A demanda pelo retorno do atendimento de Urgência e Emergência no Hospital João Penido segue sem resposta, mesmo após as negociações entre a direção do hospital e a Secretaria de Saúde (PJF), ocorridas no último ano. O fechamento da porta de urgência do hospital, localizado no Bairro Grama, afetou a população da região Nordeste, estimada em pelo menos 70 mil pessoas. Desde então, os moradores desta área são obrigados a percorrer, no mínimo, 20 quilômetros para ter acesso ao atendimento de urgência em outros pontos da cidade. A situação foi tema de audiência pública em 2018 e uma comissão foi montada à época para acompanhar as negociações, mas não houve avanço. Nessa quarta-feira (10), a interrupção desse atendimento completa cinco anos.
Para retomar o assunto, o Conselho Tutelar Leste encaminhou ofício para a Secretaria de Saúde e para a direção do João Penido, mas ainda não obteve resposta. “A negociação foi inviabilizada pela direção do hospital, que queria R$ 1 milhão mensal de contrapartida para prestar o atendimento, o que é impossível. Depois disso, a direção continua insistindo que cumpre o que é contratualizado com a Prefeitura, mas nós queremos mesmo é saber quando vamos voltar a ter atendimento de urgência lá”, afirma o conselheiro tutelar da região, Laurindo Alves Rodrigues.
Ele afirma que a população só teve entendimento da importância de ter a porta de urgência no hospital quando perdeu o recurso. “Se acontecer de alguém passar mal, ter um problema grave, terá que esperar muito tempo até chegar nas Unidades de Pronto Atendimento (Upas) Sul, Cidade Alta, ou Norte, ou ao Hospital de Pronto Socorro (HPS), ou ainda na Regional Leste. O risco de morte aumenta muito. Temos muitos relatos de pessoas que precisaram de atendimento e passaram por muitas dificuldades. O João Penido tem uma estrutura ótima, que tem todas as condições para prestar esse atendimento.”
Sobre a possibilidade de retomada, a Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), responsável pela gestão do hospital, reiterou que a unidade está em pleno funcionamento, dentro dos serviços que são contratualizados com o Município. No tocante à abertura de serviço de porta generalista, para o atendimento de urgência, a Fhemig disse, por meio de nota, que seria necessária uma estrutura de equipamentos, materiais e recursos humanos indisponíveis no momento.
“Existem limitações impostas pela Lei de Responsabilidade Fiscal que impedem novas contratações. Além disso, a proposta de repasse de recursos feita pela Prefeitura de Juiz de Fora foi considerada inviável pelo corpo técnico do hospital, diante dos serviços que serão demandados”. A nota reforça ainda que foi oferecido o espaço físico do hospital para que a gestão municipal implantasse o atendimento, desde que o serviço seja gerido pela Prefeitura, com estrutura e recursos próprios. Também por meio de nota, a PJF disse que está acompanhando o caso, mas afirmou que não há nenhuma novidade sobre o assunto.
‘Desassistência’
O vereador Marlon Siqueira (MDB), que faz parte da comissão de acompanhamento da situação, afirma que a suspensão do atendimento de urgência causou uma sensação de desassistência na saúde que ainda não foi superada na região Nordeste. “Em agosto de 2018 conseguimos algumas vitórias, como a instalação de um posto avançado do Samu no Hospital Ana Nery, que tornou mais ágil o atendimento a emergências pelo serviço 192. Porém, só com a reabertura das ‘portas’ do hospital vamos conseguir dar a resposta que a sociedade merece e precisa”. Marlon pontua que o próximo passo é reunir a comissão de moradores com a da Câmara, que ainda conta com os vereadores Sargento Mello Casal (PTB) e Júlio Obama Jr. (PHS), para que se pense em uma ação mais direta e estratégica para retomar o diálogo com o novo governo estadual sobre a reabertura do espaço.
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