JF tem o menor percentual de vacinação entre as 10 principais cidades de MG

O percentual de vacinas de combate ao coronavírus aplicadas em Juiz de Fora até esta quinta-feira (18) é o menor entre aqueles observados nos dez maiores municípios de Minas Gerais. O levantamento foi feito pela Tribuna após a reportagem ter acesso a questionamentos em redes sociais quanto à celeridade da campanha de imunização contra a Covid-19 na cidade. As indagações dizem respeito à proporção de doses de vacinas já recebidas e as efetivamente aplicadas pela Prefeitura de Juiz de Fora (PJF).

Até agora, a cidade já recebeu 77.876 doses dos imunizantes, sendo 62.736 doses da Fundação Butantan e 15.140 doses da Fundação Oswaldo Cruz. Deste total, já foram aplicadas a primeira dose em 24.515 pessoas segundo o Estado, que recebe os imunizantes do Ministério da Saúde e redistribui aos municípios mineiros. Em termos percentuais, até aqui, 31,5% das unidades do total de imunizantes encaminhados à cidade já foram aplicadas como “dose 1”, ou seja, três a cada dez vacinas recebidas na primeira dose. Entretanto, a Prefeitura questiona esta análise, esclarecendo que o cálculo correto deveria ter sido feito levando em consideração as vacinas já enviadas para a primeira dose, que somam 48.913 imunizantes, ou seja, 58,2% das doses recebidas.

Pelo critério adotado pela Tribuna, baseado nos dados disponibilizados pelo Governo de Minas no Vacinômetro, Juiz de Fora apresenta o menor percentual na relação entre o total de unidades recebidas e, de fato, aplicadas como “dose 1”. Para efeitos de comparação, utilizando o mesmo critério, em Uberlândia a relação é de 54,6%; em Uberaba, de 53,2%; em Ipatinga, de 50,7%; em Governador Valadares, de 50,4%; em Montes Claros, de 49,4%; em Belo Horizonte, de 48,3%; em Contagem, de 44,2%; em Betim, de 43%; e em Ribeirão das Neves, de 39,4%. Em todos os casos, os dados usados se embasam em números do “vacinômetro” estadual, que aponta a proporção de 31,5% para Juiz de Fora.

 

De acordo com o “vacinômetro” do Município, o número de pessoas que receberam a primeira dose é maior e sobe para 28.475. Este percentual sobe para 36,6% quando utilizados os dados do “vacinômetro” da PJF, ainda assim inferior aos observados nos principais municípios mineiros com base nos números estaduais.

Primeira dose

A Tribuna usou como referência a aplicação da “dose 1″, uma vez que, em uma campanha de vacinação contínua, o número de ‘”dose 2” será sempre inferior, sendo necessário o cumprimento de um hiato temporal entre uma aplicação e outra. Como o Plano Nacional de Imunização (PNI) determina a necessidade de reserva de imunizantes para a administração da segunda dose, os dados da “dose 1” mostram-se mais adequados para a avaliação da capilaridade da população contemplada no atual processo de imunização.

Município diz seguir à risca notas técnicas

Em resposta à reportagem, a Prefeitura, todavia, considera que não há lentidão no processo de imunização e afirma que os imunizantes recebidos são especificados diretamente para públicos-alvos pré-determinados no Plano Nacional de Imunização (PNI) e não podem ser remanejados.

“Cada uma das vacinas é enviada pelo Governo federal e estadual, visando a um público específico, e esse imunizante não pode ser transferido para outro grupo, ou seja, caso um idoso residente em Juiz de Fora, seja por qualquer motivo, ainda não tenha se vacinado contra a Covid-19, a sua vacina está garantida e guardada”, justifica a PJF.

Questionada sobre um possível atraso na campanha de vacinação em Juiz de Fora, a Prefeitura reforçou que segue à risca as determinações de notas técnicas da Secretaria de Estado de Saúde e do Plano Nacional de Imunização (PNI), que estabelecem, exatamente, os grupos prioritários a serem contemplados pela campanha de vacinação.

“As prioridades na vacinação são definidas pelo PNI. As vacinas chegam com percentuais definidos pelo Estado para faixas etárias e profissionais da área de saúde e idosos que, em Juiz de Fora, representam um número expressivo”, afirma a Administração.

Assim, o Município pontua que toda unidade imunizante recebida por remessas feitas via governos federal e estadual – já foram seis até aqui – tem sua destinação carimbada para a aplicação em um grupo específico.

“Em outros municípios do país, houve problemas com idosos que ficaram sem receber a segunda dose. Em Juiz de Fora, todos e todas que foram imunizados na primeira dose têm a segunda dose garantida.” Tais doses, portanto, não podem ser remanejadas até que 100% dos integrantes daquele grupo, conforme estimativas do Governo estadual, não tenham sido contemplados, diz o Município.

Prefeitura afirma que percentual de segunda dose é maior que a média nacional

Até aqui, a cidade já recebeu imunizantes para a vacinação integral de pessoas que integram os seguintes grupos prioritários: idosos que vivem em instituições de longa permanência; idosos deficientes em residência inclusiva; e idosos das faixas acima de 90 anos e entre 85 e 89 anos. Já para aqueles entre a faixa etária que vai de 80 a 84 anos, foram remetidos à cidade 70% dos imunizantes; além de 82% das doses necessárias para a aplicação em trabalhadores da saúde.

Ainda, de acordo com o Município, Juiz de Fora já recebeu 48.913 unidades de imunizantes para serem aplicados como “dose 1”, sendo 33.773 vindas do Instituto Butantan e 15.140 da Fundação Oswaldo Cruz. Destes, 28.475 já foram aplicadas – o que corresponde a 58,2% do total de “dose 1”. Outros 16.212 pessoas já teriam recebido a segunda dose até esta quinta-feira.

“Juiz de Fora está adiante da média nacional do país quando se trata de segunda dose”, diz a PJF em material veiculado nas redes sociais. Para a afirmação, o Município usa dados do Mapa da Vacinação, mantido pelo portal G1, que aponta que 1,8% da população brasileira já recebeu a segunda dose, percentual idêntico ao observado em Minas. Em Juiz de Fora, considerando uma população de 568.873 pessoas, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), tal percentual seria de 2,8%.

“Cabe destacar que o município está adiantado em relação à média nacional quanto à segunda dose. No país, foi imunizado até o momento 1,85% da população, segundo dados do G1, enquanto em Juiz de Fora, 2,82% da população recebeu a segunda dose. O atendimento ocorreu de forma humanizada e eficiente e já estamos com cadastro aberto para vacina para idosos acima de 75 anos”, afirma a prefeitura.

Reserva técnica

O Plano Nacional de Imunização ainda determina a reserva de 5% para suprir supostas perdas técnicas, mas, segundo o Município, não houve o comprometimento de nenhuma dose dos imunizantes recebidos por Juiz de Fora até aqui. “Em Juiz de Fora, nenhuma dose foi perdida e não houve interrupção do processo”, reforça a Prefeitura.

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Postado originalmente por: Tribuna de Minas – Juiz de Fora

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