tão chuvoso. Embora o mês ainda não tenha encerrado – e existe a previsão de novas pancadas até o próximo sábado, último dia do mês, – o acumulado já é de 330 milímetros, contabilizados até o início da manhã desta sexta-feira (28). O total representa 89% acima do esperado para o período. O número encabeça a lista composta na sequência pelos registros de 2008, quando foram contabilizados 323,7 milímetros,  2009 (260 milímetros), 2018 (263 milímetros) e 2019 (244 milímetros), em igual período. Os dados fazem parte do levantamento da Tribuna de Minas, baseado em dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Vale destacar ainda que, até o momento, já choveu neste ano em Juiz de Fora 702,6 milímetros, acumulado que representa 43,3% do previsto para todo o ano, que é de 1.624 milímetros.

Apesar de estarmos no verão, fevereiro de 2020 é tido como um ponto fora da curva, dentro deste período atípico no regime de chuvas, fato que tem gerado estranheza na população da cidade. O geógrafo Renan Tristão observa que, apesar das chuvas, se considerar o trimestre dezembro, janeiro e fevereiro, as temperaturas estão bem próximas da normalidade climática. Segundo ele, essa percepção de um “verão friozinho” está acontecendo porque os últimos anos foram, em sua maioria, mais quentes que o normal, como 2014, 2015, 2018 e 2019, por exemplo.

“Quando a estação voltou aos eixos, como está a atual, fica essa impressão. Toda a explicação está nos oceanos que influenciam em nosso clima. O Oceano Atlântico está com águas mais frias que o normal em boa parte do litoral do Sudeste. Já no Oceano Pacífico temos uma situação de neutralidade (sem El Nino ou La Nina)”, afirma garantindo ainda que essas condições são satisfatórias. “O regime de chuvas está excelente para recuperação dos nossos reservatórios neste ano. As chuvas têm caído acima da média, e também os oceanos ajudam a explicar isso. A propagação de frentes frias fica mais facilitada com o Oceano Atlântico mais frio, ao mesmo tempo que impede a formação de bloqueios atmosféricos. Com mais chuvas e umidade, temos maior cobertura de nuvens, que impedem o aquecimento acentuado por vários dias seguidos. Tudo está interligado”, diz.

Início de março

O verão termina no dia 20 de março e, até lá, é esperado a continuidade do padrão observado até agora, com chuvas frequentes e temperaturas na média, oscilando entre dias de calor e dias mais frescos, segundo Renan Tristão. Para este fim de semana, o posicionamento de uma frente fria sobre o oceano, nas imediações entre o litoral do Rio de Janeiro e Espírito Santo, associado ao canal de umidade da região Amazônica direcionado para as Regiões Centro-Oeste Sudeste, mantém áreas de instabilidade em praticamente todas as regiões mineiras, favorecendo o registro de chuva. As temperaturas máximas esboçam ligeiro declínio em grande parte do estado, devido à nebulosidade. Em algumas áreas isoladas da Zona da Mata, a meteorologia aponta a ocorrência de chuvas intensas acompanhadas de descargas atmosféricas e rajadas de vento. O alerta emitido nesta quinta tem estimativa até 10h desta sexta.

Em Juiz de Fora, as temperaturas devem oscilar entre os 18 e os 22 graus. Tal cenário deverá ser o mesmo para sábado (29) e domingo (1º), quando podem ocorrer pancadas de chuva e trovoadas a qualquer momento do dia, com temperaturas não ultrapassando os 21 graus. O céu fica encoberto nos dois dias.

Represas cheias

Em 16 de fevereiro, a Tribuna mostrou o nível dos reservatórios que atendem o município diante das frequentes chuvas. Na ocasião, a Represa de Chapéu D’Uvas operava com 84,4 % de sua capacidade, maior nível para o mês de fevereiro, pelo menos, dos últimos seis anos, conforme levantamento da Cesama. Nesta quinta, o reservatório operava com 87,5 % de sua capacidade.

Na avaliação da companhia, trata-se de um índice que pode ser considerado dentro da normalidade. A reportagem mostrou a importância do manancial que tem por função impedir o transbordo do Rio Paraibuna. Por desempenhar o importante papel de impedir as enchentes no entorno do leito, em Juiz de Fora, Chapéu D’Uvas é uma represa que, por medidas de segurança, não pode operar com sua capacidade máxima de acumulação de água. Por isso, controlando o nível do Paraibuna diariamente, a Cesama tem promovido descargas (liberação da água) de forma contínua.

Também dentro da normalidade estão as represas Doutor João Penido e São Pedro, com índices de 91,2% e 92,6%, respectivamente, aferidos nesta quinta.

Postado originalmente por: Tribuna de Minas – Juiz de Fora

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