Escola fecha as portas por falta de estudantes, população reclama e vaca aproveita a sombra

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Vaca em porta de escola fechada pelo estado gerou polêmica em Conceição de Minas

Sob um calor de 38 graus esta semana, uma cena chamava a atenção dos moradores do pacato distrito de Conceição de Minas, em Dionísio. Uma vaca ficou, por horas, parada à sombra da entrada da única escola do distrito. Sobre a entrada uma placa indica que ali funciona a escola estadual Paulo de Assis Castro. Ou funcionava. O educandário foi fechado no fim de 2017.

O fato insólito foi registrado no momento em que a população local manifesta sua indignação com o encerramento das atividades escolares no estabelecimento. A alegação da Secretaria de Estado de Educação é que faltam estudantes para o preenchimento mínimo das vagas. Nessa situação, os alunos que restaram já tiveram suas matrículas removidas para uma escola em outra localidade. Pais, estudantes e professores não gostaram dessa decisão, que é tida como irreversível.

O estabelecimento de ensino funcionava há mais de 50 anos, e foi fechado por decisão da Superintendência Regional de Ensino de Nova Era. Com isso, os alunos de Conceição de Minas foram removidos para a escola do distrito de Baixa Verde, distante 12 quilômetros por estrada de terra, uma via que apresenta dificuldades de tráfego no período chuvoso.

Um morador de Conceição de Minas, que pediu para não ser identificado, explicou que a escola leva o nome do pioneiro Paulo de Assis Castro, um produtor rural que tem uma história de dedicação ao ensino. Nos anos 1920, ele procurava alfabetizar os seus empregados, na propriedade rural que mantinha. Paulo sempre lutou para que existisse uma escola no povoado, pois entendia que a educação era indispensável. “O nome dessa escola guarda um simbolismo importante para Conceição de Minas. Meio século de história. Mas é preciso levar em conta, também, o transtorno para os estudantes que agora vão precisar se deslocar para outra localidade estudar. Sem contar os custos que o transporte escolar passa a representar”, observa.

Baixa demanda
Procurada pelo Diário do Aço, a Secretaria de Estado de Educação (SEE), esclareceu que a Escola Estadual Paulo de Assis Castro, em Conceição de Minas, “apresentou um número muito baixo de matrículas no Plano de Atendimento de 2018, conforme relatório da Superintendência Regional de Ensino de Nova Era, responsável pela coordenação da unidade. Por esse motivo, será inviável continuar com as atividades pedagógicas na unidade”.

Questionada sobre os números, a SEE informou que, em 2017, a unidade estava com apenas 49 alunos matriculados. A escola tem capacidade para receber até 360 alunos, nos turnos diurnos. A SEE acrescentou que nenhum aluno será prejudicado, e que todos foram absorvidos pela unidade mais próxima, a Escola Estadual Dona Jacy Francisca Garcia, em Baixa Verde. “A SRE já garantiu, por meio da Prefeitura de Dionísio, o transporte dos alunos”, informa a Secretaria.

O prédio desocupado já tem destinação. A administração municipal de Dionísio enviou um oficio à SER, solicitando a municipalização do prédio, para que o espaço possa ser usado por alunos dos anos iniciais do ensino fundamental da rede municipal. “O ofício está sendo analisado pela SRE e será encaminhado para o Órgão Central do Governo de Minas, para que a solicitação seja verificada”, conclui a nota.


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