Juiz de Fora está em estado de alerta para proliferação do mosquito Aedes

Juiz de Fora está em estado de alerta para prováveis casos de doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti, como dengue, zika e chikungunya. A informação consta no resultado do primeiro Levantamento de Índice Rápido para Aedes aegypti (Liraa) de 2020, realizado entre os dias 13 e 17 de janeiro. Conforme a pesquisa, o índice da cidade é de 3,6, semelhante ao observado em igual período de 2019, que foi 3,7. No ano passado, Juiz de Fora teve mais de sete mil casos de dengue confirmados. No levantamento mais recente, as equipes da Secretaria de Saúde vistoriaram 5.898 imóveis em 224 bairros durante os cinco dias de trabalho.

“Acende um alerta tanto para a Prefeitura como também para a comunidade. Está chovendo bastante e o verão vai chegar. Está demorando a chegar, mas vai”, projeta a gerente do Departamento de Vigilância Epidemiológica e Ambiental, Cecília Kosmann. “Esse ambiente com dias quentes e chuvas, se não tiver o engajamento de todos trabalhando, ele vai acontecer todos os anos”, complementa.

O trabalho de campo analisou, também, as regiões e bairros com maiores números de focos positivos, com índices mais alarmantes nos bairros: Linhares (11), na Zona Leste; Retiro (11), na Zona Sudeste; Benfica (9), São Judas Tadeu (8) e Milho Branco (7), Zona Norte; Grama (7) e Parque Independência (7), na Zona Nordeste. “Até pelo tamanho e pela quantidade de pessoas, a  região Norte é a que nós vemos que está sempre entre as mais afetadas”, analisa Cecília, afirmando que as informações do Liraa são importantes para o direcionamento das ações de conscientização promovidas pela pasta.

 

Trabalho conjunto

Cecília voltou a destacar a necessidade de um combate contra o Aedes aegypti em parceria entre a Prefeitura e a população, uma vez que, segundo o estudo do Liraa, 95% dos focos do mosquito estão nas residências, com a possibilidade de causar mais de 100 doenças. “É um trabalho a quatro mãos, da população e do poder público. Sabemos que em momento de aumento do número de casos, a população aumenta a vigilância. No ano seguinte, os casos reduzem porque a população está imunizada, mas a vigilância volta a reduzir. O combate é de janeiro a janeiro, não pode descuidar”, assegura.

De acordo com o Ministério da Saúde, o resultado do Liraa é considerado satisfatório quando o índice de infestação encontrado é inferior a 1%. Entre 1% e 3,9%, que é o caso de Juiz de Fora, a condição é de alerta. E acima dos 4% o risco é de surto para as doenças transmitidas pelo mosquito Aedes.

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15 óbitos em 2019

Em 2019, Juiz de Fora registrou 7.169 casos confirmados de dengue, com 15 mortes em decorrência da doença. Além de mais de 200 casos somados entre zika e febre chikungunya. Ainda assim, o município mantém o sinal de alerta ligado e segue propenso para nova infestação do mosquito Aedes aegypti. “A falta de vigilância, sobretudo por parte da população (explica o alto índice do Liraa). É preciso que as pessoas olhem o seu e façam a sua parte. Nós temos os agentes fazendo as visitas, então é importante que as pessoas nos recebam em suas casas”, pontuou Cecília

Sorotipo mais agressivo

Outro fator que inspira atenção da Secretaria de Saúde é a circulação do sorotipo 2 da dengue, especificidade na qual a população, adaptada ao sorotipo 1 da doença, estava ainda mais exposta. Além de maior capacidade de proliferação, o atual grupo do vírus é ainda mais perigoso. “É um sorotipo mais agressivo, então, mesmo na primeira infecção, você pode vir a óbito”, afirma a gerente, destacando que uma segunda contaminação tem o potencial prejudicial ainda maior. “É preciso que as pessoas tenham a consciência de que você pode ter dengue uma vez e, na segunda contaminação, é ainda mais preocupante. O risco de um quadro grave é muito maior”, aponta.

Novo Boletim

Nesta terça-feira a Secretaria de Estado de Saúde publicou novo boletim epidemiológico de monitoramento dos casos de dengue, febre chikungunya e zika no estado. Em Minas Gerais, já são 4.671 casos prováveis de dengue notificados nos 27 primeiros dias do ano, com quatro óbitos em investigação. Também foram notificados 82 casos prováveis de chikungunya e 34 casos de zika. Em Juiz de Fora, de acordo com o boletim, nenhum caso foi notificado à pasta em 2020.

Postado originalmente por: Tribuna de Minas – Juiz de Fora

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