Longa traz reflexão sobre a paixão do mineiro sobre o trem-de-ferro e ainda aborda sobre a erradicação das linhas
Um dos meios mais importantes para os brasileiros, o trem-de-ferro trazia e levava passageiros a diversos destinos durante o século XIX e até o final do século XX. Em Minas Gerais, o trem é a alma e identidade do Estado, ou pelo menos já foi. Com o passar dos anos e com as inúmeras evoluções, as linhas férreas deixaram de ser o principal meio de transporte para os mineiros.
Antigamente, a oportunidade de muitos moradores de diversas cidades do Estado tinham de conhecer o mar era através das viagens de trem, como é o caso da linha férrea Bahia-Minas. Com obras iniciadas em 1881, o objetivo da estrada era levar o milagre econômico a Araçuaí, no Vale do Jequitinhonha, e a um pedaço do Sul da Bahia. Utilizado como trem de carga, por lá eram transportadas madeira para serem exportadas para outros países.
Foto: Reprodução/Internet
Em mais de 578 km de extensão, a estrada de ferro passava pela maior parte das terras mineiras, chegando a seis cidades, com um percurso cheio de paisagens naturais, mar de montanhas e cachoeiras exuberantes. Mas foi em 1966 que o sonho daqueles mineiros de ver o mar com mais facilidade foi erradicado, devido às transformações sociais que já se anunciavam. O documentário “Estrada Natural”, dirigido pelo jornalista Emerson Penha, conta a história de ferrovias no Brasil e sobre o transporte de passageiros pelas ferrovias, além de abordar a paixão dos mineiros pelo trem-de-ferro.
“Nós, em Minas Gerais, somos muito ligados ao trem, isso é muito forte, se levar em conta o país inteiro. nós temos menos ferrovias hoje em dia do que tinham há 70 anos”, aponta o diretor.
Foto: Reprodução/Internet
No documentário, pessoas que viveram e sentem saudades do tempo em que se viajava de trem, falaram sobre a linha. Mineiros notáveis como Adélia Prado, Milton Nascimento e Fernando Brant também deram suas opiniões sobre o assunto. Milton e Brant que são os autores da canção “Ponta de Areia”, conhecida internacionalmente, que conta essa história deste 1970, das ferrovias que existiam e foram arrancadas.
“Essa é uma provocação que eu já tinha desde muito jovem, ver as pessoas da minha casa [falando sobre o trem-de-ferro], meu avô era ferroviário e fez com que a família toda prestasse sempre muita atenção aos trens, estivesse sempre muito ligada às questões da ferrovia. Então eu ouvi desde cedo, todo mundo dizer: ‘que absurdo, não se pega mais um trem para Belo Horizonte. Não se pega trem para lugar algum, como pode ser isso num país deste tamanho!’ e eu conheci depois essa história do trem-de-ferro, aqui em Minas”, relata Emerson.
E foi após uma viagem de trabalho a África que Emerson decidiu fazer o documentário.
“Eu comecei em 2013 e terminamos em 2022, foram nove anos produzindo esse documentário. É muito difícil fazer cinema no Brasil, ainda mais cinema documental, mas o filme está aí para que as pessoas possam ver e refletir sobre o assunto”, aponta.
Para aqueles que queiram assistir o longa, no dia 16 de março, próxima quinta-feira, o documentário será transmitido na TV Candidés, de Divinópolis, associada à AMIRT. Na sexta-feira (17), a Rede Minas transmite o longa no programa “Faixa de Cinema”. No segundo semestre deste ano, a história também estará disponível em plataformas de streamings.
*O documentário “Estrada Natural” também está disponível para transmissão gratuita nas emissoras de TVs associadas AMIRT, basta encaminhar um e-mail para: [email protected], solicitando a reprodução.
Assista o trailer:
Foto: Divulgação/Emerson Penha