Gasolina pode passar dos R$ 6

Em meio à disparada do preço do dólar, da alta da cotação do petróleo no mercado internacional e da mudança de comando na Petrobras, os brasileiros terão de preparar o bolso com mais um aumento no preço dos combustíveis. Em mais um reajuste nas refinarias feito pela estatal, o sexto em 2021, a gasolina passará de R$ 6 nos postos de Belo Horizonte, com aumento de 8,8%. Já o diesel ficará com preço médio de R$ 4,65 na capital, com a nova subida, de 5,5%.
Os preços médios são baseados em levantamento feito pela Agência Nacional do Petróleo (ANP). A nova tabela entrará em vigor no país a partir de hoje. Nas refinarias, o preço da gasolina acumulou alta de 53% desde o ano passado, enquanto o diesel subiu 40%. Nesse contexto, um motorista que pagava R$ 228,50 para abastecer 50 litros de gasolina agora terá de desembolsar R$ 302. Por sua vez, um condutor que precisava anteriormente de R$ 184,50 para colocar os mesmos 50 litros de diesel vai gastar R$ 232,50.
Mesmo que não sofra interferência no reajuste, o etanol também pode ter aumento de preço, já que haverá alta procura dos motoristas que abrem mão de abastecer com gasolina. O preço médio do álcool, que encerrou 2020 abaixo dos R$ 3,70, iniciou a primeira semana de março custando R$ 4,11 nos postos da capital mineira.
“Cada aumento nos combustíveis é prejudicial para o consumidor, que já não consegue pagar esse preço tão alto, e também para os postos. A margem de lucro do proprietário do estabelecimento continua a mesma e até diminui, mas ele precisa de mais capital de giro para comprar o combustível. As taxas de cartões de crédito sobem e o consumidor acaba se afastando do posto”, afirma Carlos Guimarães, presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados do Petróleo do Estado de Minas Gerais (Minaspetro).
Ele lembra que, desde o início da quarentena provocada pelo coronavírus, os motoristas têm se afastado dos postos. “O que vemos nos postos é assustador. O volume já estava menor em virtude da pandemia, mas o consumidor sente esse impacto dos aumentos com um preço cada vez mais caro”.
O novo aumento da gasolina e do diesel segue os preços do petróleo e derivados no mercado internacional, impulsionados pela manutenção do corte de produção dos países exportadores de petróleo (Opep). Ontem, o petróleo tipo Brent para maio estava cotado a US$ 69,45 o barril, após ter chegado a cair a US$ 20 o barril no auge da pandemia, em abril e maio do ano passado.
Em nota, a Petrobras alega que o consumidor não perceberá a elevação dos preços nas bombas: “Os preços praticados pela Petrobras, e suas variações para mais ou para menos, associadas ao mercado internacional e à taxa de câmbio, têm influência limitada sobre os preços percebidos pelos consumidores finais”. Já o Sindicato dos Petroleiros de Minas Gerais (Sindipetro/MG) afirmou, em comunicado, que há necessidade de o governo federal mudar urgentemente a política de preços: “O novo reajuste só confirma o desastre que é alinhar a produção interna com o mercado externo. Atualmente, os petroleiros lutam para conscientizar a população de que depende do governo federal mudar essa política, uma vez que o Brasil é autossuficiente em petróleo e possui refinarias capazes de produzir gasolina, diesel e gás de cozinha para toda população brasileira”.

Troca de comando

O sexto aumento ocorre semanas antes da troca no comando da Petrobras feita pelo presidente Jair Bolsonaro. Atual presidente da estatal, Roberto Castello Branco, cujo mandato vai até o dia 20, dará lugar ao general Joaquim Luna e Silva. A nomeação de Luna e Silva em fevereiro causou reação negativa no mercado financeiro, com alta do dólar e queda da Bolsa de Valores de São Paulo. Bolsonaro optou pela troca de comando justamente pelos preços, que o próprio presidente considerava como “abusivos”
Antes dos reajustes, a Petrobrás havia anunciado que fechou 2021 com lucro líquido de R$ 7,1 bilhões. O desempenho financeiro da empresa teve destaque no último trimestre,com lucro líquido de R$ 59,9 bilhões.

Peso na inflação

O Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) da primeira quadrissemana de março apresentou alta de 0,67% ante taxa de 0,54% no fechamento de fevereiro, informou ontem a Fundação Getulio Vargas (FGV). Considerando a nova divulgação, o IPC-S acumulou alta de 5,76% nos últimos 12 meses. Quatro das oito categorias que compõem o indicador apresentaram aceleração nas suas taxas de variação. A mais relevante delas veio de Transportes (2,29% para 2,69%), com destaque para o comportamento do item gasolina, cuja taxa acelerou de 6,90% para 7,68%. Os itens que mais puxaram para cima o IPC-S da primeira quadrissemana de março foram gasolina, etanol (5,01% para 6,78%), plano e seguro de saúde (0,82% para 0,83%), gás de bujão (2,58% para 2,74%) e automóvel novo (0,74% para 0,87%).
Fonte: Estado de Minas

Postado originalmente por: Portal Onda Sul – Carmo do Rio Claro

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