Distribuição de carta política após missa gera confusão, em Fabriciano

Reprodução de vídeo

O caso ocorreu em frente à Catedral de São Sebastião, no Centro, em Coronel Fabriciano

Discussão e agressões verbais foram registrados em frente à Catedral de São Sebastião, no Centro, em Coronel Fabriciano, pela manhã e à noite, no domingo (21), após a missa. Policias militares foram acionados para controlar os ânimos entre os fiéis revoltados com a distribuição de uma carta, na porta da igreja, em que é pedido voto para o candidato à Presidência, Fernando Haddad (PT).

Vídeos divulgados nas mídias sociais mostram fiéis reclamando da atitude dos responsáveis pela carta, que com conteúdo político e é assinada por 25 pessoas, dentre elas, 10 padres. Algumas pessoas rasgaram a carta, assim que a receberam, em sinal de protesto.

“No dia 28 de outubro vamos escolher democraticamente o Presidente da República. Então vamos assumir e fazer nossa escolha. Não vamos lavar as mãos como Pilatos. Sabemos que um dos candidatos instiga, com suas declarações e gestos, a violência, o ódio e defende o uso de armas como solução mágica de combate à violência”, cita o documento que foi distribuído em frente à igreja.

Ainda dentro desse contexto, a carta afirma que muitas vezes a violência teve o apoio daqueles que representavam o poder e o governo. “Irmãos escravizados e mortos por sua cor, mulheres vítimas de toda a violência possível. E nem sempre as leis protegem os negros, mulheres, crianças e idosos. Portanto, não podemos votar no candidato que quer trazer tanta maldade de volta. Cabe a nós, cristãos e cristãs, sermos vigilantes e guardiões da vida humana e sua dignidade”, orienta.

Pedido de voto

Após essas declarações, a carta faz o pedido de voto para o candidato petista que disputa o segundo turno da eleição para presidente da República. “Por tudo isso, deixamos claro que nosso voto nesta eleição deve estar acima de preferências partidárias. Busquemos a candidatura que mais se aproxima dos valores cristãos, dos princípios do Evangelho. Manifestamos nosso apoio e pedimos seu voto para Fernando Haddad, nesta eleição presidencial”, destaca.

Os fieis não concordaram. “Estão nos fazendo pecar depois da missa, é um absurdo”, repete uma mulher que gravou um dos vídeos.

Paróquia

A polêmica gerada na porta da catedral levou a Paróquia São Sebastião de Coronel Fabriciano a publicar, na tarde dessa segunda-feira (22), uma nota de esclarecimento nas mídias sociais. “No domingo (21), um fato desagradável ocorreu nas missas da parte da manhã e também à noite, em nossa Co-Catedral de São Sebastião, em Coronel Fabriciano, e também nas igrejas do Vale do Aço. Foi preciso chamar a polícia para conter os tumultos. Pessoas não autorizadas estavam panfletando na rua, em frente à igreja, e não dentro, como está sendo divulgado erroneamente. Essa atitude não partiu dos padres de Coronel Fabriciano”, salientou.

Conforme a nota, a carta cita o nome de alguns padres, mas isso não representa o posicionamento oficial da Diocese, nem da Paróquia São Sebastião. “Nós esclarecemos essa questão durante as missas, e pedimos aos leitores que também esclareçam divulgando a verdade. É preciso que nessa semana decisiva sejamos conscientes, e promotores da paz. Peço a todos que não percam de vista, neste momento, a caridade cristã, tão difícil de ser vivida, mas essencial nestes tempos difíceis”, pontuou.

Cuidado

A diocese de Itabira/Coronel Fabriciano também publicou uma nota de esclarecimento acerca do posicionamento partidário de alguns padres. “No próximo domingo (28) iremos novamente às urnas para o pleito eleitoral onde escolheremos, pela nossa participação democrática, nossos novos representantes, presidente e governador. “Redobremos nossas orações pelo nosso país, mas também tenhamos o cuidado com a utilização da nossa identidade de cristãos e membros da Igreja Católica”, citou.

A nota ressalta que a democracia prevê que a livre manifestação, e o debate de ideias faz parte dessa dimensão, por isso é preciso respeito, cautela e cuidado com o uso da identidade católica em benefício de políticos e seus respectivos partidos. “Venho reafirmar que nossa Igreja Católica não é partidária, ou seja, não apoia nenhum partido político ou candidato específico, por conseguinte, este é o posicionamento oficial da Diocese de Itabira – Cel. Fabriciano e do seu Bispo Diocesano Dom Marco Aurélio Gubiotti”, acrescentou anota.

Em relação à carta entregue, a Diocese enfatiza que não reconhece quaisquer materiais divulgados, “seja por sites, mídias sociais ou impressos, mesmo que entregues nos fins das missas, que não correspondam a premissa já explicitada”.


Distribuição de carta política após missa gera confusão, em Fabriciano


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