É normal esse tempo extremamente seco em Uberaba? Engenheira ambiental explica

 

O tempo seco pode ser extremamente prejudicial a saúde. É aconselhavel o uso de toalhas molhadas, baldas com água e umidificadores, segundo a engenheira ambiental Patrícia Diniz (Foto/Arquivo)

Uberaba tem apresentando um tempo mais seco do que o normal, com poucas chuvas e a umidade chegando na casa de 20%. Apesar de ter como característica um inverno chuvoso e não tão frio, as temperaturas têm estado bem amenas, com mínimas de 17°C e máximas de 27°C. Parece que as condições climáticas trocaram, passando a ser muito frio e seco. E, de fato, realmente mudaram.

Quem explica é a engenheira ambiental Patrícia Diniz, que também é responsável pela estação meteorológica da UFTM. Segundo ela, a troca de condições climáticas se dá por um fenômeno chamado La Niña, que está ligado ao resfriamento das temperaturas médias das águas do Oceano Pacífico. Quando uma La Niña acontece em uma região, a tendência é que o as temperaturas caiam e a umidade diminua. Isso acontece porque este fenômeno afasta a massa de ar que vem da Amazônia e traz umidade para a região.

“A La Niña é um fenômeno climático normal, porém, as atividades humanas interferem muito. Quando acontece o fenômeno La Niña, acontece um bloqueio dessa massa de ar, pra ela descer, portanto, essa massa de ar não chega até nós. E como nossas cidades estão muito urbanizadas, não há muita vegetação, e a vegetação é um regulador térmico e ajuda na umidade. Então, por isso, nós ficamos mais suscetíveis a essas variações climáticas normais. Elas existem, mas como há pouca vegetação, nós ficamos ainda mais suscetíveis a essas interferências”, conta Patrícia.

Entre outros culpados estão a poluição e as queimadas, principalmente as de cana de açúcar. Mas não só as queimadas da região interferem no clima. Queimadas em grande escala, como a que aconteceu no Pantanal no ano de 2020, podem sim interferir nas frentes que chegam. “Tudo que reduz a vegetação vai impactar diretamente na nossa susceptibilidade a variação climática. Existe sim, por exemplo, o El Niño e a La Niña que vai diminuir o porte de umidade para uma região, só que como essa região vai responder, depende das condições, principalmente, de vegetação. Então, se foi queimado ano passado, ela não se recuperou totalmente. Ainda mais que foram dois anos consecutivos”, explica a engenheira.

Como melhorar?

Portanto, a interferência humana é um grande causador da falta de umidade. E agora, como consertar? A palavra-chave é arborização. Estudos comprovam que as áreas próximas a parques ou com bastante vegetação sofrem menos interferência no clima com relação a esses fenômenos, tanto em temperatura, quanto em umidade.

Em Uberaba, o índice de arborização urbana é de 7%, muito inferior ao aconselhável pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que é de uma árvore por habitante. “Nós teríamos que aumentar essa quantidade até um valor, e eu vou falar um valor alto, mas que garante eficácia, de 20% de arborização urbana. Além, do problema de seca, resolver a infiltração de água no solo nas cheias”, afirma Patrícia.

Além disso, a professora conta que as previsões do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) em junho e julho essa variação do fenômeno La Niña irá diminuir em 78%, tendendo a ficar mais neutra. Isso significa que o inverno vai voltar ao normal, não ser tão frio ou tão seco.
 

Postado originalmente por: JM Online – Uberaba

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