A partir desta terça-feira (5), os resultados de exames de coronavírus (Covid-19) realizados pelo Laboratório da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) poderão ser utilizados para efetuar o fechamento da investigação epidemiológica da doença, sem a realização de análises
adicionais ou confirmação pela Laboratório Central de Saúde Pública de Minas Gerais – Fundação Ezequiel Dias (Lacen/Funed). A informação foi confirmada à Tribuna pela assessoria de comunicação da universidade. A instituição segue, portanto, nota técnica divulgada pelo Governo do Estado, que orienta a descentralização da realização do diagnóstico laboratorial da doença. Além disso, a nota técnica número 29, emitida pelo Centro de Operações de Emergência em saúde sinaliza que todos os laboratórios privados poderão ser utilizados para efetuar o fechamento da
investigação epidemiológica de Covid-19, sem a realização de análises adicionais pela Funed.
A Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) já contabilizava no boletim epidemiológico os casos analisados pela universidade. Com a determinação estadual, portanto, as análises diagnósticas realizadas pelo Laboratório da UFJF entrarão da estatística do Estado.
Em entrevista à Rádio CBN/Juiz de Fora, na manhã desta terça, o secretário de Saúde, Rodrigo Almeida, aprovou a medida. “A gente sabe que é um laboratório público, de qualidade, a Vigilância Sanitária do Município já certificou isso dentro das suas inspeções. Estão trabalhando em um nível alto de qualidade e de confiabilidade”, avaliou.
Apurações do município
Na ocasião, o secretário municipal explicou que os dados sobre a Covid-19 em Juiz de Fora também são apurados pelo Município, que possui uma Vigilância em Saúde estruturada, capaz de realizar esse monitoramento. “Como temos essa estrutura, Juiz de Fora essa divulgação antecipada dos dados”, afirmou. Como o acompanhamento é feito de forma constante, os números contrastam com aqueles divulgados pelo Estado. Isso, acontece, conforme o titular da pasta municipal, porque, somente após a investigação da notificação, feita pela Secretaria de Saúde, os dados são repassados à Secretaria de Estado de Saúde (SES).
A respeito de uma possível subnotificação sobre casos da doença no município, Rodrigo Almeida informou que a Vigilância em Saúde trabalha com notificação compulsória, ou seja, as unidades de saúde e hospitalares, assim como os profissionais de saúde, devem repassar à Secretaria de Saúde todos os casos de síndrome gripal – que poderão ser confirmados para a Covid-19. Apesar disso, o titular da Saúde informou que pode haver subnotificação de casos. “A OMS (Organização Mundial de Saúde) estabelece que a subnotificação para a Covid-19 está entre dez e 15 casos. Ou seja, para cada caso notificado para a Covid, de dez a quinze (casos) podem não chegar para à Vigilância. E por diversos fatores: nós temos os casos assintomáticos, em que a pessoa não sabe que está infectada e não procura uma unidade de saúde. Temos infelizmente alguns profissionais que atendem, mas infelizmente, não geram a notificação”, justifica.
Taxa de isolamento social está em 51%
Secretário Adjunto de Saúde, Clorivaldo Rocha, também participou da entrevista. Na ocasião, ele informou que, nesta terça, a taxa de isolamento social no município era de 51%. “O ideal seria que a gente chegasse a 70%”, afirmou. Segundo Clorivaldo, a curva de casos em Juiz de Fora está refletindo o cenário observado no país. “Quando começa a ter uma diminuição do isolamento social, a curva de casos toma uma direção ruim, que é uma curva ascendente. Estamos caminhando para um número de casos cada vez maior (…) nossa curva está em fase de ascensão”, avaliou. Um cenário adequado, conforme o secretário Adjunto, seria manter isolamento ideal por, no mínimo, mais 14 dias. “Esse seria o prazo para a gente avaliar o cenário. Apesar das previsões matemáticas, é um processo muito dinâmico, que depende muito do que vem sendo adotado. É preciso acompanhar diuturnamente”.
Leitos
Atualmente, Juiz de Fora reúne 137 leitos destinados a pacientes com suspeita ou confirmação de Covid-19, segundo Rodrigo Almeida. A taxa de ocupação destes leitos, até a noite de segunda, estava em 66%, conforme os dados da pasta municipal.
Proporcionalmente, houve redução da taxa de ocupação, em relação a semanas anteriores, devido à incorporação de mais dez leitos UTI no Hospital Regional Doutor João Penido, destinados a pacientes com coronavírus. Os leitos já foram incorporados ao hospital na segunda. “Por isso estamos reafirmando a necessidade do isolamento social. Enquanto nós tivermos tempo para gerar ampliações de leitos dentro da nossa rede hospitalar, isso vai favorecer o processo e diminuir o número de pessoas internadas. O isolamento e, por consequência o adiamento do pico, é que possibilitará o tempo necessário para que a gente possa ter organização para contratação de pessoas e aquisição de equipamentos”, explicou o secretário de Saúde.
A previsão da Secretaria de Saúde é de que, no pico da curva de casos da Covid-19, Juiz de Fora terá de ter disponível 200 leitos destinados exclusivamente para a doença. Atualmente, o Município consta com 137.
Postado originalmente por: Tribuna de Minas – Juiz de Fora