Ipatinga registrou 1.800 casos de Leishmaniose canina em 2017

Fábio Rodrigues

O cão não é responsável por transmitir a doença, ele apenas funciona como reservatório para o protozoário Leishmania chagasi

De janeiro a outubro de 2017, o Centro de Controle de Zoonoses de Ipatinga realizou o teste de Leishmaniose Visceral Canina em quatro mil animais, e desse total, 1.800 cães foram diagnosticados com a doença. Essa informação é do gerente de Zoonoses, o médico veterinário Fernando Anacleto.

Para ele, esse número gera uma preocupação para a saúde em Ipatinga. “Em 2017, percebemos que a quantidade de cães positivos foi muito grande. Cerca de 45% dos cães examinados deram positivo com Leishmaniose Visceral. Com isso, estamos fazendo um levantamento para saber quantos cachorros existem em cada bairro no município. A partir deste ano, vamos fazer um inquérito para ter mais detalhes de quantos cães foram contaminados por essa doença”, explica.

Segundo o gerente, a Leishmaniose Visceral não é transmitida pelo cão. O animal é apenas um reservatório do protozoário Leishmania chagasi, que é transmitido pelo mosquito-palha. “O cachorro é picado e se torna positivo. Aí, a partir disso, se o inseto picar novamente o cão e depois uma pessoa, transmite essa doença. Além disso, os cães também transmitem de um para outro por meio de relação sexual, com isso, os filhotes também nascem com Leishmaniose Visceral. Então, por isso, a multiplicação é grande entre esses animais”, observa.

Mosquito
Fernando Anacleto acrescenta que o mosquito-palha se adaptou bem ao meio urbano e é diferente do Aedes aegypti, pois pode se reproduzir em material orgânico em decomposição, como resto de frutas ou fezes de animais, o que contribui para o aumento da população desses flebotomíneos. “Como o mosquito é bem pequeno, o cão pode carregá-lo de carona em seu pelo para dentro da casa do seu dono. Isso faz com que essa doença seja uma patologia oportunista. Então, como esse animal é próximo do homem, um indivíduo com baixa resistência pode adquirir essa doença tão grave, de modo fácil”, pontua.

Reprodução/TV Cultura

O médico veterinário Fernando Anacleto é gerente do Centro de Controle de Zoonoses

Prevenções
De acordo com o gerente, existe na medicina veterinária algumas formas de prevenção como coleiras repelentes e vacinas, mas infelizmente o poder público não tem esses utensílios para uso em massa, porque são produtos com o preço elevado, além de exigir um acompanhamento sistemático pelo veterinário. “As pessoas que criam cão precisam, no mínimo, deixar o quintal limpo, sem fezes de animal ou restos de frutas em decomposição, que são locais em que o flebotomíneo se multiplica com maior facilidade. E quem tem galinheiro em casa, tem que fazer limpeza e até mesmo utilizar Cal para fazer a assepsia desses locais, evitando assim a multiplicação do mosquito”, afirma.

Leishmaniose Humana
Em dezembro, o município de Ipatinga confirmou mais uma morte por Leishmaniose Visceral Humana. Este foi o quinto registro no ano de 2017, pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS).

Ao todo, no ano passado foram 75 casos notificados à Secretaria de Saúde, entre suspeitos e confirmados.
O veterinário Fernando Anacleto afirma que os sintomas da doença podem ser discretos e, por isso, a atenção deve ser redobrada. “A Leishmaniose Visceral pode se manifestar por sintomas como febre, perda contínua de peso, problemas intestinais, aumento do baço e fígado. Nos cachorros, a patologia pode ser assintomática ou pode apresentar lesões e emagrecimento progressivo”, ressalta o gerente.

Veja mais:
Especialista alerta sobre Leishmaniose: “De 100 exames, cerca de 70 dão positivo”


Encontrou um erro? Comunique: [email protected]

Pesquisar