Uma das maiores escritoras do século XX, Clarice Lispector deixou questionamentos profundos expressos em poesias, contos, crônicas, romances, histórias infantis e, também, em desenhos. Nascida em 10 de dezembro de 1920, na Ucrânia, ganhou o nome de Haia, que significa vida. Tema que esteve presente em suas linhas com a busca do autoconhecimento, as desventuras e a morte.
Em 1922, a família deixou o leste europeu e veio viver no Brasil, em Maceió, capital de Alagoas, e três anos depois, mudou-se para Recife, em Pernambuco. Aqui, a pequena Haia virou Clarice, aquela que é ilustre e brilhante. Adjetivos que seriam atribuídos a ela por suas obras.
Antes mesmo de aprender a ler e escrever, as histórias já povoavam a imaginação de Clarice. A primeira peça, Pobre Menina Rica, foi escrita aos 9 anos, em 1930 – mesmo ano em que ela perdeu a mãe.
A partir de 1935, o Rio de Janeiro tornou-se sua nova casa. Ali, foi professora particular, estudou Direito, trabalhou como jornalista, foi naturalizada brasileira e se casou com um diplomata. Morou na Itália, na Suíça e nos Estados Unidos.
Vivendo fora do país ou de passagem pelo Rio de Janeiro, a autora lançou livros e escreveu para mulheres em um jornal. De volta ao Brasil com os dois filhos, em 1959, após a separação, continuou escrevendo, conquistou prêmios e reconhecimento nacional e internacional.
A troca de nomes alcançou seus textos. Em algumas ocasiões, adotou pseudônimos e assinou como Tereza Quadros e Helen Palmer. A ideia de escrever pra ela estava em “desabrochar de um modo ou de outro” em cada trecho “forjado no silêncio e na penumbra” mesmo que a vida fosse “como um soco no estômago”.
A escritora morreu em decorrência de um câncer de ovário em 1977, um dia antes de completar 57 anos. Naquele ano, em entrevista à TV Cultura para o jornalista Júlio Lerner, Clarice Lispector expressou como era avessa ao rótulo de escritora.
“Eu não sou uma profissional. Eu só escrevo quando eu quero. Eu sou uma amadora e faço questão de continuar sendo uma amadora. Profissional é aquele que tem uma obrigação consigo mesmo de escrever, ou então com outro, em relação ao outro. Agora eu, eu faço questão de não ser uma profissional para manter minha liberdade”.
As informações são da Radioagência Nacional.
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