Jardim Botânico da UFJF é refúgio para bichos-preguiças em Juiz de Fora

Nesta semana, o Jardim Botânico da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) completou dois anos desde sua inauguração, em abril de 2019. Devido à pandemia, a instituição está de portas fechadas para a população, mas alguns visitantes têm sido presença garantida: os bichos-preguiça. Segundo a organização do Jardim, já foram nove animais resgatados e soltos nas imediações do parque neste período.

A última captura aconteceu no dia 5 de abril, quando uma preguiça foi encontrada em uma residência no Bairro Aeroporto e levada para viver no Jardim Botânico. No mesmo dia, entretanto, foi preciso recapturar um outro animal. O vice-diretor do Jardim Botânico, Breno Moreira, conta que um dos bichos-preguiças machos, que já habitava nas florestas do parque, resolveu sair para nadar. “Neste dia o animal acabou atravessando o rio no trecho da Avenida Brasil e também precisou ser resgatado e reintroduzido na mata”.

De acordo com ele, o resgate de bichos-preguiça encontrados fora de áreas de preservação é realizado pelo Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) de Juiz de Fora. Os profissionais utilizam equipamentos de proteção para imobilizá-los e alocá-los em caixas devidamente preparadas para garantir o conforto e saúde do animal. “Eles possuem garras afiadas que muitas vezes precisam ser imobilizadas a fim de evitar acidentes”, afirma Breno.

Ainda de acordo com o vice-diretor, as preguiças não apresentam ameaça ao ser humano, mas devem ser manipuladas com muito cuidado devido às garras e ao seu comportamento. “É sempre recomendado acionar órgãos como a Polícia Militar do Meio Ambiente, Ibama ou o Cetas/MG, para realizar a captura do animal. Embora não representem ameaça, quando elas se deslocam por ambientes antropizados, podem sofrer acidentes, como atropelamento, ou serem atacadas por cães. Por isso, sendo um animal silvestre, o lugar do bicho-preguiça é no interior das florestas, onde encontrará abrigo e alimentação adequados”.

Ao serem resgatadas, as preguiças recebem uma marcação através de chips que são introduzidos sob a pele, nos quais são armazenadas informações como número de identificação e sexo. “Esses chips permitem identificar o animal em caso de recaptura, como a que ocorreu no dia 5 de abril”, explica Breno.

Bichos-preguiça têm hábitos noturnos, vivem nas copas das árvores e devem ser manuseados com cuidado por conta das garra (Foto: Lucas Morgado)

‘Berço’ para futuros filhotes

Os bichos-preguiça são mamíferos encontrados somente nas Américas. Eles possuem hábitos diurnos e noturnos e vivem pendurados em copas de árvores, alimentando-se de folhas, ramos e brotos de várias plantas. Segundo o vice-diretor do Jardim Botânico, os bichos-preguiça da espécie Bradypus variegatus são muito comuns na Mata Atlântica, e como Juiz de Fora possui vários fragmentos florestais, é normal a presença da espécie na região.

Desta forma, com a população de bichos-preguiça aumentando, e contando com machos e fêmeas, é provável que eles possam se reproduzir, consequentemente, aumentando o número de exemplares da espécie no Jardim Botânico. “É possível dizer que o Jardim possui uma boa população de bichos-preguiça, machos e fêmeas, que possivelmente estabelecem interações entre si e podem se reproduzir. Ou seja, provavelmente, logo teremos filhotes de bicho-preguiça no Jardim Botânico”, torce Breno.

Por conter fragmentos da Mata Atlântica, o Jardim Botânico pode ser considerado um habitat natural para os mamíferos da espécie Bradypus variegatus (Foto: Fernando Priamo)

Live aborda interação com animais silvestres em áreas urbanas

Na próxima quinta-feira (22), o Jardim Botânico, em parceria com o Cetas, o Ibama, a Polícia Militar de Meio Ambiente e o Instituto Estadual de Florestas (IEF), realizará uma live para tratar do tema “Interação com animais silvestres e peçonhentos em áreas urbanas”.

A conversa será transmitida ao vivo pelo canal no Youtube do IEF Mata às 15h30. Na live, além de outros temas, será abordado o resgate e captura de preguiças em áreas urbanas.

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Postado originalmente por: Tribuna de Minas – Juiz de Fora

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