JF está há quase um ano sem o programa castramóvel

Juiz de Fora está sem o serviço do castramóvel há dez meses. Suspensa por falta de verbas, a castração itinerante de cães e gatos não funciona desde junho de 2018, como informa a gerente do Departamento de Controle Animal do Demlurb, Mirian Neder. Em entrevista à Rádio CBN, ela esclareceu que, apesar da crescente demanda, o departamento se vê de mãos atadas diante da falta de repasses por parte do Estado, que alega crise financeira. Mirian ressaltou, entretanto, que a verba para atendimento e manutenção do Canil é mantida, o que possibilita, por exemplo, serviços de cirurgias ortopédicas a animais atropelados. Todavia, a suspensão do serviço itinerante naturalmente leva ao aumento de animais nas ruas o que gera uma cadeia de problemas. “O dinheiro vinha da Secretaria de Saúde (responsável pelo Setor de Zoonoses), e conseguimos trabalhar somente até agosto do ano passado. Depois que o programa foi desativado, aumentou significativamente o recolhimento de ninhadas, só que não temos dinheiro para dar continuidade à castração. Períodos como final de ano e férias elevam o abandono de animais, que, consequentemente, vão parar nas ruas. Sem a castração, esse número tende a ser ainda maior, engrossando as filas de adoção.”

Atualmente o Canil tem cerca de 460 cães que aguardam adoção. Implantado em 2015, o programa ultrapassou 22 mil atendimentos em diferentes linhas, não só no que compete à saúde dos bichos, mas, especialmente, na conscientização e no combate ao abandono em toda a cidade. No entanto, alguns serviços seguem paralisados. Entretanto, a Prefeitura garantiu que estuda uma forma de voltar a oferecer a castração com recursos próprios.

Serviço itinerante, que atendia em vários bairros da cidade, está desativado desde junho do ano passado (Foto: Olavo Prazeres)

Saúde pública

O problema da suspensão do serviço é visto como questão de saúde pública pela presidente da Sociedade Juizforense de Proteção aos Animais e ao Meio Ambiente (SJPA), Maria Elisa de Souza. “Todo dia encontramos filhotes jogados em latas, na beira dos rios, em terrenos abandonados e, na maioria das vezes, deixados pelos próprios donos. Esses animais se reproduzem rapidamente. Sem o controle populacional, tornam-se um enorme problema para a sociedade.” Por isso, Maria Elisa defende não só a castração, como a continuidade do trabalho social realizado pelo programa. “O cidadão comum acha que pode descartar o animal em períodos de férias, ou, se ele não se adaptou logo no início. Ou ainda quando completa 6 meses, e o animal passa a entrar no cio, tendo um comportamento diferente do filhote, quando muitos são jogados nas ruas.”

Desta forma, “nosso trabalho de proteção se torna ainda mais difícil e, se não houver consciência por parte da população, vamos continuar enxugando gelo”, lembrou a presidente garantindo que, mensalmente, são recolhidos entre 30 e 40 animais adultos abandonados pelas ruas de Juiz de Fora. “Há de se levar em consideração a possibilidade aumentada de acidentes com lesões graves e até fatais causados por animais abandonados, principalmente envolvendo veículos nas vias públicas, trazendo riscos à população”.

Já o veterinário Leonardo Lacerda Rodrigues lembra que os animais em situação de abandono ficam expostos a doenças, como a pavovirose e a cinomose. A primeira, conhecida popularmente por parvo, é causada por um vírus e pode levar à morte do animal. Já a cinomose é transmitida pelo contato por secreções de cachorros já infectados ou através das vias respiratórias pelo ar contaminado. “A gente precisa dar suporte a esse animal, com vitaminas, antibióticos para que a medicação atue no organismo do animal, que, por morar na rua, já está bastante debilitado. Não são todas as clínicas que internam animais com cinomose, devido ao alto risco de contaminação, o que dificulta significativamente o controle e tratamento das doenças “, esclareceu.

Expectativa de regularizar serviço até o final do mês

A assessoria da Secretaria de Saúde reforçou, em nota, que o serviço de castração de animais em Juiz de Fora está suspenso em virtude do atraso nos repasses oriundos do Governo de Minas, existindo uma dívida milionária do Estado com a pasta, “incluindo recursos para as várias áreas, – dentre elas o Castramóvel – que já ultrapassa R$ 100 milhões”. A Tribuna procurou a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) e, apesar de questionada, não esclareceu sobre a dívida com o Município, informando apenas que os repasses são realizados do fundo estadual de saúde para o fundo municipal. “Cada repasse possui um cronograma a ser feito e a execução e aplicação dos recursos é feita conforme discricionariedade dos municípios”, diz o texto. A SES ressaltou também que Juiz de Fora possui gestão plena da saúde, o que significa que o Município tem autonomia para aplicar a verba de acordo com demandas pertinentes e, “que não há repasses financeiros específicos para ações de zoonoses.”

Apesar dos débitos, a SES-MG informou que, desde janeiro deste ano, já repassou R$ 3.289.148,00 ao município de Juiz de Fora. A previsão, segundo a Secretaria de Saúde municipal é que, apesar da falta de verba, o serviço seja normalizado até o final de maio.

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Postado originalmente por: Tribuna de Minas – Juiz de Fora

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