JF tem queda na média de mortes e nas hospitalizações em maio

Juiz de Fora registrou, em maio, queda na média de mortes e internações por Covid-19. Conforme levantamento realizado pela Tribuna com base em dados divulgados pela Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), a cidade perdeu 188 de seus moradores para a doença, segundo os óbitos contabilizados até segunda-feira (31). Considerando todo o mês, a média é de seis vítimas fatais da Covid-19 por dia. A taxa é menor do que a registrada levando em conta o mês de abril, quando 325 mortes foram registradas em 30 dias, resultando em uma média de 10,8 óbitos por dia.
Seguindo a mesma tendência, o número de hospitalizações decorrentes da Covid-19 caiu entre 33 e 44% na comparação entre abril e maio, com ligeiro aumento ao longo da última semana. Os dados, como sugerem especialistas, podem estar relacionados ao efeito da vacinação no país, apesar de a campanha ainda ser incipiente. No entanto, o alto número de mortos, sobretudo com contínua queda na faixa etária, evidencia a gravidade da pandemia em Juiz de Fora.

Conforme mostrou reportagem publicada pela Tribuna no último dia 16, a média etária das vítimas fatais da Covid-19 parece estar caindo de forma paulatina em Juiz de Fora. Em janeiro de 2021, a média era de 73,7 anos. Em fevereiro, caiu para 70,7 anos. Em março, mudou para 68,3 anos. Em abril, a média etária foi de 66,4 anos. Em maio, até esta segunda, a taxa era ainda mais baixa, e estava na casa dos 62,6 anos.

Para o infectologista Marcos Moura, esse cenário pode ser resultado da vacinação contra a Covid-19, que teve início com a vacinação de idosos mais velhos, público que já está sendo imunizado com a segunda dose. O médico alerta, no entanto, que a maior concentração de óbitos continua sendo da população idosa, pois mesmo com a imunização, o risco de contrair o vírus ainda existe, conforme alerta Moura. “A gente percebe que a vacina está fazendo efeito e diminuindo a taxa de internação e mortalidade nos idosos. Mas mesmo vacinado, o idoso corre o risco de ter a doença de forma leve. E como a maior parte dos idosos tem comorbidades associadas, mesmo a Covid-19 sendo leve, ela pode agravar a doença de base desse paciente, causando o óbito”, analisa o especialista a respeito do número de falecimento em pessoas acima dos 60 anos.

Por outro lado, na avaliação do médico, a maior exposição de pessoas mais jovens, principalmente após as flexibilizações, e a circulação de novas variantes do coronavírus, podem ser as causas da maior infecção entre pessoas com menos de 60 anos e do consequente aumento no número de internações deste público.

Total de internações caiu até 44% entre abril e maio

O mês de março foi marcado por sucessivos recordes no número de hospitalizados em “leitos Covid”, muitas vezes em dias consecutivos. Do dia 1º ao dia 31 daquele mês, houve um aumento de 83,2% do número total de internações simultâneas em leitos exclusivos para o tratamento da doença, e a cidade viu esgotar a capacidade de atendimento hospitalar em leitos UTI SUS Covid e na rede particular, índices que continuaram críticos também ao longo do mês de abril, que registrou, até o momento, no dia 2, o número recorde de internações simultâneas decorrentes da doença: 652.

Ao longo do último mês, contudo, as hospitalizações tiveram queda. De abril para cá, o menor quantitativo total foi registrado no dia 11 de maio, quando 367 pessoas estavam internadas em decorrência do coronavírus. O número representa uma queda de cerca de 44% em comparação a 2 de abril. Desde então, as taxas têm oscilado, e voltaram a subir no último domingo (30), chegando a 432 hospitalizações – o que ainda representa queda de cerca de 33,7% em relação ao índice mais crítico já registrado na cidade.

Esta queda, na avaliação do infectologista Marcos Moura, pode ter relação com a vacinação contra a Covid-19, principalmente entre idosos. Segundo ele, a imunização entre os profissionais de saúde também ajudou a frear a contaminação neste público. Moura alerta, contudo, que os dados ainda são inconstantes e estão sujeitos a variações. “Para uma maior segurança, a gente precisa de uma taxa de vacinação maior. Estudiosos falam em torno de 50 a 70% da população imunizada para que possamos ter um bloqueio da doença e não ficar suscetível a novas ondas de contaminação”.

Secretária de Saúde acredita que onda roxa foi ‘significativa’

Em entrevista à Tribuna na semana passada, a secretária de Saúde, Ana Pimentel, analisou que o período da onda roxa (lockdown), entre março e abril, foi significativo para diminuir e estabilizar as taxas de contaminação e internação no município. Entretanto, a titular da pasta municipal chamou a atenção para o ligeiro o novo aumento de casos e taxas de hospitalização de lá para cá.

“A onda roxa foi muito significativa para diminuir as taxas de contaminação do município. A gente consegue sim perceber a relação direta. Ao mesmo tempo, o aumento da imunização também foi importante para a diminuição do número de casos, tanto que a gente começa a ver uma diminuição no número de pessoas acima de 60 anos infectadas. Isso demonstra que a imunização tem eficácia. Mas na última semana, houve um crescimento no número de pessoas infectadas e na taxa de internação. Em relação às hospitalizações, nós acreditamos que seja resultado do feriado do Dia das Mães. Normalmente, entre dez e 15 dias após datas que são festividades consagradas e tradicionais na sociedade, notamos um aumento no número de internação”, analisou.

Ana também ressaltou a importância da população manter as medidas preventivas, mesmo após a imunização” e evitar a exposição ao vírus. “Em relação ao aumento de pessoas infectadas, há a hipótese de que com o começo da imunização, depois que a pessoa toma a primeira dose, ela começa a relaxar em relação às medidas de prevenção, e isso pode impactar na taxa de transmissibilidade. É importante reforçar que só depois da segunda dose a pessoa está imunizada e, mesmo assim, é preciso manter o uso da máscara e não permitir aglomerações, porque o vírus continua circulando. Ainda existe o risco de contaminação de uma maneira mais branda. Ao mesmo tempo, a pessoa vacinada se torna um vetor para quem ainda não se vacinou. E é exatamente assim que podem surgir variantes.”

Gripe pode deixar idosos vulneráveis

Marcos Moura ainda lembra que muitos idosos ainda não estão vacinados contra o Influenza, o vírus da gripe, o que pode ser uma vulnerabilidade para o grupo. “Com isso, os idosos estão susceptíveis a outras doenças respiratórias e que podem ser graves dependendo do caso do paciente. E após uma gripe ou uma síndrome respiratória, esse idoso pode ficar vulnerável, mesmo com a vacina contra a Covid-19, porque ela não evita que a pessoa seja infectada, ela faz com que a doença seja branda. Mas uma doença branda em idoso que já tem comorbidades pode acabar sendo grave. Isso tudo tem que ser levado em consideração”, alerta.

A vacinação contra gripe está aberta para pessoas com mais de 60 anos em Juiz de Fora. De acordo com a Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), as Unidades Básicas de Saúde (UBSs), espalhadas por todas as regiões de Juiz de Fora, estão vacinando em dois turnos: pela manhã, das 8h às 11h, e à tarde, das 13h às 16h.
Além das vacinações, a orientação das autoridades em saúde é para que a população em geral mantenha as medidas de prevenção, como uso de máscaras, higienização das mãos, distanciamento e isolamento social.

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Postado originalmente por: Tribuna de Minas – Juiz de Fora

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