Juiz de Fora estuda plano de retorno gradual das atividades

Após o encontro, foi estabelecida uma agenda para definição de medidas específicas para a retomada gradativa (Foto: Associação Comercial e Empresarial)

Juiz de Fora terá um plano de retorno gradual das atividades econômicas. As ações serão criadas pela Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) em conjunto com representantes dos setores produtivos. No entanto, ainda não há data para a reabertura dos estabelecimentos que seguem fechados por conta do Decreto 13.894, publicado em 18 de março. A princípio, a restrição de funcionamento continua, pelo menos, até 30 de abril, com o objetivo de evitar a aglomeração de pessoas e, assim, conter a transmissão do novo coronavírus (Covid-19).

Na tarde desta segunda-feira (13), o prefeito Antônio Almas (PSDB) e os secretários de Desenvolvimento Econômico, Rômulo Veiga, da Fazenda, Fúlvio Albertoni, e de Planejamento, Lúcio Fortes, se reuniram com representantes da Associação Comercial e Empresarial (ACE-JF), Agência de Desenvolvimento de Juiz de Fora e Região (ADJFR), Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) e Centro Industrial para discutir a possibilidade de retorno gradual das atividades, baseado no que o Ministério da Saúde tem chamado de Distanciamento Social Ampliado (DSA), que é quando se isola apenas um segmento da população, criando horários alternativos para as atividades.

A reunião foi realizada na sede da ACE-JF e durou mais de duas horas. Após o encontro, foi estabelecida uma agenda para definição de medidas específicas para a criação do plano de retorno gradual das atividades econômicas. “Esse plano só será colocado em prática quando os indicadores de saúde do Município estiverem dentro do que preconiza o Ministério da Saúde. No momento, os indicadores de Juiz de Fora não dão segurança para colocar em prática o DSA”, informou a PJF.

O vice-presidente da ACE-JF, Guilherme Duarte, explica que a proposta do encontro foi para compreender as diretrizes do Poder Público para as medidas que vêm sendo tomadas e, também, solicitar uma data para a retomada gradual das atividades. “Isto é de suma importância para podermos nos planejar e saber quando esse sacrifício todo vai acabar. Ter esta data é essencial para criar um ambiente favorável e mais otimista”, diz. “A cobrança pelo retorno não é para obter lucros, mas é um olhar pelo social. A nossa preocupação é com o caos decorrente do fracasso econômico, que pode ser mais devastador do que o problema de saúde, que reconhecemos que é muito grave.”

Segundo ele, os empresários pediram que o Poder Público estabeleça critérios para a retomada das atividades.

“Defendemos que a Prefeitura faça estas definições. Se os trabalhadores devem usar máscara, se a empresa deve manter um número determinado de empregados por metro quadrado, por exemplo. Mas é muito importante saber quando vamos voltar.”

O presidente da CDL, Marcos Casarin, concorda. “A realidade é catastrófica. Por isso, estamos dialogando com a PJF, que tem os estudos técnicos para saber quando poderemos voltar às atividades”, explica. “Por enquanto, infelizmente, continua tudo como está. Os empresários precisam se manter otimistas para atravessar esse momento delicado, e a população precisa ficar em casa para achatar a curva de disseminação do vírus.”

‘Cenário não é positivo para retomada’, afirma secretário

Em entrevista concedida à Tribuna, o secretário de Desenvolvimento Econômico, Rômulo Veiga, explicou os motivos que impedem a definição de uma data para a retomada das atividades econômicas neste momento. “Para aplicar o Distanciamento Social Ampliado (DSA) é preciso que a cidade se enquadre em alguns critérios, o que não acontece hoje.”

O Ministério da Saúde determina que o DSA seja implantado quando o município não possuir 50% da rede de saúde comprometida com casos da Covid-19 e tiver disponível 50% dos leitos de enfermaria e Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para os tratamentos da doença.

“Juiz de Fora se enquadra no primeiro critério e também possui mais da metade da enfermaria disponível. O nosso gargalo é com relação aos quartos de UTI. Existe a proposta de ampliação, mas há a dificuldade, nesse momento, de o mercado fornecer aparelhos para a criação desses novos leitos.”

Rômulo diz que as informações foram apresentadas aos empresários da cidade. “Mostramos a metodologia de acompanhamento que a Prefeitura utiliza e que nos permite conhecer a realidade das redes pública e privada de saúde, bem como projetar cenários e identificar gargalos. Todos eles demonstraram compreender a situação.”

Circulação viral
Além disso, o Ministério da Saúde estabelece que locais que apresentem coeficiente de incidência 50% superior à estimativa nacional, para casos suspeitos e confirmados da Covid-19, devem manter o distanciamento social de todos os setores da sociedade. “Um dos nossos gargalos, no Brasil e em Juiz de Fora, é a testagem. A média nacional não é fiel à realidade da circulação viral”, afirma. “Juiz de Fora é uma cidade com grande taxa de ocupação e que recebe um público externo grande. A retomada das atividades deve ser planejada desde agora, mas colocada em prática quando houver segurança para isso. Não podemos correr o risco de promover um desabastecimento da saúde.”

Postado originalmente por: Tribuna de Minas – Juiz de Fora

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