Igrejinha contabiliza prejuízos após alagamentos

“Entrou na minha vizinha, eu já tinha certeza que ia entrar lá em casa. Fui correndo, coloquei as coisas para cima, peguei minhas meninas. Anteontem (segunda-feira, 6) foi pior, a água chegou no nível da cintura. Perdemos tudo”, relata Tamires Sara de Almeida, dona de casa, sobre o transbordamento do córrego localizado no Bairro Igrejinha, na Zona Norte de Juiz de Fora. Um dia após noticiar os estragos causados pela chuva, a Tribuna esteve no local na manhã desta quarta-feira (8), para conversar com os moradores que estão contando com doações em meio às perdas. A Paróquia Nossa Senhora das Estradas, localizada em Igrejinha, está recolhendo materiais para auxiliar as famílias impactadas nos últimos dias.

Na residência de Tamires, a água chegou a inundar e danificar móveis, entre outros bens, como roupas e eletrodomésticos. “Guarda-roupa, sofá, cômoda, berço da minha menina, cama, colchão. Minha geladeira ficou boiando no meu quintal, meu fogão debaixo da água, meu armário já está todo estufado, nem a porta quer fechar mais.” Situação semelhante ocorreu com Ana Paula de Souza, faxineira, que também teve danos devido ao alagamento do curso d’água, que teve início no último domingo (5), mas se agravou na segunda. “Dependendo da chuva que vem, coisa de segundo, o córrego transborda.”

A Rua Cleir Reis Duque é cortada pelo córrego que, de acordo com a comerciante Fátima Nascimento, chegou a transbordar pela via. “Domingo teve enchente, mas na segunda a água passou do meio da ponte, em cima do ferro. A água foi demais, invadiu as casas dos vizinhos e acabou com tudo que é deles.Todo ano é a mesma coisa.”

Para evitar que o transbordamento do córrego atingisse a residência, o carregador Davi Ferreira da Silva improvisou uma barreira, entretanto, o equipamento não resistiu às forças da água, que chegou a atingir a janela de sua casa. “Nessa água, perdi televisão, cama, estante, roupa do meu filho recém-nascido, minhas roupas, tênis, foi tudo embora. Meu sogro, que é cadeirante, também perdeu muita coisa, até mesmo remédio que ele toma foi embora nessa enchente”, diz. “Para voltar a comprar tudo, vai ser uma luta bem forte.”

Doações
No início da semana, a Defesa Civil contabilizou 14 famílias com prejuízos materiais provocados pelas chuvas. Entretanto, a associação de moradores local estima que o número é mais amplo. “Cerca de 40 famílias, segundo levantamento das agentes de saúde, perderam as coisas nas suas residências, como alimento, roupa, colchão etc.”, diz o presidente da organização, Luiz Carlos Nascimento, conhecido como Cachoeira.

Para auxiliar as famílias prejudicadas pela chuva, a Paróquia Nossa Senhora das Estradas está recolhendo doações, como alimentos, produtos de higiene e limpeza, roupas, calçados (adulto e infantil) e móveis. Os interessados devem levar as doações na secretaria paroquial da Igreja Nossa Senhora da Piedade, localizada na Rua Ana Inácia dos Reis 47, das 8h às 12h e das 13h30 às 16h30, ou agendar um horário por telefone. Além do ponto em Igrejinha, a Pastoral da Criança de São João Paulo II, em Nova Era, também está arrecadando doações.

Defesa Civil distribui cestas básicas

Nesta quarta-feira, equipes da Defesa Civil também estiveram no bairro para distribuir cestas básicas emergenciais e materiais de limpeza e de higiene pessoal, além de prestar apoio diversos para as famílias atingidas pela chuva. Conforme o coordenador da pasta, Jefferson Rodrigues, a equipe esteve no local para atender determinado número de ocorrências, mas encontrou uma demanda maior. “O alagamento traz muita preocupação com a perda material, mas graças a Deus não tivemos nenhum problema físico, nenhuma perda de vida”, diz.

Foto: Leticya Bernadete

 

18 ocorrências ao longo do dia

Nas outras regiões de Juiz de Fora, a Defesa Civil contabilizou, nesta quarta-feira (8), 18 ocorrências ao longo do dia, a maioria antes da chuva que atingiu a cidade na parte da tarde. Não houve registros graves. O órgão informou que a população está se precavendo, solicitando a presença da equipe da Defesa Civil antes de possíveis acontecimentos.

De acordo com a Secretaria de Obras da Prefeitura, a pasta continuou atuando nos locais atingidos pelas chuvas. Como informou, houve, nesta quarta, trabalho de manutenção de rede de drenagem, com troca de oito manilhas, na Rua José Alves, no Monte Castelo. Na Rua Rafael Zacarias, no Democrata, a secretaria informou que fez a manutenção de rede de drenagem. No Bairro São Benedito, servidores iniciaram a desobstrução de caixa de captação pluvial na Avenida Agilberto Costa. Em Santa Cecília, a previsão era de realização de aterro da rede de drenagem na Rua João Francisco Monteiro. O órgão também comunicou que foram concluídas a desobstrução de rede e limpeza de caixa na Rua Itajubá, no Bairro Dom Bosco.

Ainda segundo a pasta, outras equipes atuaram na construção de muro de contenção de dois metros de altura na Rua Margarida da Costa, no Bairro Santa Luzia; e outro de aproximadamente três metros na Rua Amambaí, no Monte Castelo. Na Rua Joaquim Vicente Guedes, no Graminha, servidores retiraram barreira visando à liberação da via para passagem de ônibus e veículos.

Volume de chuva
De acordo com dados do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), só em Igrejinha choveu 158 milímetros nos últimos quatro dias. O número é quase metade do previsto para janeiro em todo o município. Para o mês, o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) conjectura 322 milímetros de chuva.

Segundo dados do Inmet, até 19h desta quarta, foram registrados 14,8 milímetros de precipitações no Campus da UFJF, local onde estão instalados os pluviômetros do 5º Distrito de Meteorologia. O maior volume foi registrado por volta das 14h, quando choveu 8,4 milímetros.

O post Igrejinha contabiliza prejuízos após alagamentos apareceu primeiro em Tribuna de Minas.

Postado originalmente por: Tribuna de Minas – Juiz de Fora

Pesquisar